Rota do contrabando: a luta contra o tráfico de caminhões roubados nos anos 80

Em 1986, a jornalista Valdir Santos revelou em sua reportagem a complexidade do contrabando de caminhões entre Brasil, Paraguai e Bolívia, expondo a pressão de sindicatos, a corrupção e a ineficácia das autoridades na tentativa de resolver o problema

Aline Feltrin

Na década de 1980, o contrabando de caminhões, especialmente na região da fronteira entre o Brasil, Paraguai e Bolívia, representava um desafio de difícil solução. Para entender melhor essa realidade, a jornalista Valdir Santos foi enviada ao Paraguai em 1986, onde produziu uma reportagem publicada na edição 291 da revista Transporte Moderno, de abril daquele ano.

A matéria abordou uma tentativa ousada de bloquear temporariamente o tráfego de caminhões roubados, proposta por sindicatos de transportadores com o apoio de autoridades brasileiras. A medida visava pressionar o governo paraguaio a devolver veículos roubados que estavam sendo usados para contrabando e até tráfico de drogas. No entanto, o bloqueio foi suspenso após intensas pressões políticas, incluindo a intervenção do então governador do Paraná, Álvaro Dias, e do superintendente da Polícia Federal, Romeu Tuma.

Segundo a reportagem, o bloqueio de cargas de caminhões roubados inicialmente surgiu como uma tentativa de forçar a devolução desses veículos, que estavam circulando ilegalmente no Paraguai. Organizações de transportadores e autoridades brasileiras esperavam uma reação do governo paraguaio, que, contudo, mostrou-se relutante em adotar medidas eficazes. A suspensão da medida aconteceu após uma reunião com autoridades brasileiras, mas com a promessa de retomar o bloqueio se não houvesse ações concretas até 7 de maio daquele ano.

Além das pressões políticas, a reportagem revelou as dificuldades estruturais que impediam a resolução do problema, como a corrupção e a burocracia tanto no Brasil quanto no Paraguai. Advogados e policiais paraguaios facilitavam a comercialização de caminhões roubados, alimentando um mercado negro ativo que dificultava a identificação e devolução dos veículos ao Brasil. A falta de fiscalização rigorosa e a colaboração de figuras chave no governo paraguaio com os contrabandistas tornaram ainda mais complexa a solução para o problema.

O cenário descrito por Valdir Santos em 1986 expôs uma realidade onde interesses econômicos e corrupção dificultavam a ação das autoridades, tanto brasileiras quanto paraguaias, comprometendo os esforços para combater o contrabando de caminhões e devolver os veículos roubados aos seus legítimos donos.

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