Novo presidente da Anfavea defende investimento na cadeia de fornecedores

Segundo Márcio de Lima Leite, sem uma base industrial forte é impossível para a indústria automobilística pensar em competitividade

Sonia Moraes

Márcio de Lima Leite, vice-presidente de assuntos jurídicos, tributários e de relações institucionais da Stellantis na América do Sul, falou em seu discurso de posse como novo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sobre a importância da industrialização e do investimento na cadeia de fornecedores. “Se não tivermos uma base industrial forte, é impossível pensarmos em competitividade. Isso requer um senso de urgência. Precisamos colocar a nossa indústria para funcionar, e os nossos fornecedores para investir e acreditar naquilo que vamos fazer para o Brasil.”

O presidente da Anfavea destacou que a indústria automobilística evoluiu muito nos últimos anos e transformou o país. Hoje, o setor emprega 1,2 milhão de pessoas, tem capacidade para produzir 4,5 milhões de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) por ano, responde por 20% do PIB industrial brasileiro e representa 36% do que é destinado para pesquisa e desenvolvimento no Brasil. “O setor movimenta 98 mil empresas. Somente no segmento de peças, são mais de 500 fornecedores no Brasil, e de máquinas são mais de seis mil empresas”, disse Leite.

O presidente da Anfavea atribuiu os quase 350 mil veículos que deixaram de ser produzidos no último ano e os mais de 100 mil neste ano por falta de componentes, inclusive borracha, ao problema da desindustrialização. “Estamos atentos a esta desorganização da cadeia produtiva no mundo por causa de questões geopolíticas e outros fatores, e estamos discutindo com os governos federal e estaduais”, disse Leite.

Eletrificação

Sobre o futuro da eletrificação, o presidente da Anfavea afirmou que toda montadora irá investir no veículo elétrico, pois isso será um processo inevitável. “O que não podemos perder de vista é o objetivo principal da eletrificação que é a descarbonização do país. E hoje temos uma alternativa melhor do que qualquer país do mundo, que é o etanol”, destacou Leite.

Segundo o presidente da Anfavea, o Brasil terá um movimento diferente de avanço da eletrificação em relação aos outros países. “Precisamos olhar para a indústria e a longa cadeia de fornecedores, e não buscar apenas a solução da eletrificação e criar desemprego e desindustrialização do país”, alertou.

Leite afirmou que é preciso dar maior atenção para o etanol, solução brasileira que não pode ser vista como um atraso em relação à eletrificação. “Precisamos criar um ecossistema com um mix de soluções para o futuro, que inclui veículos elétricos, híbridos, veículos híbridos plug-in e movidos a etanol.”

Leite afirmou que a Anfavea tem mantido diálogo frequente com o governo federal e com os governos estaduais. “Este momento não é somente um pensamento das montadoras e da indústria, mas de todo o ecossistema. Temos conversado muito com o governo, apresentamos os nossos investimentos e o que está por vir e como esses investimentos serão o indutor da economia.”

Além da renovação da frota que já foi aprovada, Leite defende a inspeção veicular para ajudar na recuperação dos volumes da indústria automobilística. “Temos no país o envelhecimento da frota que traz oportunidade de renovação dos veículos. Há também uma demanda reprimida e parte se deve à falta de insumos. Muitas vezes, o consumidor tem que aguardar um ano para ter uma máquina e isso também acontece com caminhões e ônibus.”

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