Luigi Ferrini, vice-presidente sênior da Hapag-Lloyd: “A companhia está concentrando todos os seus esforços em cumprir nossos acordos comerciais”

“Referente à escassez de contêineres, o problema ainda persiste e vai demorar um pouco para ser regularizado pela alta demanda a nível mundial de cargas e temas operacionais”, pontua o executivo

Transporte Moderno – A pandemia ainda afeta o fluxo de cargas marítimas ou a situação se normalizou? A escassez de contêineres persiste?

Luigi Ferrini – Efetivamente ainda está afetando. Mas, os temas sequenciais que a pandemia gerou, como por exemplo, mudança de hábitos de consumo, falta de estoques e outros, têm gerado um aumento da demanda, em que infelizmente a oferta não acompanha na mesma velocidade no curto e médio prazo. Isso em função da atual escassez dos navios no mundo e o tempo de construção para os novos. Esta situação ficou ainda pior devido às operações e escalas de navios que tem sido afetadas por fatores distintos a nível mundial, como o congestionamento e produtividade nos portos, o aumento das omissões, a escassez de contêineres, a situação que ocorreu no Canal de Suez e os navios em quarentena por contágio do Covid-19.

Referente à escassez de contêineres, o problema ainda persiste e vai demorar um pouco para ser regularizado pela alta demanda a nível mundial de cargas e temas operacionais. Ainda que tenha incorporado frota de contêineres adicionais, isto não tem sido efetivo, já que os navios estão demorando mais para realizar sua rota ou viagem. Isso significa que o adicional incorporado de contêineres está praticamente a bordo e não 100% disponível em terra. Os congestionamentos tornam ainda mais complicado e ineficiente o fluxo de posicionamento de equipamento.

Transporte Moderno – E especificamente as operações da Hapag-Lloyd no Brasil?

Luigi Ferrini – O Brasil não escapa da situação mundial que menciono anteriormente, já que a indústria opera de forma globalizada. Isso afeta outras regiões e, cedo ou tarde, afetará o Brasil. Porém, a Hapag-Lloyd está concentrando todos os seus esforços em cumprir nossos acordos comerciais. Mas, infelizmente, não estamos imunes às dificuldades que a indústria vive atualmente. Ainda assim, de janeiro a abril de 2021, o Brasil aumentou em 7% os volumes de contêineres exportados e em 16% nas importações, quando comparamos o mesmo período de 2020. Isso reflete o compromisso da indústria. Mesmo com todos os gargalos citados, o mercado segue sendo assistido, tanto pelas companhias marítimas, como pela cadeia logística.

Transporte Moderno – Que segmentos têm se destacado?

Luigi Ferrini – A exportação do Brasil em geral se mantém estável, já que, em geral, são mercadorias de primeira necessidade e têm uma curva mais constante. Na importação, se percebe uma demanda maior de bens de consumo e material de construção.

Transporte Moderno – Quais as expectativas para os próximos meses?

Luigi Ferrini – Para o decorrer deste ano, não vemos grandes variações do que estamos vivendo hoje. Mas, obviamente, dependerá de fatores como a evolução da Covid-19, o investimento de capitais dos governos e as restrições e congestionamentos em diferentes lugares do planeta.

Transporte Moderno – Há previsão de novos investimentos?

Luigi Ferrini  – A Hapag-Lloyd tem anunciado alguns, como a compra de mais de 200 mil TEU em 2021, novos navios a partir de 2023 e a proposta de aquisição da linha marítima ND em fase de aprovação, que une o Brasil com África do Sul e Oeste, além de todos os investimentos ligados à estratégia de 2023, onde temos buscado nos diferenciar na qualidade de serviço.

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