O uso de videotelemetria está se consolidando como uma das principais tendências no transporte rodoviário de cargas no Brasil e no mundo. Mais do que uma promessa, a tecnologia já é uma realidade no mercado nacional, impulsionada pela busca das transportadoras por mais segurança, eficiência operacional e controle de custos.
“O crescimento da videotelemetria no Brasil é muito forte. Hoje, empresas que buscam excelência operacional e zero acidentes já não deixam um caminhão sair para operação sem esse tipo de tecnologia”, afirma Eduardo Canicoba, vice-presidente da Geotab no Brasil, durante o evento Frotas Conectadas 2025, que acontece até hoje (18), no São Paulo Expo.
Segurança como motor da adoção
Segundo Canicoba, a principal demanda que acelera a adoção da videotelemetria vem da necessidade de aumentar a segurança nas operações. As câmeras embarcadas, combinadas com sistemas de inteligência artificial, permitem monitorar, em tempo real, o comportamento dos motoristas, as condições da via e até o estado da carga.
“Hoje, é possível gerar alertas e registrar situações como distração, uso de celular, sinais de fadiga, excesso de velocidade, frenagens bruscas ou desvios de rota. A imagem não deixa margem para interpretação”, afirma. “O gestor de frota consegue acessar um vídeo que mostra exatamente o que aconteceu: se o motorista estava usando o celular, se cochilou ao volante ou se dirigiu de forma imprudente.”
Eficiência operacional e redução de custos
O impacto da videotelemetria vai além da segurança. A partir da combinação de dados visuais com informações dos sensores do veículo, as empresas conseguem melhorar o desempenho operacional e reduzir custos.
“O gestor pode saber qual é o caminhão mais eficiente, qual motorista tem melhor condução e onde estão os gargalos que geram aumento de consumo de combustível, desgaste de pneus, emissão de poluentes ou manutenção não planejada”, explica Canicoba. “Se você evita um acidente, economiza combustível, ou prolonga a vida útil dos pneus, o retorno sobre o investimento na tecnologia é imediato”, diz o executivo.
Essa abordagem permite uma visão holística da operação, cruzando dados de consumo, manutenção, comportamento do motorista e segurança, tudo em um único ambiente digital.
Inteligência artificial acelera os ganhos
Segundo Canicoba, a evolução da inteligência artificial se tornou um divisor de águas para a telemetria e, especialmente, para a videotelemetria. Além de identificar comportamentos de risco nas imagens — como fadiga, distração ou uso de celular —, a IA agora atua como uma interface inteligente para os gestores.
“A Geotab está desenvolvendo soluções em que o gestor não precisa mais navegar por relatórios complexos. Ele pode simplesmente perguntar ao sistema: ‘Quem é meu motorista mais eficiente?’ ou ‘Qual veículo tem maior consumo de combustível?’, e a inteligência artificial entrega a resposta imediatamente”, destaca Canicoba.
Essa automação da análise de dados permite acelerar a tomada de decisão e democratiza o acesso às informações, inclusive para empresas de médio porte. Hoje, os sistemas da Geotab processam mais de 75 bilhões de pontos de dados diariamente, provenientes de uma base global de aproximadamente 5 milhões de veículos conectados.
“A IA transforma essa quantidade massiva de dados em informações úteis, que ajudam a aumentar a segurança, melhorar o desempenho da frota e reduzir custos operacionais”, afirma. “Ela também permite que o gestor tenha uma visão holística da operação, considerando desde consumo de combustível e emissões até manutenção e comportamento dos motoristas.”
Resistência e desafios culturais
Apesar dos avanços, a adoção da videotelemetria ainda enfrenta barreiras culturais, especialmente na percepção dos motoristas. “Existe um paradigma. Muitos ainda acham que estão sendo espionados. Mas, na verdade, a videotelemetria protege o bom motorista”, diz Canicoba. “O profissional que dirige bem, que não comete infrações e cuida do veículo, quer que isso fique registrado.”
A preocupação com privacidade também está no centro dos debates, especialmente com as exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que impõe regras rigorosas para coleta e uso de dados sensíveis, como imagens e informações comportamentais.
Realidade no Brasil e tendência global
O executivo observa que a adoção de câmeras embarcadas no Brasil cresceu de forma acelerada nos últimos anos, embora não existam dados consolidados do mercado. “Se olharmos para o volume de câmeras operando em frotas no Brasil, podemos falar algo entre 100 mil a 300 mil unidades, dependendo do grau de sofisticação, se são câmeras para monitoramento de fadiga, câmeras internas, externas ou de carga”, estima.
A tendência, segundo Canicoba, é de crescimento contínuo, com especial interesse de frotas médias — aquelas com 100 a 200 veículos —, que estão se tornando protagonistas na digitalização do transporte rodoviário.
“A tecnologia, hoje, já não é mais um diferencial. É uma necessidade operacional para quem quer sobreviver no mercado, reduzir custos, proteger vidas e garantir a sustentabilidade do negócio”, conclui.
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