Após ser descontinuado em 2023, o caminhão extrapesado Axor está de volta ao portfólio da Mercedes-Benz no Brasil. Com mais de 100 mil unidades emplacadas desde 2005, o modelo retorna em uma nova geração. A interrupção da produção do Axor ocorreu no contexto de transição para a legislação ambiental Proconve P8 (equivalente à Euro 6), que exigia investimentos significativos na adaptação da antiga plataforma equipada com o motor OM457.
Além disso, o modelo já havia saído de linha na Europa. “Dentro da estratégia global de harmonização tecnológica e ganho de escala, o Axor não fazia mais sentido naquele momento”, afirmou Jefferson Ferrarez, vice-presidente de vendas marketing e peças & serviços caminhões da Mercedes-Benz do Brasil.
Agora, o modelo renasce sobre a mesma base mecânica do Actros, com motor OM460 de 13 litros e transmissão automatizada Powershift 3. O novo Axor, no entanto, é mais enxuto em eletrônica embarcada, característica pensada para atender pequenos e médios transportadores que representam uma parte considerável das vendas de caminhões extrapesados no país
A cabine mantém a arquitetura da geração anterior, mas recebeu atualizações ergonômicas e de conforto. O modelo será oferecido nas configurações 2038 4×2 (380 cv) e 2545 6×2 (450 cv), com opção de suspensão pneumática, cabine de teto alto ou baixo e freio motor Top Brake. Os preços partem de R$ 698 mil para a versão 4×2 e R$ 738 mil para a 6×2, valores promocionais de lançamento. Após esse período, os preços poderão sofrer reajuste de até 3%. A meta da montadora é comercializar mil unidades até dezembro de 2025.
“O Axor voltou porque a estrada pediu. O mercado precisava de uma solução robusta, mais acessível e com tecnologia suficiente, sem exageros. O novo modelo traz esse equilíbrio”, resumiu Ferrarez.

Mercado-alvo e estratégia de posicionamento
O retorno do Axor visa atender especificamente à parcela de transportadores que demanda tecnologia atualizada, mas com menor complexidade eletrônica e maior previsibilidade de manutenção — pontos críticos para quem trabalha com margens apertadas. “A solução precisa caber no bolso do motorista e do pequeno empresário”, afirma Ferrarez.
A nova geração será complementar ao portfólio atual da marca, sem “canibalizar” o Actros, modelo mais sofisticado da linha. “Vamos manter todas as versões do Actros. O portfólio estará completo, e o mercado decidirá como atuar. O Axor é uma opção mais espartana, mas com a mesma robustez e segurança que nossos clientes esperam”, explica o executivo.
Além do mercado interno, a Mercedes-Benz avalia a exportação do novo Axor para países da América Latina que já adotaram, ou estão em fase de transição para, a legislação Euro 6, como México, Chile e Argentina. Uma versão off-road também está em estudo, mas ainda depende de avaliação técnica e da demanda de mercado.
O relançamento ocorre em um momento desafiador para a indústria de caminhões no Brasil. As vendas de modelos pesados — categoria na qual o Axor se insere — somaram 24.708 unidades no primeiro semestre de 2025, queda de 16% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram comercializadas 29.418 unidades. Por isso, a Fenabrave revisou para baixo as projeções do setor. A nova estimativa aponta para 113.562 caminhões emplacados em 2025, uma retração de 7% frente a 2024 (122.099 unidades). A previsão anterior indicava crescimento de 4,5%. O encarecimento do crédito tem sido o principal fator inibidor de novos negócios.
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