Estudo da USP revela potencial da Ferrogrão para maximizar exportação de soja para a Ásia

A Ferrogrão pode reduzir a dependência do transporte rodoviário, aliviando a sobrecarga no Porto de Santos e favorecendo o escoamento da produção agrícola diretamente para a região Norte, sem prejudicar outros portos estratégicos

Redação

Um estudo desenvolvido pelo CILIP (Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária) da Universidade de São Paulo (USP) e pela Fundação Vanzolini aponta como a construção da ferrovia EF-170, conhecida como Ferrogrão, pode impulsionar as exportações de soja brasileira para a Ásia, ao mesmo tempo em que reduz o impacto no restante dos corredores logísticos do país.

O estudo, intitulado “Avaliando um novo terminal intermodal usando o processo de decisão Markov: Um estudo de caso na ferrovia Ferrogrão”, foi conduzido pelos professores Daniel de Oliveira e Ronaldo Benevides Veloso. Utilizando o modelo matemático Markov, a pesquisa analisou a viabilidade de um novo corredor ferroviário de 933 quilômetros, ligando os municípios de Sinop, no Mato Grosso, e Itaituba, no Pará, e como ele poderia otimizar a exportação de soja para mercados asiáticos.

De acordo com o professor Oliveira, a Ferrogrão pode reduzir a dependência do transporte rodoviário, aliviando a sobrecarga no Porto de Santos e favorecendo o escoamento da produção agrícola diretamente para a região Norte, sem prejudicar outros portos estratégicos. “Este corredor ferroviário tem o potencial de aumentar a competitividade da soja brasileira, ao substituir parte do fluxo rodoviário atualmente destinado aos portos da região Norte”, afirma Oliveira.

O estudo também aponta que a implementação da Ferrogrão não afetaria significativamente os outros corredores logísticos, como os que servem os portos de Manaus, Santarém e São Luís. Os dados indicam que o novo modal ferroviário não reduziria a demanda por esses portos, que continuam sendo importantes para escoar as safras para diferentes destinos, especialmente em mercados fora da Ásia.

A análise de impacto revelou ainda que a Ferrogrão pode ampliar a área de influência da soja, expandindo de 20 para 33 cidades a zona de silos que se beneficiariam diretamente do novo sistema de transporte ferroviário. Em contrapartida, a zona de silos que atualmente abastece o Porto de Santos passaria de 44 para 37 cidades, refletindo a redistribuição da demanda.

Impacto econômico

Outro aspecto relevante é o impacto econômico do projeto. A Ferrogrão promete gerar um aumento significativo na rentabilidade por saca de soja. De acordo com o estudo, o custo de logística mais baixo poderia elevar a renda média por saca de R$ 12,25 para R$ 15,25, representando um ganho de R$ 3,00 por saca, considerando o preço de mercado da soja em torno de R$ 150,00 e o custo do diesel a R$ 6,00.

A redução nos custos logísticos também resulta em benefícios ambientais. A ferrovia pode contribuir para uma redução de cerca de 60% nas emissões de gases de efeito estufa, ao diminuir a distância média de transporte por caminhão, que passaria de 914 para 171 quilômetros, promovendo uma forma mais sustentável de escoamento das safras.

Em resumo, a Ferrogrão não só promete otimizar o transporte da soja para os mercados asiáticos, como também mantém a competitividade dos outros corredores logísticos e traz vantagens econômicas e ambientais significativas, solidificando seu papel como um elemento chave na estratégia de exportação agrícola do Brasil.

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