JAC lança operação própria no Brasil, planeja fábrica até 2027 e mira 5% do mercado

A marca começará a operação com quatro modelos importados da China — caminhões a diesel de 9, 13, 17 e 25 toneladas

Aline Feltrin

A JAC Motors anunciou sua entrada direta no mercado brasileiro de caminhões, em uma operação própria que marca uma nova fase da marca no país e inclui o plano de instalar uma fábrica até 2027. A iniciativa não substitui a atuação já existente no Brasil: desde 2019, a JAC está presente por meio do empresário Sérgio Habib, responsável pela importação dos caminhões elétricos — linha que continuará disponível no país sob a gestão do importador, sem integração à nova operação industrial, pelo menos por enquanto.

A ofensiva anunciada agora mira exclusivamente o segmento de caminhões a diesel. Segundo Adriano Chiarini, diretor comercial da nova operação, o evento realizado nesta semana marcou o lançamento oficial da marca para o mercado nacional, com apresentação de produtos, estratégia comercial e projeções de expansão.

Rede própria e início das vendas

A JAC começará a operação com quatro modelos importados da China — caminhões de 9, 13, 17 e 25 toneladas. Três deles já estão homologados; o de 13 toneladas aguarda apenas emissão final do certificado.

A rede comercial está prevista para ganhar escala a partir de 2026, com 18 grupos de concessionários, totalizando entre 30 e 40 lojas. Em 2027, mais 30 pontos devem ser adicionados, chegando a cerca de 60 concessionárias. Os veículos chegarão pelo porto de Itajaí (SC), com prazo logístico estimado em 90 dias.

A previsão mínima é de 700 unidades importadas no primeiro ano, volume que pode crescer conforme a demanda.

Fábrica e nacionalização

A JAC desenvolve o projeto de uma fábrica própria no Brasil para montagem CKD (veículos totalmente desmontados, enviados em peças para montagem local) ou SKD (veículos parcialmente desmontados, cuja montagem é finalizada no país), com início previsto para 2027. A unidade é considerada estratégica para elevar o índice de nacionalização e permitir a oferta de financiamentos por bancos públicos.

Segundo Chiarini, diferentes estados — entre eles Goiás, Espírito Santo, Paraná e regiões do Nordeste — apresentaram propostas de incentivos para receber o investimento. “Vamos buscar a melhor proposta para iniciar o quanto antes. A montagem será nossa, não de terceiros”, afirmou.

Portfólio e novos produtos

Nesta primeira etapa, a operação ficará focada nos modelos a diesel, embora a JAC disponha globalmente de veículos elétricos, a gás e off-road. Segundo o executivo, há intenção de trazer também um extrapesado e um modelo fora-de-estrada (6×4) no curto e médio prazo, ampliando o portfólio para atender segmentos estratégicos no país.

Os caminhões utilizam motores Cummins e transmissões ZF — conjuntos já conhecidos pela rede de manutenção brasileira. Chiarini afirma que os veículos chegam ao país com um pacote de itens de série mais amplo que o de modelos nacionais, além de cabine de melhor acabamento. “Nosso foco é entregar o melhor custo-benefício do mercado, com conforto ao motorista e competitividade ao frotista”, disse.

Participação e investimentos

A JAC pretende alcançar 5% do mercado brasileiro de caminhões até 2030. O executivo não detalhou valores de investimento, afirmando apenas que os aportes são realizados diretamente pela JAC Motors, conforme o avanço de cada fase. A atuação do importador, por sua vez, seguirá dedicada exclusivamente aos elétricos.

Com mais de três décadas no setor — incluindo passagens por Volkswagen Caminhões e Ônibus, Ford Caminhões e o segmento de máquinas agrícolas —, Chiarini lidera a implantação da nova operação, que marca o retorno industrial da marca ao país com ambição de longo prazo.

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