A indústria de autopeças encerrou 2024 com déficit comercial de US$ 13,1 bilhões, o que representou aumento de 34,0% em relação ao saldo comercial negativo de US$ 9,8 bilhões registrado em 2023, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) consolidados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).
O saldo negativo no ano passado é decorrente da movimentação maior das importações, que totalizaram US$ 21,0 bilhões com aumento de 11,5% em relação aos US$ 18,7 bilhões alcançados em 2023. Segundo o Sindipeças, isso ocorreu devido a expansão do mercado doméstico. “Com o avanço dos veículos elétricos e híbridos, que incorporam elementos mais sofisticados tecnologicamente e com escala ainda reduzida, as importações de peças dessa natureza têm dominado a pauta de importações do setor automotivo.”
O resultado das exportações foi inverso com redução de 12,9%, atingindo US$ 7,8 bilhões em 2024, enquanto em 2023 chegou a US$ 9,0 bilhões. Em relação a 2022, a retração foi de 5,5%.
O Sindipeças destaca que as operações de vendas ao exterior pela indústria automotiva brasileira tiveram fraco desempenho em 2024, apesar dos expressivos resultados obtidos em termos de produção e comercialização interna.
Nas autopeças o recuo das vendas ocorreu em mercados importantes para o comércio de peças brasileiras, como Argentina (- 17,7%) e Alemanha (-34,6%) – ambas afetadas pela queda do nível de atividade econômica –, assim como Colômbia (-28,0%) e Itália (-23,5%).
A Argentina, maior parceira comercial do setor automotivo brasileiro, representando cerca de 35% das vendas de autopeças ao exterior, ao enfrentar rigoroso ajuste macroeconômico, tem motivado projeções de queda do PIB entre 3,5% a 4,0% para 2024. “Mesmo com a diminuição do prazo de acesso ao mercado oficial de câmbio (MULC) para 30 dias, voltado ao pagamento de importações, lembrando que no início do governo havia sido instituído parcelamento em 30, 60, 90 e 120 dias, e a redução do imposto de importação (PAIS2) de 17,5% para 7,5% sobre todos os bens adquiridos no exterior, essas medidas ainda não tiveram efeito pleno, mostrando-se insuficientes para impulsionar as exportações de veículos e peças para o país vizinho no último ano”, esclarece o Sindipeças.
Em dezembro de 2024, período em que acontecem paralisações e férias coletivas nas montadoras e empresas de autopeças, as exportações de peças e componentes totalizaram US$ 618,6 milhões, com incremento de 2,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior (US$ 601,4 milhões) e retração de 12,0% sobre os US$ 702,9 milhões registrados em novembro de 2024. Para as importações, o resultado (US$ 1.548,10 milhões) foi 17,8% acima de dezembro de 2023 e queda de 10,2% sobre novembro.
Exportações
Do total de componentes exportados para 212 mercados, a Argentina ficou com 34,6% de participação em 2024, com US$ 2,71 bilhões de componentes adquiridos do Brasil, 17,7% a menos que em 2022, seguida pelos Estados Unidos, que teve 17,5% de participação, com US$ 1,37 bilhão, 0,2% inferior a 2023.
Na sequência está situado o México, que absorveu US$ 923,3 milhões, 2,3% a mais que no ano passado, ficando com 11,8% do total, a Alemanha, que teve 5,1% de participação, com US$ 401,6 milhões, redução de 34,6% sobre 2023, e Chile, atingiu US$ 249,5 milhões, aumento de 4,1% e 3,2% de participação.
Importações
Nas importações provenientes de 195 países, a China continua sendo o principal mercado de origem das peças adquiridas pela indústria local, posição que ocupa desde 2018. Em 2024, as importações de autopeças chinesas cresceram 28,5% frente ao ano anterior, totalizando US$ 3,86 bilhões, e a participação foi de 18,5%.
As vendas feitas pelos Estados Unidos atingiram US$ 2,24 bilhões, com queda de 5,6% em relação a 2023 e a participação foi de 10,7%.
A Alemanha teve 9,0% de representatividade, com o total de US$ 1,88 bilhão, 4,4% superior a 2023. O Japão, que aparece em quarto lugar no ranking, teve 8,3% de participação, com US$ 1,73 bilhão, 17,2% inferior ao ano anterior.
O Sindipeças destaca que, apesar da participação relativa não ser tão expressiva, houve aumento em dois dígitos das importações provenientes do México (16,3%), Suécia (26,9%), Turquia (22,7%), França (15,7%), Índia (13,3%) e de países situados no Leste Europeu, como Polônia, Romenia e República Tcheca.
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique aqui para receber em primeira mão as principais notícias do transporte de cargas e logística.