Ganhando musculatura mundo afora

A IBL World, braço internacional do Grupo IBL, abre bases operacionais na América do Norte, Ásia e América do Sul

Valeria Bursztein

Em busca de soluções mais completas e de maior eficiência da cadeia logística, alguns operadores investem em malhas operacionais que cruzem fronteiras e que ofereçam aos seus clientes um portfólio de serviços mais complexo e customizável.

É o caso do Grupo IBL, que anunciou a sua entrada no mercado internacional com a criação da IBL World, localizada em Miami, nos Estados Unidos. Criada em 1999, a empresa localizada em Guarulhos (SP), tem dez bases nas principais capitais do Brasil e conta com 93 mil posições pallets distribuídas em 261 mil metros quadrados de armazenagem, com 195 docas. E conta também com frota própria, com mais de 280 veículos, entre eles unidades blindadas, refrigeradas e, também, elétricas, além de 1,5 mil agregados.

A empresa opera nos segmentos alimentício, eletrônico, fármaco, valores – com a IBL Valores, empresa do grupo que transporta dinheiro, ouro e cargas e alto valor agregado, com base em São Paulo e quatro filiais: Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES) e Manaus (AM) – e, agora abre o escopo para incorporar de vez o internacional, oferecendo, a partir de estruturas locais, cobertura global, consolidação de cargas, distribuição, armazenamento de breakbulk, ro-ro, containers FCL e LCL e carga projeto e ciclos completos, door to door

Demanda dos clientes

Na sua expansão internacional, o grupo atenderá, principalmente, os segmentos de eletrônicos, automotivos, bens de consumo, farmacêuticos, minérios e o agronegócio. “A operação que lançamos visa uma demanda expressa dos nossos clientes”, conta o diretor internacional da IBL World, Fernando Balbino. 

Agora, a empresa passa a ter um hub de consolidação de cargas em Miami, uma base na China e unidades na Argentina e no Chile. “No serviço internacional atuamos na importação e exportação, nos transportes aéreo e marítimo, além de serviços de coleta na origem, liberação, armazenagem e distribuição. É um grande diferencial passar a oferecer a modalidade porta-a-porta”, conta. 

Segundo Balbino, ao controlar toda a operação, ganha-se em esforços simultâneos de ponta a ponta. “Contamos com a redução de despesas que calculamos, em média, entre 10% e 20%, uma vez que reduzimos o tempo do fluxo logístico e ganhos de sinergia com as equipes. Atualmente, conseguimos operações que trazem produtos acabados e voltamos com insumos, por exemplo”, explica. “Há poucos players que realizam essa operação no mercado nacional e, aqueles que existem, não contam com essa estrutura modal completa. Por essa razão, a IBL World quer abocanhar a fatia deste mercado”, completa.

Movimento estratégico

“A globalização tem tornado as companhias cada vez mais competitivas e com conceitos modernos implementados aos seus procedimentos, negócios e produtos. Esse processo está integralmente ligado aos mecanismos de compra, armazenagem e distribuição das mercadorias. Por isso, ampliamos nossos horizontes, levando a nossa experiência e profissionalismo de mais de 20 anos de atuação no mercado logístico”, diz o CEO do Grupo IBL, Jonatas Spina Borlenghi.

De acordo com o CEO, a proposta do Grupo IBL é ampliar possibilidades, estender os serviços aos seus clientes e operar em todo o comércio exterior, com operações do internacional marítimo, aéreo e rodoviário. Além do gerenciamento de carga, passando pelo processo de importação e exportação, cotação e rastreio. 

Na visão de Marta B. Lopes, executiva responsável pela operação da unidade da IBL World em Miami, é estratégico para a IBL estar presente na América do Norte. “Espera-se que a indústria de logística nos Estados Unidos atinja US$ 1,5 trilhão até 2026. A IBL começa na Flórida porque existe uma demanda muito grande de clientes da IBL para o transporte internacional partindo de Miami, que tem linha direta com a nossa unidade de Manaus, onde temos um número importante de clientes que já exportam ou importam dos Estados Unidos. Uma dessas demandas é do setor farmacêutico”, explica ela. Em Miami, a empresa conta com uma estrutura física de um parceiro, com quatro mil metros quadrados, na cidade de Doral, perto do Aeroporto Internacional e do porto de Miami.

“Acreditamos que essa nova operação da divisão internacional contribua com um crescimento de 20% no faturamento total da empresa. O esforço na expansão internacional exigiu um investimento que deve se pagar em dois anos”, revela Borlengui. Segundo ele, aquisições estão entre os planos da empresa para fincar pé no mercado norte-americano, o segundo maior parceiro comercial do Brasil.

O executivo acrescenta também que está no horizonte da empresa investir em outros países nos quais os clientes da IBL tenham demandas, como é o caso do México, que poderia atuar também como base operacional, mas tudo depende do desempenho da unidade de Miami e do cliente que demanda a operação mexicana. “Todos os nossos clientes que têm operação em Miami também têm no México. Eles nos pedem para assumir a operação mexicana para comprovar a expertise como operador multinacional e para fazermos parte de todos os bids”, explica o executivo. “A qualidade do nosso serviço no transporte e valores nos garante destaque naquele mercado, porque a oferta lá não tem tanta segurança e a criminalidade é bem mais alta. Os nossos clientes estão nos pedindo uma estrutura lá”.

Outra demanda importante na IBL vem de empresas que operam com lítio. “Montamos uma operação específica para atender granéis minerais, com a obtenção de todas as licenças necessárias. Os maiores compradores são a China e países da Europa. A primeira operação acontece em setembro: a carga é retirada ensacada na mina na região do Vale do Jequitinhonha (MG) e transportada em contêiner por rodovia até o porto de Santos.

Marcia Pinna Jonatas Spina Borlenghi, CEO do Grupo IBL

Mercosul

A outra novidade da empresa é a operação rodoviária impo/expo Mercosul, atendendo rotas para a Argentina e Chile. Para atender o mercado, a IBL World criou bases operacionais em Curitiba (atual centro de operações), Foz do Iguaçu, Chapecó, São Borja, Uruguaiana, Chuí, Jaguarão, Santana do Livramento (considerada fronteira seca), Los Andes e Santiago do Chile.

“Conseguimos licenças para cargas secas, refrigeradas e valores para os dois países e esperamos a liberação também para o Uruguai”, conta Balbino. A empresa tem uma operação própria dentro da estrutura de um parceiro local, a Translínea, em São Borja, na fronteira com a Argentina. A parceria garante carga reversa para a volta dos ativos de transporte da IBM.

Expansão cadenciada

O ritmo da expansão da IBL pelo mundo se dá à medida que a demanda se consolida. “Vamos seguindo a expansão dos nossos clientes. Seguiremos, certamente, para a Europa também. Já estamos cotando operações pontuais da Itália, com um cliente querendo importar prata, e outra Manaus-Frankfurt, de exportação de ouro, com entrega na ponta em uma cidade próxima, e outra Miami, Peru, Manaus. Mas, as primeiras oportunidades que surgiram e nas quais estão operando forte são movimentações de contêineres da China para Manaus (AM), Miami (EUA) para o Brasil e rodoviário Argentina e Chile e a operação no México”, detalha Borlengui.

Desde o ano passado, a companhia se prepara para essa nova frente, com um investimento estimado em R$ 1 milhão, aplicado em contratação de equipe, aquisições de veículos, sistemas e adaptações necessárias para as operações. A estimativa de faturamento com a IBL World é alcançar R$ 5 milhões em 2023 no mercado asiático, norte americano e nas operações do Mercosul, que juntos detêm 70% do volume da operação.

O Grupo IBL, ao longo dos últimos cinco anos, investiu alto para lançar no mercado um novo conceito de transporte de carga. Hoje, o grupo conta com a IBL Valores (que oferece toda a estrutura para armazenagem e transporte de bens de valores), a Logic Log Pharma (especializada no setor de fármaco) e a IBL Logística. “Com a atuação neste novo segmento temos a expectativa de crescer 50% em 2023”, prevê Borlenghi.

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