Consórcio de caminhões cresce 215% em 20 meses

Os picos de vendas ocorreram em setembro e outubro deste ano, quando atingiram 26,88 mil e
25,07 mil cotas

Após a realização da Fenatran 2022, em São Paulo, a assessoria econômica da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC) realizou levantamento a partir de dados fornecidos pelas empresas associadas que atuam no setor de veículos pesados para avaliar o desempenho do mecanismo nesse segmento no período entre março de 2021 e outubro de 2022.

A pesquisa teve como foco principal o segmento de caminhões, dos leves aos extrapesados. na avaliação da ABAC, o transporte rodoviário de cargas pode ser um termômetro da economia, visto que 65% de tudo que é transportado no país se dá pela via rodoviária.

A análise revelou ainda que, naqueles meses, as adesões aos consórcios demonstraram oscilações, porém com avanços constantes. na comparação entre os números de março de 2021, com 7,92 mil novas cotas comercializadas, com os de outubro de 2022, quando foram vendidas 25,07 mil, houve um aumento de 216,5%. Para um total de 276,24 mil adesões no período analisado, a média geral ficou em 13,81 mil vendas de novas cotas.

Os picos de vendas ocorreram em setembro e outubro deste ano, quando atingiram 26,88 mil e 25,07 mil cotas, respectivamente. Um retrato que explica o comportamento deste setor está no balanço dos consórcios de veículos pesados de outubro último, em que o total de participantes ativos chegou a 612,80 mil, dos quais dois terços, 408,53 mil, objetivavam basicamente a aquisição de caminhões.

O outro terço de consorciados, 204,27 mil, teve por objetivo a aquisição de máquinas e implementos agrícolas. Comparando a quantidade de 408,53 mil cotas ativas em outubro deste ano com as 263,41 mil cotas ativas em março de 2021, houve um avanço de 55,1% ao longo dos vinte meses.

De acordo com os dados obtidos na pesquisa, observa-se maior participação de pessoas físicas que jurídicas nos grupos. Em outubro, as pessoas físicas ou autônomos representavam 64,3% dos consorciados ativos, enquanto as jurídicas chegaram a 35,3%. Houve ainda 0,4% relativo a outros, incluindo cooperativas e entidades setoriais. Nos três, a opção pela modalidade está calcada no planejamento para troca e renovação de veículos ou ampliação de frotas.

Renovação de frotas

O levantamento apontou ainda que, dos consorciados contemplados, 56,6% tiveram por objetivo a ampliação de suas frotas, no caso das transportadoras, ou a aquisição de mais veículos no caso dos autônomos, enquanto 43,4% optaram pela renovação dos veículos. Entre as categorias com maior utilização do crédito por ocasião da contemplação, estiveram os caminhões leves, com 28,3%; os médios, com 36,8%; os pesados, com 15,3%; e os extrapesados, com 19,6%.

Ainda sobre as contemplações, a maioria, 46%, decidiu pela aquisição do caminhão novo, e 19,9% pelo seminovo. Os demais, 34,1%, resolveram comprar outros tipos de veículos como implementos, caminhonetes, ônibus, tratores, automóveis, barcos, aviões e máquinas.

De janeiro a outubro deste ano, as potenciais participações das contemplações no mercado consumidor de caminhões atingiram 34,3%, enquanto no mesmo do período de 2021 eram 26,3%.

“Apesar das turbulências enfrentadas, acreditamos que parcela expressiva do crescimento do transporte rodoviário de cargas, seja para renovação dos veículos seja para ampliação de frotas, em razão de planejamento e custos mais baixos, inclui o sistema de consórcios como alternativa de autofinanciamento. Face às peculiaridades, que o diferencia das demais formas de aquisição disponíveis no mercado, o consórcio é uma excelente opção”, diz Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC.

Ao realizarem sua adesão à modalidade, empresários de transportes e autônomos, de acordo com suas áreas de operação, optaram por créditos variando de R$ 23,62 mil a R$ 1,04 milhão, ficando a média em R$ 368,15 mil. A taxa média de administração praticada foi de 0,092% ao mês para um prazo médio de 150 meses de duração dos grupos. Os reajustes periódicos, estabelecidos nos contratos, foram de 43,8% acompanhando a tabela do fabricante, 37,5% pelo IPCA, 12,5% pelo INPC e 6,2% pelo bem de referência, que pode ser o sugerido pela montadora, ou a média de dois ou mais preços
colhidos em concessionárias.

Para Rossi, “as perspectivas para o consórcio no mercado de caminhões são excelentes, visto que, de acordo com recente relatório macroeconômico e setorial da Quorum Brasil, o setor de transporte terrestre cresceu 14,7% em 2021 e 19,2% em nove meses de 2022”. Ao considerar a capacidade de carga dos veículos atrelados a cotas de consórcios, observou-se que 58% se destinam às entregas no varejo; 30,2% são para o transporte de madeiras; 9,8% ao agronegócio; 1% à carga líquida, como combustíveis, gás, sucos; e 1% a outros tipos como alimentos.

Acompanhando o crescimento dos consórcios de veículos pesados, há ainda o bom desempenho da venda de implementos rodoviários que faz com que a previsão seja positiva para este ano. Na visão dos consórcios, por estar inserido no setor de veículos pesados, formado principalmente por caminhões ou cavalos mecânicos e semirreboques específicos, diversos consorciados têm por objetivo a aquisição somente de implementos rodoviários para vários tipos de cargas. O principal semirreboque, apontado de forma múltipla na pesquisa, foi o bitrem, seguido pelos de carga seca, baús, carga viva, graneleiros, tanques, basculantes, frigoríficos, pranchas, rodotrens, canavieiros.

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