Leilão de cinco terminais portuários arrecada R$ 216,3 milhões

Quatro áreas são no porto do Itaqui (MA) para movimentação de combustíveis, e uma área no porto de Pelotas (RS) para carga geral, especialmente madeira

A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) leiloou, em 9 de abril, por R$ 216,3 milhões, cinco áreas portuárias, sendo três no porto de Itaqui (MA) e uma em Pelotas (RS). Os investimentos alcançarão cerca de R$ 610 milhões. De acordo com a agência, das quatro áreas licitadas no porto maranhense, houve disputa em três. O diretor geral da Antaq, Eduardo Nery, acredita que este tipo de iniciativa favorece o setor. “Os leilões realizados significam um setor portuário mais eficiente e mais produtivo, gerando desenvolvimento econômico, renda e emprego para o país, ainda mais em um cenário de pandemia”, diz.  

A estimativa é que o porto do Itaqui chegue à movimentação de 17,9 milhões de toneladas em 2060, seguindo uma taxa média de crescimento de 1,7% ao ano. Os fluxos que devem apresentar a maior taxa de crescimento são os de importação de derivados de petróleo, com taxa média de 1,9% ao ano, com crescimento maior no curto prazo, de 12,1% ao ano entre 2016 e 2020.

A Santos Brasil venceu o leilão de arrendamento de três terminais destinados à movimentação de granel líquido, no porto de Itaqui (MA). O valor de outorga da área IQI03 foi de R$ 61,3 milhões, da IQI11, de R$ 56 milhões e da IQI12, de R$ 40 milhões. O prazo das concessões é de 20 anos, com possibilidade de prorrogação por mais 70 anos. As três áreas somam 180 mil metros cúbicos de capacidade instalada e a previsão de investimentos futuros para ampliação de capacidade é de R$ 416 milhões.

De acordo com Antônio Carlos Sepúlveda, presidente da Santos Brasil, com o resultado do leilão a empresa dá um passo importante na sua estratégia de movimentar outras cargas além do contêiner, focando em negócios de alto potencial. “Com a conquista destes três terminais entramos num setor que vem crescendo em ritmo acelerado e nos posicionamos com um player relevante em um porto que é hub de distribuição de derivados de petróleo para a região centro-oeste e que tem enorme potencial de crescimento ligado ao agronegócio”, diz. Segundo os dados da Antaq, a movimentação de granel líquido cresceu 14,8% no ano passado frente a 2019, enquanto o setor portuário apresentou alta de 4,2%.

Para viabilizar sua estratégia de crescimento, em novembro de 2020, a Santos Brasil levantou R$ 790 milhões com oferta primária de ações. Além de analisar a participação nos próximos leilões de arrendamentos de ativos portuários (especialmente granel líquido e sólido), a empresa estuda possibilidades de negócios para a verticalização e integração da cadeia logística portuária a partir da plataforma da Santos Brasil Logística; e a ampliação da sua participação na movimentação brasileira de contêineres.

EXPANSÃO

A Ultracargo, empresa independente de armazenagem de granéis líquidos, venceu o leilão para arrendamento da área IQI13 no porto do Itaqui (MA), onde a companhia já opera um terminal de 109 mil metros cúbicos, com obras de expansão em andamento que elevarão a capacidade para 155 mil metros cúbicos até o final deste ano.

Na área arrendada, será construído um novo terminal com capacidade estática mínima de 79 mil metros cúbicos, o e início de operação em até cinco anos a partir da data de assinatura do contrato. O arrendamento terá duração de 20 anos, podendo ser renovado por até 70 anos. Segundo a Ultracargo, o novo terminal será interligado ao atual, o que permitirá maior flexibilidade para os clientes, além de ser um importante estímulo ao desenvolvimento da economia e consequente geração de empregos na região.

O investimento está alinhado à estratégia de crescimento da Ultracargo e ao seu propósito de conectar negócios, contribuindo para a evolução da logística portuária brasileira. “O resultado do leilão reafirma nosso compromisso com o porto do Itaqui, importante hub de distribuição de combustíveis dada sua conexão com uma malha ferroviária eficiente e que permite o abastecimento de regiões de grande crescimento nos próximos anos, como Maranhão, Piauí, Tocantins e parte do Pará”, afirma Décio Amaral, presidente da Ultracargo.

Além do Porto do Itaqui, a Ultracargo atua nos portos de Santos (SP), Aratu (BA), Suape (PE), Rio de Janeiro (RJ) e Paranaguá (PR). A partir de 2022, passará a atuar também na região norte, com o início de sua operação no porto de Vila do Conde (PA), atualmente em construção.

PELOTAS

No porto de Pelotas (RS), a CMPC Celulose arrematou o espaço de 23,5 mil metros quadrados, que utilizará pelos próximos dez anos. O leilão garantirá a operacionalidade das cargas já consolidadas no cais pelotense, gerando emprego e renda, além de proporcionar integração modal no sistema hidroportuário gaúcho. A área é constituída pelos terrenos nos quais serão implantados os equipamentos e edificações necessárias para a movimentação e armazenagem de carga geral.

Os arrendamentos visam atender o modelo portuário nacional, nos moldes impostos pelo novo Marco Regulatório dos Portos (Lei Federal 12.815/2013), e representa um dos marcos da modernização do setor. O investimento em equipamentos e infraestrutura chega a R$ 16 milhões e uma arrecadação na casa dos R$ 14 milhões.

Além desses investimentos previstos para os próximos dez anos pela CMPC Celulose gerarem segurança jurídica para os investidores, já que os arrendatários poderão investir sem receio de surpresas legais futuras, a empresa vai possibilitar outras vantagens logísticas operacionais para a economia do Rio Grande do Sul.

Segundo o diretor-geral da CMPC Brasil, Mauricio Harger, esse arremate confirma a continuidade das operações de trânsito de toras de madeira no terminal, sendo a maneira mais sustentável de fazer a logística, já que a navegação pela hidrovia Pelotas-Guaíba permitirá tirar 100 mil caminhões das estradas do estado por ano somente nesta operação. Isso gerará uma grande economia de escala e permitirá à empresa ainda mais competitividade global.

O superintendente dos Portos RS, Fernando Estima, espera que no futuro haja outros interessados para outros terminais em Pelotas e também nas áreas de Porto Alegre.

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