Marcopolo em ritmo de otimismo

A fabricante de carrocerias para ônibus líder do mercado completa 70 anos, com boas perspectivas de expansão de vendas e investimentos na produção A Marcopolo iniciou as operações do centro de fabricação de componentes e subconjuntos metálicos, na unidade industrial de Ana Rech, em Caxias do Sul (RS). Com investimento total de cerca de R$ […]

A fabricante de carrocerias para ônibus líder do mercado completa 70 anos, com boas perspectivas de expansão de vendas e investimentos na produção

A Marcopolo iniciou as operações do centro de fabricação de componentes e subconjuntos metálicos, na unidade industrial de Ana Rech, em Caxias do Sul (RS).

Com investimento total de cerca de R$ 70 milhões, dos quais R$ 30 milhões já foram aplicados, a nova planta visa à unificação da montagem de componentes esubconjuntos que compõem as carrocerias dos ônibus, que era executada em diferentes fábricas, para melhorar a produtividade e a eficiência. Com área total de 19,6 mil metros quadrados de área construída, o espaço conta inicialmente com 180 funcionários.

Segundo o coordenador de manufatura da Marcopolo, André Matté, gradualmente será feita a transferência da produção que hoje é realizada na unidade fabril do bairro Planalto e na da Neobus. “A mudança será em etapas a serem realizadas até meados de 2020. As atividades do Planalto devem ser encerradas até o fim do ano”, explica.

As obras do novo centro de fabricação foram realizadas de fevereiro a dezembro do ano passado. Um incêndio atingiu a unidade de plásticos da encarroçadora em setembro de 2017. “Em um ano, recuperamos a área e construímos novas instalações”, diz Matté.

A previsão é de o centro de fabricação produza 70 mil peças por dia quando estiver em plena operação. Atualmente, apenas de 20% a 30% da área estão sendo utilizados para a produção. O projeto de desenvolvimento e construção do centro foi resultado de uma equipe multidisciplinar.

Após a elaboração do projeto, foi criada uma maquete com um microlayout da planta e de seus 305 equipamentos. No dia 28 de fevereiro de 2018, teve início a execução da obra da nova planta, com a conclusão da construção no fi m de dezembro.

Foram realizados 11 kaizens (metodologia que permite baixar os custos e melhorar a produtividade) em 692 horas dos 75 empregados que formaram a equipe dedicada.

Quando a transferência das produções das unidades do Planalto e da Neobus estiverem concluídas, a expectativa é de que cerca de 800 pessoas trabalhem no local.

Matté conta que atualmente o nível de eficiência das fábricas da Marcopolo fica em torno de 64%. “Note-se que não estamos falando da produtividade, mas da eficiência da planta. Com a eliminação dos desperdícios e a melhoria dos processos, teremos um grau de eficiência de 80% no centro de fabricação”, diz.

De acordo com a Marcopolo, o centro traz novos conceitos de produção que proporcionam renovação natural de ar por convecção, além de telhado e revestimento lateral com isolamento térmico, toda a iluminação por Led com regulagem automática da luminosidade, resultando em menor custo e maior conforto visual e segurança.

As instalações foram planejadas e organizadas em canaletas, para maior proteção no fluxo de pessoas e transporte de materiais, melhor condição para manutenção elétrica, pneumática, hidráulica e gases. A infraestrutura foi preparada para receber equipamentos com tecnologias da indústria 4.0 e toda a área de circulação para movimentação de caminhões carregados com matéria-prima é revestida em concreto, aumentando a vida útil e simplificando a manutenção do piso.

Segundo Júlio Igansi, gerente de engenharia de processo, entre os principais diferenciais do novo centro de fabricação estão a unificação e racionalização de recursos, o fluxo contínuo de produção e logístico e a gestão visual de todo o processo produtivo.

“A fábrica é extremamente segura e atende os princípios Lean, com foco na eliminação de desperdícios, padrões de eficiência e qualidade ainda mais elevados, para os clientes internos e externos”, informa.

No espaço, são realizadas as operações de corte a laser de tubos, com serras automatizadas e cortes robotizados. Para isso, a unidade conta com máquinas de conformação de tubos, células de soldas robotizadas e de montagem com o conceito da minifábricas de montagem de componentes

e subconjuntos. Toda a operação é regulada pelo departamento logístico de expedição no fim do processo e existe um “supermercado” intermediário para regular e estabilizara produção, além de preparar os kits de componentes para a célula de montagem.

MERCADO – Rodrigo Pikussa, diretor do negócio ônibus da Marcopolo, acredita que 2019 marcará a retomada da economia brasileira. “A empresa deve continuar crescendo. O ano passado já foi bom para todos os setores. No urbano, observamos que as capitais e grandes cidades estão voltando a investir em renovação da frota. São Paulo, por exemplo, passa pelo processo de licitação, que é bastante complexo e que deve impactar as vendas no próximo ano. O fretamento depende muito do reaquecimento da economia, mas tem dado sinais positivos. O rodoviário recuperou-se principalmente em linhas de longas distâncias”, resume.

Na opinião de Pikussa, o segmento de ônibus urbanos tem mais espaço para incremento no cenário atual. “As frotas estão envelhecendo e precisam ser renovadas.

Portanto, vemos um potencial maior de expansão. O setor enfrenta algumas dificuldades, como a falta de subsídios para o transporte público, a concorrência com outros modais e gratuidades excessivas.

Isso faz com que o operador tenha menos condições de investir na frota. Ao mesmo tempo, vemos uma necessidade de sempre melhorar a qualidade do serviço”, acredita.

Pikussa também espera que o segmento de rodoviários se expanda neste ano. “Já notamos uma maior confiança do empresariado, o que estimula os investimentos.

A Marcopolo tem se preocupado em manter-se sempre competitiva, até no mercado externo. As operações no exterior foram fundamentais no período de crise, já que metade da nossa produção é voltada para o mercado interno e a outra metade para o externo”, comenta.

COMEMORAÇÃO – A Marcopolo deu início, em fevereiro, na Festa da Uva 2019 em Caxias do Sul, à celebração dos seus 70 anos de fundação. A campanha criada pela encarroçadora busca mostrar a história da companhia. Segundo James Bellini, presidente do Conselho de Administração da Marcopolo, a campanha foi dividida em três linhas de atuação: institucional, com um anúncio com a imagem de uma estrada que simboliza os diferentes territórios desbravados por um ônibus; pessoas, mote central do filme institucional, representadas pelos funcionários e produtos.

A Marcopolo decidiu fazer o lançamento oficial da campanha dos 70 anos na Festa da Uva porque o evento é muito importante para a cidade de Caxias do Sul. Ao longo de todo o ano, também serão realizadas diversas ações para comemorar a data. Fundada no dia 6 de agosto, de 1949, a Marcopolo foi uma das primeiras indústrias brasileiras a fabricar carrocerias para ônibus, que inicialmente eram de madeira.

A empresa surgiu em um momento de grande desenvolvimento da indústria automobilística no Brasil, o que permitiu que a fabricante ampliasse suas atividades no país e também conquistasse o mercado internacional. As primeiras exportações aconteceram em 1961, para o Uruguai, e deram início à atuação da companhia no exterior. Hoje, a Marcopolo possui unidades fabris em nove países, exporta seus produtos para cerca de outros 120 em todo o mundo e superou a marca de 420 mil unidades fabricadas.

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