Solução da Contartec reduz fraudes e melhora eficiência da frota

Ganhos de eficiência e diminuição da evasão de receita estão sempre no foco das empresas operadoras do transporte por ônibus no país. Para atender à demanda por um sistema que ajude na solução desse problema, a Contartec – empresa-irmã da Alltec – acaba de lançar um equipamento que faz a contagem e a qualificação do […]

Ganhos de eficiência e diminuição da evasão de receita estão sempre no foco das empresas operadoras do transporte por ônibus no país. Para atender à demanda por um sistema que ajude na solução desse problema, a Contartec – empresa-irmã da Alltec – acaba de lançar um equipamento que faz a contagem e a qualificação do passageiro, mostra onde cada passageiro subiu e em que ponto desceu do veículo e transmite ao gestor uma série de informações, em tempo real, que lhe permitem melhorar a gestão da frota.

O sistema pode informar online o número de passageiros embarcados e desembarcados, em que momento e em que local, por coordenadas geográficas e imagens, além da imagem do passageiro.

“É uma novidade mundial que promete resolver um dos grandes gargalos no dimensionamento dinâmico das frotas, pois o sistema tem a capacidade de contar com altíssima precisão a taxa de ocupação dos veículos em movimento. Com as informações enviadas ao servidor, é possível adicionar ou retirar veículos da linha, tratar pesquisas de origem e destino, seja da linha ou de apenas um trecho dessa linha, possibilitando às empresas e aos órgãos gestores um total domínio das variáveis que fazem a composição dos custos e assim possibilitar uma menor tarifa ou, pelo menos, menores aumentos”, declara Claudio Cardoso, diretor comercial da Contartec.

Chamado de Carcará, em alusão à ave conhecida por sua boa visão, o sistema baseia-se na tecnologia de lógica computacional, com interpretação de imagem. Instalado sobre as portas dos ônibus, o equipamento vê o que se passa nas portas e interpreta se é a entrada ou saída de uma pessoa. De porte discreto, cada equipamento tem 22 centímetros de comprimento, 8,2 cm de largura e 1,6 cm de espessura. “É uma plaquinha que vai colada no teto do ônibus, pelo lado de dentro, uma em cima de cada porta”, simplifica Cardoso.

Para se entender como funciona essa tecnologia, na chamada terceira porta, de uso indicado para cadeirantes, por exemplo, o sistema faz a leitura e acusa se embarcar qualquer elemento diferente de uma cadeira de rodas. O gestor será informado, inclusive com foto do evento que é enviada para o servidor, o que inibe a ocorrência de fraudes e o uso indevido da porta de embarque exclusiva para cadeirantes. Em caso de ônibus biarticulados, como os usados em São Paulo, com sete portas, a tecnologia consegue concentrar as sete portas em um resultado único para facilitar a gestão.

O dispositivo também possui bateria interna que possibilita a continuidade da operação, mesmo quando desconectado da alimentação do veículo, informando ao servidor se alguma tentativa de fraude for tentada. Funciona por cerca de 18 horas e ainda avisa o servidor em que horário a luz foi desligada. Se o equipamento for roubado, a empresa pode rastrear o hardware por até 24 horas.

Além disso, os dados gerados podem ser usados para melhorar a eficiência da frota à medida em que o operador consegue visualizar tanto os horários em que o ônibus está mais carregado e é necessário colocar um veículo reserva quanto os momentos em que o veículo está mais vazio e a linha não tem demanda para tantos ônibus.

Segundo Cardoso, que trabalhou no desenvolvimento do projeto durante cerca de 18 anos, além de coibir fraudes e melhorar a eficiência da frota, o Carcará pode ser usado também para aumentar o conforto dos passageiros, uma vez que os operadores poderão calcular melhor o número de ônibus em cada horário e em cada linha, evitando excesso de pessoas por veículo.

A empresa operadora pode obter o índice de passageiro por quilômetro (IPK), pesquisa de origem e destino e uma série de outros recursos que possibilitam um gerenciamento refinado da frota, com a informação precisa sobre a densidade de pessoas dentro dos veículos. Assim, é possível determinar um limite de conforto para os passageiros, melhorando a qualidade do transporte e retirando o excesso de carros das ruas. O gestor poderá calcular o tamanho da frota de modo a ofertar mais lugares num momento certo, onde haja demanda, e evitar o excesso de passageiros. “É possível colocar um ônibus no meio do caminho para diminuir a densidade de uma linha naquele instante e depois tirar o ônibus, se necessário”, explica o diretor da Contartec.

As informações geradas pelo sistema servem para o operador rearranjar linhas, encurtá-las, diminuir o número de linhas ou fundi-las de modo a otimizar a operação.

Para os gestores municipais, o equipamento também pode ser um instrumento para aprimorar o sistema de transporte. Cardoso assinala que órgãos gestores gastam grandes montantes com pesquisas de origem e destino, de sobe e desce de passageiros, de densidade, pesquisas que são feitas pontualmente, mas cujos números podem ser obtidos a partir de agora com o Carcará. “É uma revolução no transporte de passageiros”, afirma. “Esse produto é interessante para o operador privado e para o público porque manda informações para os dois lados”, ressalta o executivo.

“Na aplicação para o transporte de passageiros não urbanos o sistema impede em 100% o desvio de receita, sendo possível até aumentar a criação de secções, com total controle”, garante o executivo.

Cardoso afirma que o sistema não é concorrente dos atuais sistemas de bilhetagem, mas sim um aliado na gestão e redução das fraudes e evasões.

O diretor destaca que o controle mais rigoroso de fraudes é importante para toda a sociedade porque quando uma pessoa em um ônibus entra pela saída, quem paga a conta é o usuário, já que o cálculo da tarifa é feito pelo número de pessoas oficialmente transportadas, e a fraude acaba entrando na contabilidade geral. “90% das empresas que colocam câmeras nos ônibus é para pegar fraudes, a conta tem que fechar no fim do dia, se uma pessoa passou pela porta o valor a ser contabilizado tem que estar no validador ou com o cobrador”, assinala o executivo.

Cardoso explica que desde 1998 vem pensando na melhor forma de executar esse equipamento, fez diversos protótipos utilizando diferentes lógicas para interpretar as informações, incluindo o uso de infravermelho, ultrassom e sensor de peso.

“A solução para a interpretação de imagem é a lógica computacional”, afirma. Ele conta que os testes feitos com uso de sensor de infravermelho ou ultrassom não foram positivos porque com o ônibus cheio as pessoas que ficavam embaixo do sensor causavam alterações e o equipamento ficava acrescentando ou diminuindo o número de pessoas e a contagem não tinha a acuracidade desejada. “Com o uso da lógica computacional, a tendência é que o sistema vá melhorando a cada dia, vá interpretando e aprendendo”, ressalta.

O sistema informa online o número de passageiros embarcados e desembarcados, em que momento e em que local além da imagem do passageiro

O produto foi apresentado ao público pela primeira vez durante a FetransRio, em novembro do ano passado, e a comercialização estava prevista para começar em março deste ano. A empresa tem capacidade para produzir 1.500 equipamentos por mês.

A Contartec foi criada com o propósito específico de comercializar esse equipamento e foi fundada na cidade paulista de Campinas. Nasceu como uma empresa internacional, porque Cardoso já vinha recebendo consultas de vários países durante a fase de desenvolvimento e testes do equipamento, não só do segmento de transporte de passageiros, mas também do setor de comércio, para usar o equipamento no gerenciamento de demanda de lojas e analisar o comportamento dos clientes, com a contagem do número de pessoas que entram na loja e quantas efetivamente compram, ou quantas passam e param na frente das vitrines.

“Sempre focamos em desenvolver produtos que estejam sendo solicitados pelo mercado e não o contrário. Trabalhamos sob demanda e há muito tempo éramos questionados pelo mercado para que essa solução pudesse se tornar possível.

 

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