COBERTURA TOTAL

GLOBAL, Ed. 02 Corretoras de seguros aproximam-se cada vez mais da operação de seus clientes para encontrar no mercado soluções abrangentes e completas Entre todas as variáveis envolvidas no transporte de carga, a segurança talvez seja uma das mais sensíveis ao êxito de uma operação. De acordo com a consultoria Brasil Risk, o roubo de […]

GLOBAL, Ed. 02

Corretoras de seguros aproximam-se cada vez mais da operação de seus clientes para encontrar no mercado soluções abrangentes e completas

Entre todas as variáveis envolvidas no transporte de carga, a segurança talvez seja uma das mais sensíveis ao êxito de uma operação. De acordo com a consultoria Brasil Risk, o roubo de carga no País aumentou 21% em 2016 e 15% em 2017, quando os prejuízos com essas ocorrências superaram a cifra de R$ 1,5 bilhão apenas no modal rodoviário.

O cenário brasileiro de roubo de carga tem dois protagonistas: os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, responsáveis, juntos, por mais de 80% dos eventos no território nacional. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, neste primeiro trimestre o estado de São Paulo apresentou queda de 17% na taxa de roubos, mas o Rio de Janeiro, mesmo sob intervenção federal, mostrou aumento de 37%.

Quanto mais complexa a operação, seja pelo valor, pela fragilidade do bem transportado ou pela especificidade e o número de etapas entre a origem e o destino, maior a necessidade de proteção da carga e dos entes que participam da operação. É nesse ponto que se justifica a entrada da empresa e das soluções em seguros para garantir a integridade do que é transportado.

Especializada no segmento, a multinacional Willis Tower Watson atua em consultoria, corretagem e soluções. “Temos uma estrutura dedicada ao seguro de transporte e uma carteira bastante relevante, tanto de prêmio administrado junto às seguradas quanto de faturamento”, diz o head of Marine da empresa no Brasil, Eduardo Michelin. O transporte representa entre 15% e 20% da receita da companhia no Brasil. “Tradicionalmente é um seguro muito forte, de grande relevância, ainda mais no País, por conta da alta incidência de roubo de carga”, conta o executivo.

Para Michelin, um dos principais diferenciais da Willis está na habilidade de transacionar entre embarcadores, operadores logísticos e outros prestadores de serviço da cadeia de distribuição. “Temos clientes transportadores que podem, eventualmente, transportar para embarcado res, também nossos clientes. Oferecemos soluções que visam justamente otimizar essas relações sem expor nenhuma das partes nem onerar o frete. Para nós, é uma situação bastante corriqueira – por exemplo, no transporte de veículos 0 km. Temos como clientes montadoras e cegonheiros, com o desafio de encontrar o equilíbrio e oferecer os melhores desenhos de seguros para as duas partes”.

O processo de colocação de uma apólice começa com o mapeamento do risco da operação, a obtenção das informações relacionadas à logística, dados sobre a carga e detalhamento de todas as especificidades da operação, gerenciamento do risco empregado e tipos de fretes contratados, entre outras informações precisas sobre o transporte a ser realizado. Feito isso, a corretora vai ao mercado para fazer a cotação com as seguradoras e inteirar-se das opções de preço, limites e franquias, para só então definir as alternativas e efetivar a contratação da apólice. De acordo com Michelin, mesmo que as soluções em seguros disponíveis no mercado sejam padronizadas, com tendência de similaridade no escopo de coberturas ofertadas, a forma de contratação e a negociação dessas condições faz toda a diferença: “O que vai pesar são os interesses comerciais de uma ou outra parte na negociação das responsabilidades na prestação de serviço”. Segundo o executivo, a atual vulnerabilidade do transporte de carga no que tange à segurança torna a negociação dos seguros de transportes uma operação complexa: “Agora temos que considerar elementos como gestão de risco, mas essa também vem se mostrando uma oportunidade de destaque para a Willis, porque vamos além da simples negociação da condição técnica de um seguro; oferecemos também serviço consultivo aos clientes, o que pode preservar recursos financeiros tanto na negociação que eles fazem com as transportadoras, na discussão do famoso ad valo rem, quanto despesas relacionadas à gestão de risco. Trata-se de um diferencial para nós, o que se reflete em nosso índice de retenção de clientes”, avalia.

Ainda quanto à gestão de risco, o executivo da Willis levanta uma questão decisiva no segmento de seguros. Atualmente, uma operação pode ficar literalmente inviabilizada em decorrência da definição das seguradoras em relação às condições associadas à gestão dos riscos aos quais a carga pode estar exposta.

“A questão de o gerenciamento de risco não fazer parte da corretora, mas sim da seguradora, revela-se um desafio: trabalhar com uma corretora especializada nesse tipo de assunto e capaz de identificar a exigência da seguradora, para que não seja maior nem menor que o necessário. Hoje, gerenciamento de risco é o ponto mais importante quando se negocia uma colocação de apólice de transporte. Precisamos sempre equilibrar o que a seguradora gos taria que existisse com a realidade dos nossos clientes, sejam eles embarcadores ou transportadores”.

DNA do transporte

Recém-chegada ao mercado, a Transbroker Consultoria Corretagem de Seguros tem no DNA o seguro de transporte.

“Somos uma corretora formada em fevereiro de 2018, nascida da união de alguns empresários do setor de logística para construir uma relação mais sólida com esse mercado”, diz um dos sócios da empresa, Fernando Ferreira.

Segundo ele, o setor do transporte e logística vem assumindo uma posição mais reativa, em função das seguradoras, dispostas a comprar menos riscos. “Em nosso negócio, 65% são de  seguro de transporte em todos os modais, mas com maior concentração no rodoviário, seguindo a nossa matriz de transporte”, conta.

Ferreira diz que a Transbroker definiu como modelo de atuação a proximidade com a operação de seus clientes, para realmente entender os riscos aos quais estão expostos, dimensionar a capacidade e, a partir disso, adequar o tipo de seguro à operação. “Para os próximos anos, temos a missão de ser cada vez mais complementares ao cliente. Fazemos o seguro principal de nosso cliente nicho, mas queremos nos capacitar para atuar como provedor único no que se refere a seguros, em frota, armazém, saúde e vidas – tudo o que ele precisar”, diz Ferreira.

Atualmente, a carteira da Transbroker no setor de transporte envolve 400 clientes em todo o País. A empresa conta com filiais no Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE) e Curitiba (PR). “Para este ano, estimamos emitir algo em torno de R$ 85 milhões em prêmios. Para o próximo ano, a previsão refere-se a R$ 115 milhões de emissão de prêmios seguro do transporte. Nós vamos crescer”, afirma o executivo.

Tecnologia e seguros

Para dar consistência aos sistemas de gerenciamento de risco e viabilizar recomendações práticas para evitar perdas ou diminuir impactos, a AXA XL, integrante do Grupo AXA, fornece produtos e ser viços de seguros, gerenciamento de risco e soluções de resseguro para empresas de seguros em todo o mundo, e está estreitando relações com o universo da tecnologia.

Recentemente acertou parceria com a startup norte-americana Parsyl, que criou uma plataforma de dados sobre cadeias de fornecimento, de modo a ajudar transportadores, varejistas e seguradoras a entender as condições de qualidade de produtos sensíveis e perecíveis conforme se movimentam pela cadeia de suprimentos, do primeiro ao último quilômetro.

“Hoje, quando a carga é transportada, há pouco ou nenhum insight sobre a condição da carga durante o transporte e também não existe um mecanismo para garantir a qualidade da remessa. O prêmio anual da indústria para carga é de US$ 16 bilhões, com índices de sinistralidade acima de 100%. As causas dos danos incluem mudanças de temperatura,

umidade e colisões. A implementação de sensores que rastreiem as condições da carga para essas variáveis levará à capacidade de tomar medidas proativas para prevenir e/ou mitigar situações ambientais emergentes que possam gerar perdas”, diz a digital leader da AXA XL, Hélène Stanway.

Como parte da parceria assinada com a Parsyl, está o fornecimento de sensores, que podem ser colocados em cargas unitizadas ou até mesmo em sacos individuais de certos tipos de remessa para capturar vários dados sobre o embarque e sua condição: localização, temperatura, exposição à luz, umidade e impacto de movimento ao longo da jornada. Os dados capturados podem ser acessados pelos engenheiros de risco de transporte da AXA e também pelos embarcadores por meio de uma plataforma web e um aplicativo para celular.

Como explica Hélène, a tecnologia é um recurso indispensável para o gerenciamento de riscos e, por consequência, para os seguros de carga. “A indústria de seguros de transportes está pronta para mudanças, e decidimos investir em tecnologia para melhor apoiar nossos clientes. Identificamos duas áreas significativas de oportunidade: a IoT (Internet of Things), motivo de nossa parceria com a Parsyl, e blockchain, caso para o qual desenvolvemos e lançamos no início deste ano, em colaboração com a EY, empresa de tecnologia Guardtime e vários participantes da indústria, uma plataforma para a indústria de seguros de transportes que agora se concentra no seguro de casco”, finaliza

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