A decisão do presidente argentino Javier Milei de reduzir os direitos de exportação a fim de julho impulsionou um repunte significativo do setor agrícola do país, com impacto direto no comércio internacional e no mercado de transporte marítimo. Entre 28 de julho e 10 de agosto, foram despachadas 4,6 milhões de toneladas de grãos e derivados, o maior volume consecutivo em duas semanas desde abril de 2022, segundo dados da AXSMarine, empresa especializada em monitoramento e análise do tráfego marítimo.
O movimento coincidiu com operações inéditas para a China, que adquiriu pela primeira vez dois carregamentos de farelo de soja e um de milho, após ter aprovado oficialmente as importações em 2019 e 2023. Segundo o relatório, a diversificação das compras chinesas, além de Brasil e Estados Unidos, poderia oferecer suporte adicional às exportações argentinas e à demanda por navios Panamax no Atlântico Sul.
No primeiro semestre de 2025, as exportações agrícolas argentinas somaram 41,3 milhões de toneladas, aumento de 5,3% em relação ao ano anterior, em parte impulsionado pelo adiantamento de embarques antes da alta de impostos em junho. A medida de Milei, anunciada em 26 de julho, reduziu tarifas para 26% na soja, 24,5% no farelo de soja e 9,5% no milho, provocando rápida reação do mercado. O preço FOB do milho amarelo argentino subiu quase US$ 9, alcançando US$ 203,84 por tonelada entre 26 de julho e 11 de agosto.
O mercado de transporte marítimo também se recuperou. As tarifas de frete na rota P6 (ECSA para China/Ásia) passaram de US$ 13.600/dia no início de agosto para US$ 14.129/dia em 12 de agosto, superando o desempenho do índice P5TC, que continuou em queda.
Além disso, a estabilidade climática favoreceu a colheita e o plantio da próxima temporada. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), Argentina projetava aumentos de 19% nas exportações de soja, 43% em milho, 19% no farelo de soja e 17% no trigo para 2024-25. Apesar dos avanços, desafios estruturais, como altos custos logísticos e infraestrutura deficiente, ainda permaneciam, mas o repunte do comércio com a China e a competitividade renovada frente a Brasil e EUA proporcionaram um cenário mais promissor para o setor.
Com informações do site chileno Mundo marítimo.
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