LATAM pretende reduzir 50% da intensidade das emissões domésticas até 2030

Até outubro de 2024, a companhia recebeu sete novas aeronaves A321neo, que poluem 20% menos e estão preparadas para operar com combustível sustentável de aviação (SAF)

Sonia Moraes

A LATAM renovou a sua estratégia de sustentabilidade com ações e metas organizadas em três pilares – Mudanças Climáticas, Economia Circular e Valor Compartilhado – nas operações com passageiros e carga, visando promover o desenvolvimento social, ambiental e econômico da região.

Nas ações referentes a mudanças climáticas a companhia está investindo em eficiência energética e em novas tecnologias, como a renovação de frota e aquisição de aeronaves Aeroshark para diminuir suas emissões de carbono na atmosfera. É uma tecnologia inovadora, inspirada na pele de tubarão, que utilizando milhões de escamas, permite reduzir a fricção da fuselagem e diminuir a emissão de CO₂.

“A renovação da frota está na agenda de descarbonização da companhia, que se comprometeu a reduzir ou compensar 50% da intensidade das emissões domésticas até 2030 em cada um dos cinco países onde têm divisões (Brasil, Chile, Peru, Equador e Colômbia), estabelecendo um caminho para serem neutros em carbono até 2050”, disse Raquel Argentino, gerente de sustentabilidade e impacto social da LATAM, em entrevista à Transporte Moderno.

Segundo a gerente, entre 2011 e 2023, o grupo LATAM obteve 6,3% de eficiência no uso de combustível por meio do programa LATAM Fuel Efficiency, que promove iniciativas focadas na redução de consumo de combustível e na eficiência operacional para otimizar a sua economia. “Como resultado, alcançou economia bruta de 77 milhões de galões, o equivalente a 737 mil toneladas de CO2 que deixaram de ser emitidos.”

A LATAM tem adquirido aviões mais modernos, que consomem menos e reduzem emissões, como os modelos A320 e A321 Neo, que representam uma redução de 20%, e Boeing 787, que consome e emite 25% menos. Em 2023, a operação brasileira recebeu 15 novas aeronaves, sendo sete A321neo e oito A320neo. Em 2024, até outubro, foram sete novas aeronaves recebidas, todas A321neo. As novas aeronaves já são preparadas para operar com o SAF.

Até outubro de 2024, a frota da companhia no Brasil já contava com 39 aeronaves dos modelos Neo da Airbus em operação, totalizando 341 aviões. Até 2030 planeja incluir mais de 110 aeronaves dos modelos A320neo, A321neo e A321XLR.

A executiva destacou que o grupo tem agregado diversas iniciativas para atingir resultados. Alguns já foram incorporados rotineiramente na operação, com base na aprendizagem ano a ano e na consistência do programa. A LATAM também estabeleceu parceria com o Ministério da Defesa, Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) e a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), por meio do projeto Eficiência de Rotas, existente desde 2015, que visa a otimização de 300 rotas aéreas para reduzir as emissões de carbono, 75 delas serão permanentes. “Com base em análises climáticas e operacionais, a LATAM planeja o aeroporto alternativo mais eficiente para cada voo, reduzindo o consumo de combustível no caso de contingências.”

Essas ações, segundo a gerente, podem reduzir o consumo de combustível e, consequentemente, as emissões, sem gerar um impacto significativo nos custos operacionais da companhia. “Esse enfoque é fundamental para equilibrar as necessidades ambientais com a viabilidade financeira em curto prazo, até que o SAF se torne uma solução mais acessível e escalável.”

Outra iniciativa da companhia foi a incorporação de equipamentos de Ground Power Unit/Air Conditioner Unit (GPU/ACU) – unidade de energia terrestre e de ar condicionado – de última geração nos aeroportos de Congonhas, Guarulhos, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, que fornecem energia e ar-condicionado às aeronaves quando estão em solo, permitindo uma redução anual de quatro milhões de galões de combustível por ano. 

Com relação à meta de zero resíduos em aterros sanitários até 2027, a LATAM está desenvolvendo ações e estudando alternativas de reuso por meio de um projeto de economia circular, garantindo que os resíduos não reaproveitáveis sejam destinados ao coprocessamento.

“Em 2023, o Grupo Latam encerrou com um progresso significativo na eliminação de plásticos de uso único em todas as suas operações, alcançando uma redução de mais de 1.700 toneladas. O volume corresponde a cerca de 96% do escopo definido pelo Grupo LATAM como plástico de uso único, o equivalente a 266 milhões de sacolas plásticas. Os 4% restantes correspondem aos itens que não puderam ser substituídos ou eliminados por motivos legais, de segurança, saúde ou operacionais, ou porque não havia opções de substituição disponíveis no mercado”, conta a gerente.

Desafios para descarbonizar a aviação

Na avaliação da LATAM, o principal desafio para descarbonizar a aviação hoje é a disponibilidade do SAF. “A quantidade disponível em nível mundial é limitada e o acesso a este combustível na América do Sul continua sendo um dos grandes desafios que enfrenta a descarbonização da indústria. “É preciso um marco regulatório da descarbonização da aviação com regras claras e coerentes, segurança jurídica para investimentos, além de incentivos e tributação adequados”, afirmou Raquel. “Por outro lado, o crescimento sustentável da aviação não pode aumentar os custos a ponto de impedir o acesso das pessoas ao transporte aéreo e o aumento da conectividade.”

Segundo a gerente, a produção de SAF é suficiente para 0,15% da demanda mundial e seus valores são até cinco vezes superiores ao combustível de aviação convencional. “A América do Sul tem grande potencial de produzir o SAF, e com ele trazer contribuições significativas à ação climática. Por isso, é importante avançar em uma agenda que envolva os diferentes setores para promover sua produção em nossa região.”

A gerente considera as compensações de emissões de carbono como uma alternativa viável no curto prazo para ajudar a LATAMatingir suas metas de redução de emissões, enquanto o SAF ainda não é produzido em alta escala e com preços competitivos. “A compensação por meio de créditos de carbono, reconhecida pelo programa Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation (Corsia), permite que a companhia compense suas emissões de forma eficiente, ajudando a mitigar o impacto ambiental enquanto o SAF não está disponível em volume suficiente.”

Leia a reportagem completa sobre a descarbonização no setor aéreo na edição n° 524 da Transporte Moderno. A revista está disponível no acervo digital da OTM Editora. Clique aqui

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