A chinesa Great Wall Motors (GWM), por meio de sua marca de caminhões a hidrogênio FTXT, iniciará, no começo de 2025, os testes de um modelo de caminhão de 49 toneladas movido a hidrogênio no país. O movimento faz parte de seu compromisso global de zerar as emissões de carbono até 2045, abrangendo tanto seus produtos quanto as unidades de produção.
O gerente de ESG da GWM Brasil, Thiago Sugahara, explicou em entrevista ao portal Transporte Moderno que a decisão de incluir o modelo a hidrogênio no portfólio de veículos da empresa no Brasil é um reflexo do compromisso da marca com a descarbonização de toda sua linha de veículos, especialmente os pesados. “Os veículos movidos a células de combustível são uma solução interessante para substituir o diesel, especialmente na logística de caminhões.”
Sugahara explica que a FTXT não é apenas uma fabricante de caminhões, mas sim uma empresa especializada no fornecimento de soluções de hidrogênio, com foco em células de combustível e toda a tecnologia necessária para viabilizar veículos elétricos movidos a hidrogênio. A FTXT desenvolve e fornece a tecnologia das células de combustível a hidrogênio, que geram energia elétrica a partir da reação entre hidrogênio e oxigênio, sendo a água (H2O) o único subproduto do processo.
Na China, a FTXT já tem uma frota significativa de caminhões a hidrogênio. Até o final deste ano, a empresa terá entregado mil unidades, sendo 600 caminhões de 49 toneladas em operação desde 2019 e mais 400 modelos menores para serviços urbanos, como coleta de lixo e limpeza. No total, a China possui uma frota de cerca de 20 mil caminhões a hidrogênio, com a previsão de que esse número chegue a 30 mil no próximo ano.
Em busca de parceiros
No Brasil, a GWM está ampliando sua atuação para além da importação de caminhões a hidrogênio. O objetivo da empresa é fornecer a tecnologia de hidrogênio a parceiros locais, incluindo montadoras instaladas no país, para que possam fabricar e integrar essa solução em seus próprios veículos.
Para viabilizar a implementação dessa tecnologia, a GWM tem buscado parcerias e soluções para a infraestrutura necessária, incluindo a instalação de estações de recarga de hidrogênio. Algumas iniciativas já em andamento incluem uma estação de recarga na Universidade Federal de Itajubá (MG) e outra prevista para operar no final de 2024, na Universidade de São Paulo (USP).
“O objetivo é testar a tecnologia com carga simulada inicialmente, e posteriormente, avançar para testes em rodovias”, explicou Sugahara. O plano também prevê a instalação de equipamentos de medição para monitorar o desempenho do veículo.
Sugahara destaca que o maior desafio da GWM não é a fabricação do caminhão em si, mas sim a construção da infraestrutura necessária para o abastecimento de hidrogênio e a criação de condições ideais para o seu uso. “O Brasil tem potencial para se tornar um player importante nesse segmento, com universidades e iniciativas públicas já trabalhando na criação de estações de hidrogênio”, apontou.
Uma das grandes vantagens dos caminhões a hidrogênio é a rapidez no reabastecimento, uma característica essencial para a logística, segundo o executivo. Enquanto um caminhão elétrico tradicional pode levar de seis a oito horas para ser recarregado, o caminhão a hidrogênio com a mesma autonomia pode ser reabastecido em apenas 15 minutos em um posto de hidrogênio. “Isso aproxima a operação do caminhão a hidrogênio da dinâmica de tempo de recarga de caminhões a diesel”, finaliza Sugahara.
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