A Iveco traçou planos ambiciosos para o ano de 2025. Segundo Marcio Querichelli, presidente da companhia para a América Latina, a expectativa é de um avanço superior a projeção de 5% de crescimento do mercado, estimada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A marca não tem um número cravado, porém, em conversa com jornalistas, na última sexta-feira (13), Querichelli arriscou que há chances para que o aumento das vendas de caminhões da Iveco seja entre 10% e 15%.
Esse crescimento estaria diretamente ligado à estratégia de expansão da marca no Brasil, que foi impulsionada em 2024 com o lançamento do modelo pesado S-Way. De acordo com Querichelli, a Iveco tem adotado uma política agressiva de preços, oferecendo o S-Way a valores mais competitivos do que os praticados por seus concorrentes Volvo e Scania, com o objetivo de conquistar transportadores que tradicionalmente preferem essas marcas. Além disso, o executivo garante que o modelo destaca-se pela eficiência no consumo de combustível, um ponto que tem sido muito bem recebido pelos clientes.
“Os nossos clientes já perceberam as vantagens em termos de custo-benefício e economia de combustível. Em 2025, nosso objetivo é intensificar a comunicação sobre esses diferenciais do S-Way”, afirmou Querichelli.
Desde o lançamento do S-Way em 2023, a Iveco já vendeu 4 mil unidades no Brasil. Um dos maiores compradores do modelo é a Buzin Transportes, de Porto Alegre (RS), que em novembro deste ano anunciou a aquisição de 50 unidades do modelo 540 cv, com tração 6×4. Os novos caminhões operarão com rodotrem, em rotas que vão de Sul a Norte do país.
A negociação foi realizada com a concessionária Iveco Mattana, que possui várias unidades no Rio Grande do Sul. A Buzin Transportes já havia adquirido as primeiras unidades do S-Way logo após seu lançamento e, com a compra das novas 50 unidades, a frota da empresa contará com 100 caminhões Iveco.
Leonardo Buzin, diretor da Buzin Transportes, destacou que a decisão de continuar investindo no modelo S-Way veio após os testes realizados com um dos primeiros caminhões adquiridos. “A performance do veículo, aliada à competitividade no preço e na eficiência de consumo, foi decisiva para a expansão da frota com a Iveco”, revelou.
Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), até novembro deste ano, a Iveco detinha uma participação de 7,4% no mercado brasileiro, considerando todos os segmentos em que a marca atua, desde os semileves até os pesados. No entanto, de acordo com os cálculos da própria Iveco, essa participação é ainda maior. Isso ocorre porque os dados da Fenabrave não incluem o volume de vendas da Daily 35, o modelo semileve mais vendido pela marca.
Expansão da frota movida a gás
Além de fortalecer sua posição no segmento de caminhões a diesel, a Iveco está focada na expansão de sua participação no mercado de veículos movidos a gás. De acordo com Marcio Querichelli, a empresa já tem 100 unidades a gás encomendadas no Brasil, das quais 30 são destinadas ao Grupo Cetric. A boa expectativa para esse segmento é, em parte, impulsionada pela apresentação do modelo Tector com tecnologia a gás durante a Fenatran deste ano, ampliando as opções disponíveis para o mercado.
A ampliação da infraestrutura de abastecimento no Brasil também é vista como um fator-chave para o aumento da demanda por caminhões a gás. O executivo destaca que importantes ‘corredores azuis’ de abastecimento já estão em operação, facilitando o uso dessa tecnologia mais sustentável e competitiva. Exemplos incluem rotas entre São Paulo e Rio de Janeiro, além da ligação entre São Paulo e Curitiba (PR).
Outro fator que deve impulsionar as vendas de caminhões a gás é a recente aprovação de uma resolução do Contran que aumenta para 7 toneladas a capacidade do eixo dianteiro de veículos pesados a gás. A medida, que também se aplica a modelos elétricos e movidos a hidrogênio, permite que esses veículos não percam tanta capacidade de carga, tornando-os mais competitivos no mercado.
Atualmente, a Scania lidera as vendas de caminhões a gás no Brasil, mas, segundo Querichelli, a Iveco prevê um aumento da demanda e novas oportunidades de negócios em 2025. O executivo destacou que a empresa já possui diversas prospecções para o próximo ano, embora não tenha revelado um número aproximado de contratos em andamento.
A fábrica da Iveco em Sete Lagoas, em Minas Gerais, tem capacidade para uma produção em larga escala de caminhões a gás. No entanto, esses veículos não são produzidos para estoque, mas sob demanda.
Para o futuro, a Iveco tem planos de alcançar no Brasil uma participação de mercado de caminhões e ônibus a gás semelhante à sua presença na Europa, onde cerca de 80% das vendas no segmento são de veículos a gás, com mais de 50 mil unidades em operação. A estratégia visa consolidar a marca como um líder na transformação do setor de transporte no Brasil, focando em soluções sustentáveis e competitivas.