Veículo voador já é realidade? BNDES injeta R$ 200 milhões para acelerar o eVTOL da Eve

Na prática, o financiamento aproxima a Eve do início da campanha de testes exigida pela Anac para a certificação de tipo, passo essencial para colocar o veículo em operação comercial

Redação

O que antes parecia ficção científica entra em uma nova fase de concretização no Brasil. A Eve Air Mobility, empresa da Embraer dedicada à Mobilidade Aérea Urbana (UAM), acaba de receber um impulso decisivo do BNDES: R$ 200 milhões para avançar na integração dos motores elétricos e nos testes da primeira aeronave de certificação do eVTOL — sigla para “veículo elétrico de pouso e decolagem vertical”, popularmente chamado de carro voador.

O apoio combina R$ 160 milhões do Fundo Clima, voltado para tecnologias de baixa emissão, e R$ 40 milhões da linha Finem. Na prática, o financiamento aproxima a Eve do início da campanha de testes exigida pela Anac para a certificação de tipo, passo essencial para colocar o veículo em operação comercial.

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A aposta bilionária no futuro da mobilidade

A aprovação do financiamento foi celebrada em clima de conquista na B3, em São Paulo, onde a Eve comemorou recentemente sua listagem na bolsa brasileira — um movimento estratégico para ampliar a base de investidores e reforçar a capitalização da companhia, já listada na NYSE desde 2022.

“É impossível, como brasileiro, ver o eVTOL sobrevoando São Paulo e não reconhecer que estamos construindo algo revolucionário”, afirmou Alexandre Abreu, diretor Financeiro e de Mercado de Capitais do BNDES. Ele lembrou que o Banco volta ao mercado de capitais após dez anos sem esse tipo de investimento e reforçou o papel histórico da Embraer como símbolo de capacidade tecnológica nacional.

O eVTOL da Eve foi projetado para transportar quatro passageiros e um piloto, com alcance de 100 quilômetros e espaço para bagagens. São oito motores elétricos elevadores nas asas — que aumentam a redundância e a segurança no voo vertical — e um motor traseiro para deslocamento horizontal, combinação pensada para reduzir emissões e ruído em áreas urbanas.

Um mercado que já nasce com demanda

Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o projeto se insere na agenda de inovação com impacto climático e econômico. “Trata-se de uma inovação disruptiva para conectar regiões metropolitanas com menor emissão de gases de efeito estufa. O programa já soma 2,8 mil pedidos de clientes em nove países. Queremos que o primeiro voo aconteça em 2026, exatamente 120 anos depois do 14-Bis”, afirmou.

O investimento também acelera uma das etapas mais críticas do programa: a integração do sistema de propulsão elétrica. “É esse sistema que dará desempenho, segurança e confiabilidade à nossa primeira aeronave certificável”, disse o CFO da Eve, Eduardo Couto.

O novo aporte eleva para R$ 1,2 bilhão o volume de financiamentos já aprovados pelo BNDES desde 2022 para apoiar diferentes fases do desenvolvimento da aeronave, incluindo a fábrica em construção em Taubaté (SP). Em agosto, o Banco também anunciou R$ 405,3 milhões em investimento direto via BNDESPAR, marcando a retomada da atuação em renda variável.

Fundo Clima: a engrenagem verde por trás do eVTOL

Criado em 2009 e administrado pelo BNDES, o Fundo Clima é um dos principais instrumentos brasileiros de financiamento a iniciativas de mitigação das mudanças climáticas. O mecanismo apoia desde infraestrutura sustentável até desenvolvimentos tecnológicos como o eVTOL da Eve, reforçando a aposta em soluções industriais de baixo carbono.

Com a integração dos motores em andamento, a Eve entra no trecho mais complexo — e decisivo — de sua jornada rumo à operação. Se o cronograma for cumprido, o primeiro voo da aeronave certificável em 2026 poderá marcar não apenas um feito industrial, mas a entrada definitiva do Brasil na corrida global dos “carros voadores”.

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