Na próxima quarta-feira, 9 de julho, termina o prazo da “trégua” de 90 dias na aplicação dos aranceles ( impostos ou taxas aplicadas sobre a importação recíprocos pelos Estados Unidos à maioria dos países do mundo. A China é exceção, com prazo estendido até 12 de agosto. Para o analista da indústria marítima Lars Jensen, “a dura realidade é que os aranceles recíprocos voltarão a ter pleno efeito”.
Ainda pairam dúvidas sobre um possível adiamento do prazo ou alterações nas tarifas, que poderão ser maiores ou menores que as anunciadas em 2 de abril, data batizada pelo mercado como o “Dia da Libertação”. A administração americana tem reiterado nas últimas semanas que qualquer mudança é possível, deixando o cenário altamente incerto.
Negociações comerciais em andamento
Os EUA mantêm negociações simultâneas com diversos parceiros, com avanços variados. No Japão, apesar dos progressos, nenhum acordo definitivo foi fechado, mantendo-se a tarifa de 25% sobre automóveis, e com ameaça de acréscimo de 24% caso o impasse persista.
Com a União Europeia, as negociações giram em torno de uma tarifa geral de 10% sobre a maioria dos produtos, além de discussões sobre isenções ou cotas para setores-chave como automotivo, aço, semicondutores e farmacêutico. O bloco europeu alertou para possíveis represálias caso não haja consenso.
O Canadá visa um acordo até 21 de julho, focando em aço, alumínio, automóveis e serviços digitais. O México registrou avanços, mas ainda não há um acordo global, contando com a proteção do T-MEC para boa parte da produção, cujo tratado passará por revisão a partir de julho de 2026, com consultas iniciando em setembro.
Para a América Latina, a expectativa é a aplicação de tarifas de 10%, exceto Nicarágua e Venezuela, com alíquotas de 18% e 15%, respectivamente. Argentina e Brasil têm negociado ativamente, enquanto Colômbia e Chile buscam proteção por seus acordos comerciais, com o Chile conquistando isenção para cobre e madeira.
No Sudeste Asiático, a situação é mais complexa, com alguns países enfrentando tarifas superiores a 40%. Vietnam, por exemplo, tem tarifas de 20% para exportações aos EUA, mas pode ser alvo de tarifas adicionais de 40% sobre “transbordos”, numa tentativa de impedir a realocação de produção chinesa para lá, conforme destaca Jensen.
Essa conjuntura pode levar a uma redução nas reservas de pedidos para os países da região, já que importadores americanos podem adotar postura “esperar para ver” antes de realizar novas compras.
Impactos na indústria marítima
Durante a trégua, a combinação da pausa tarifária com o cancelamento de itinerários (blank sailings) em abril e o estoque acumulado de produtos chineses impulsionou a demanda pelo transporte marítimo de contêineres. Linhas como Maersk e Hapag-Lloyd retomaram itinerários cancelados, e operadores de nicho ampliaram serviços na rota transpacífica. Isso elevou as tarifas spot na rota Xangai-Los Angeles, que chegaram a US$ 6.000 por FEU em junho, contra US$ 2.700 no mês anterior.
Porém, o cenário mudou. A demanda desacelerou e o avanço da temporada alta se completou, levando a queda de 15% nas tarifas spot na rota Xangai-Los Angeles, para US$ 3.180/FEU, e 11% na rota Xangai-Nova York, que recuou para US$ 5.070/FEU, conforme dados do World Container Index (WCI) da Drewry.
Se os aranceles (variando de 11% a 50%) forem reativados em 9 de julho, é provável que importadores congelem compras para evitar custos mais altos. Isso poderá levar as linhas marítimas a reduzir serviços, elevando novamente o número de blank sailings.
Com informações do site chileno Mundo Marítimo.
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