Produção de caminhões recua 1,4% de janeiro a setembro

As vendas apresentaram retração de 2,2% nos acumulado do ano, com 93.162 veículos emplacados

Sonia Moraes

O mercado de caminhões ainda enfrenta os impactos causados pela falta de componentes e fecha os nove meses de 2022 com queda de 1,4% na produção que atingiu 116.675 veículos, ante as 118.302 unidades fabricadas no mesmo período de 2021, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Do total de caminhões produzidos até setembro, 57.136 são modelos pesados, 36.827 de semipesados, 15.725 de leves, 5.853 de médios e 1.134 de semileves.

Em setembro, a produção recuou 13,2% em relação a agosto deste ano e atingiu 14.956 veículos. Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, atribuiu essa queda ao menor número de dias úteis em setembro e às interferências pontuais que ocorreram nas fábricas com a falta de componentes. “Espero que neste semestre haja menos interferências como as que tivemos no primeiro semestre por conta da falta de semicondutores e de outras peças. Ainda temos desafios no abastecimento da linha de montagem, apesar da resiliência da equipe de logística”, disse Bonini.

As vendas de caminhões tiveram fraco desempenho com redução de 8,8% em setembro em relação a agosto deste ano, totalizando 11.502 veículos. No acumulado de janeiro a setembro, a queda foi de 2,2%, com 93.162 veículos emplacados, ante os 95.273 vendidos no mesmo período de 2021

Bonini comentou que se forem desconsiderados os dias úteis há uma estabilidade nos volumes de vendas em setembro, confirmando que o acumulado do ano de 2022 está se aproximando de 2021. “O primeiro semestre foi muito desafiador em relação à oferta de semicondutores, situação que tem se mostrado mais favorável no segundo semestre. A expectativa é de chegarmos ao fim do ano superando um pouco o volume de 2021.”

Por segmento, o mercado de caminhões não tem apresentado alterações significativas, segundo Bonini, com os modelos pesados representando mais de 50% do total vendido até setembro. “Isso mostra a importância do transporte de longa distância, o agronegócio e os segmentos tradicionais de mineração e construção que estão impulsionando esse mercado”, destacou.

Nas exportações o mercado de caminhões registrou resultado positivo, com 2.487 veículos vendidos em setembro, 6,5% a mais que em agosto deste ano, e 25,9% superior setembro do ano passado, quando foram embarcados 1.976 veículos.

De janeiro a setembro de 2022, as exportações aumentaram 7,9% com 17.977 veículos, ante os 16.659 caminhões exportados no mesmo período de 2021. Do total, 9.892 são modelos pesados e 4.396 de semipesados. Em CKD (veículos desmontados) as montadoras exportaram 4,6 mil caminhões de janeiro a setembro deste ano, 13,7% a mais que o mesmo período de 2021, quando os embarques atingiram 4.046 unidades.

Elétricos-

A venda de caminhões e ônibus elétricos e gás vem aumentando no país e atingiu 813 unidades de janeiro a setembro de 2022, ante os 119 veículos vendidos em todo o ano de 2021.

“Houve um crescimento exponencial de caminhões com tecnologias elétricas para distribuição e a gás para longas distâncias. Isso mostra como as empresas estão trazendo essas tecnologias ao país, como elas estão sendo absorvidas pelo mercado, e a importância dessas tecnologias no transporte de cargas e de pessoas. A tendência é de crescer mais”, disse Bonni.

Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, considerou muito importante o volume recorde de vendas de veículos elétricos no país. “Precisamos acompanhar e fazer políticas que levem em conta a importância da eletrificação no nosso segmento”, disse Leite.

Segundo o presidente da Anfavea, a eletrificação não pode ser vista como modismo no Brasil, mas é preciso estar atento do que acontece principalmente na Europa e nos Estados Unidos. “A eletrificação é fundamental para um setor competitivo que tem no seu DNA as diversas rotas tecnológicas da descarbonização”, ressaltou.

Empresas –

No ranking do setor, a Volkswagen Caminhões e Ônibus manteve a liderança, com 26.402 caminhões vendidos de janeiro a setembro, 4% abaixo do mesmo período do ano passado (27.498). O segundo lugar ficou com a Mercedes-Benz, que teve 22.225 veículos comercializados no país, 10,5% a menos que nos nove meses de 2021 (24.956 modelos).

A Volvo ficou em terceiro lugar com 17.873 veículos vendidos até setembro, 14,2% acima do mesmo período de 2021 (15.644 unidades), e a Scania em quarto com 8.832 caminhões, resultado25% inferior a janeiro e setembro de 2021 (11.771 veículos).

A Iveco, quinta colocada, vendeu 8.164 veículos, 36,8% a mais que nos nove meses de 2021 (5.967 unidades). A DAF, que está em sexto lugar, comercializou 4.929 caminhões, 21,9% acima do que vendeu no mesmo período do ano passado (4.043 modelos).

Ao falar sobre a Fenatran o presidente da Anfavea citou a Lat.Bus 2022, o IAA, Salão de Detroit e outros eventos, que tiveram mudanças em seu formato com mais tecnologia e foco em mobilidade e conectividade. “As feiras deixaram de ser segmentadas. O que a gente viu na Lat.Bus tem reflexo muito grande para automóveis, máquinas agrícolas porque tem tecnologia embarcada”, disse Leite.

“A Fenatran é uma feira gigante, com expectativa de mais de R$ 9 bilhões de negócios, mais de 65 mil visitantes e mais de 500 expositores, e vamos falar de tecnologia e rota para descarbonização e redução de emissões dos caminhões e outros itens.”

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