Transportadoras do RS enfrentarão desafios para se reerguerem após desastre, alerta sindicato

As empresas de transporte localizadas na região já vislumbram os desafios que enfrentarão para garantir a mobilidade e a entrega de mercadorias, assim que as águas baixarem e as operações puderem ser retomadas

Frota de caminhões da Gabardo Transportes debaixo d´água

Aline Feltrin

A catástrofe que deixou o Rio Grande do Sul debaixo d´água afetou diversos setores, incluindo o transporte rodoviário de cargas. As empresas desse segmento localizadas na região já vislumbram os desafios que enfrentarão para garantir a mobilidade e a entrega de mercadorias assim que as águas baixarem e as operações puderem ser retomadas. Em uma entrevista exclusiva concedida ao portal Transporte Moderno, o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no RS (SETCERGS), Sérgio Mário Gabardo, compartilhou suas preocupações, que não se limitam apenas às condições de tráfego, mas se estendem às dificuldades enfrentadas pelos colaboradores das 400 empresas associadas ao sindicato.

“Por trás das transportadoras existem pessoas. Como podemos esperar que alguém que perdeu sua casa e até mesmo entes queridos consiga retomar suas atividades após uma tragédia tão devastadora?”, questiona Gabardo. Segundo ele, juntas, as empresas de transporte da região empregam aproximadamente 50 mil pessoas. “Estimamos que pelo menos 10 mil delas tenham sido gravemente afetadas.”

Polo Petroquímico e safra de arroz

Gabardo aponta para outros desafios iminentes que as empresas de transporte enfrentarão. Esse é o caso da paralisação do Polo Petroquímico e da Gerdau, o impacto devastador na produção agrícola, incluindo arroz e milho, e a difícil situação financeira dos produtores, muitos dos quais têm seus meios de subsistência comprometidos devido à impossibilidade de honrar seus financiamentos.

O presidente do SETCERGS também menciona os obstáculos enfrentados pelo setor devido às regulamentações trabalhistas mais rígidas, que já tornavam a situação dos transportadores delicada antes mesmo da pandemia.

Ele ressalta que as novas normas, somadas aos custos adicionais que acarretam, têm contribuído para uma crescente relutância por parte dos motoristas em continuar trabalhando, o que agrava ainda mais a situação das empresas.

Rodovias

Gabardo também chama a atenção sobre a seriedade da situação provocada pelo bloqueio de algumas rodovias-chave. “Quando algumas estradas são bloqueadas, todo o sistema é afetado. Em Porto Alegre, por exemplo, a BR 101 e a BR 116 são vias essenciais. Se elas não funcionam, o impacto é imenso”, explica. Essa interrupção afeta não apenas o tráfego local, mas também o movimento internacional, gerando prejuízos tanto para exportadores quanto para importadores.

Ele destaca ainda que muitas empresas de transporte só conseguirão retomar suas atividades após um período considerável de tempo, aproximadamente 90 a 120 dias, e somente se tiverem condições de manter seus colaboradores e realizar reparos em seus veículos.

Para mitigar os danos econômicos, Gabardo sugere medidas como a renúncia temporária de impostos pelo governo, concessão de créditos para os afetados e extensão dos prazos de pagamento pelos bancos, além de algum tipo de financiamento subsidiado para os trabalhadores afetados, especialmente aqueles que perderam suas residências.

O presidente do sindicato também é proprietário da Gabardo transportes de Veículos, uma das transportadoras afetadas. De acordo com ele, no pátio da empresa há 155 caminhões submersos, sendo 100 zero quilômetro.

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