Demanda fraca pressiona fabricantes de caminhões pesados nos EUA

Os pedidos estão em retração — queda de 29% no acumulado do ano em relação a 2024 — enquanto estoques se mantêm próximos de recordes históricos, com 92,4 mil unidades

Aline Feltrin

Não é só o mercado brasileiro que sofre com a queda na demanda por caminhões pesados: os Estados Unidos experimentam uma realidade similar, com fabricantes de Classe 8 enfrentando retração de pedidos, estoques altos e incertezas regulatórias, segundo Dan Moyer, analista sênior de veículos comerciais da consultoria FTR, durante a Transportation Conference 2025.

“Há uma erosão na confiança das frotas”, disse Moyer, projetando que a recuperação do mercado de fretes só deve ocorrer a partir do segundo semestre de 2026.

Os pedidos estão em retração — queda de 29% no acumulado do ano em relação a 2024 — enquanto estoques se mantêm próximos de recordes históricos, com 92,4 mil unidades. Tarifas mais altas também devem ser repassadas aos compradores de frotas nos próximos três a seis meses, o que pode frear ainda mais a demanda.

Em julho, os pedidos de caminhões Classe 8 caíram 6% em relação a junho e 7% na comparação anual, totalizando 12,400 unidades, segundo a FTR. A ACT Research reportou 13,400 pedidos, queda de 13% ano a ano. Analistas destacam, porém, que julho é historicamente um mês fraco para encomendas e os números estão dentro das expectativas sazonais.

LEIA MAIS

São Paulo pode ser ponto de partida para a inspeção veicular no país
Portos Itapoá e de São Francisco do Sul preparam salto logístico com dragagem de R$ 325 milhões

Investimentos em ritmo mais lento

“O mercado foi um pouco misto, com caminhões vocacionais ligeiramente abaixo do convencional, mas o panorama geral se manteve estável”, afirmou Moyer. “Apesar de um mercado de fretes estagnado, as frotas continuam a investir em novos equipamentos, embora em ritmo mais lento. Os pedidos acumulados no ano estão ligeiramente abaixo da demanda de reposição, e os fundamentos de mercado permanecem relativamente consistentes. Esperamos reduções adicionais nos backlogs assim que os indicadores finais forem divulgados e crescimento contínuo em estoques já em níveis recordes. A pressão sobre os fabricantes para reduzir a produção continua crescendo.”

As vendas na região caíram 15% em julho, na comparação anual, e acumulam retração de 9% no ano. Embora menos intensos do que a queda dos pedidos, os números indicam que as montadoras precisarão cortar produção para evitar acúmulo maior nos pátios. Só até julho, os embarques de fábrica recuaram 19% frente ao mesmo período de 2024.

Queda expressiva da produção

Para 2025, a FTR projeta produção de 247 mil caminhões Classe 8 na América do Norte, uma queda expressiva frente às 331 mil unidades fabricadas no ano passado. O movimento é ainda mais simbólico porque o setor esperava um impulso extra das compras antecipadas relacionadas às regras de emissões da EPA27, cuja implementação acabou adiada.

“Devemos ver níveis reduzidos de produção neste ano e na primeira metade de 2026”, disse Moyer. “A boa notícia é que há perspectiva de melhora consistente no segundo semestre de 2026 e um mercado significativamente melhor em 2027, com chance até de um novo ciclo de pré-compra se as regras ambientais forem retomadas.”

Com informações do site canadense Truck News

Já segue nosso canal oficial no WhatsApp? Clique aqui para receber em primeira mão as principais notícias do transporte de cargas e logística.

Veja também