A Greenbrier Maxion, fabricante de vagões, mantém como premissa para 2025 os investimentos em inovação, tecnologia, mão de obra qualificada, qualidade dos produtos, processos e serviços, atrelados aos pilares de ESG.
O CEO da companhia, Eduardo Scolari, acredita que o setor ferroviário demandará novos vagões no próximo ano, pois existem muitos vagões e componentes ociosos e com baixa produtividade. “Atualmente 24.400 mil vagões da frota brasileira em operação já passaram dos 50 anos, e 9,3 mil tem mais de 65 anos, o que demanda uma série de substituições e novas aquisições para garantir a segurança operacional e produtividade da ferrovia, porém esse mercado ainda é imaturo e com vários parâmetros indefinidos no Brasil”, disse Scolari ao portal Transporte Moderno.
O executivo destaca que é preciso um trabalho mais efetivo e conjunto entre governo, indústria e ferrovia para criar um programa de compra de vagões em longo prazo, o que proporcionaria grandes benefícios a todos, gerando empregos e a continuidade dos desenvolvimentos de produtos e serviços.
Scolari citou a criação da Frente Parlamentar Ferroviária, movimento que facilitará o diálogo das empresas com o governo federal, aumentando a competitividade dos produtos brasileiros, incentivando a troca de trens sucateados e igualando a carga tributária do segmento à de outros modais de transporte. “A troca de vagões e locomotivas com mais de 50 anos pode reduzir o consumo de combustíveis em 58 milhões de toneladas por ano, diminuindo também as emissões de carbono em 150 mil toneladas e aumentando a produtividade das concessionárias em 30%, o que demonstra o modal como crucial para as questões ESG.”
Está no planejamento do Ministério dos Transportes, por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o investimento de R$ 193 bilhões em ferrovias, sendo R$ 74 bilhões na renovação das concessões, R$ 79 bilhões nas novas concessões e R$ 40 bilhões em privatizações. “Estamos bastante otimistas com o mercado ferroviário brasileiro para os próximos anos. Temos visto grande interesse, não só de operadoras, mas também de usuários, em expandir sua logística para as ferrovias”, afirmou Scolari.
Demanda para 2024
Em 2024, a demanda da Greenbrier Maxion se mantém no patamar dos últimos dois anos. Um marco importante para o setor neste ano, segundo Scolari, foi a aprovação por mais 30 anos das renovações das principais concessões ferroviárias brasileiras, como Vale, MRS e Rumo, faltando apenas a concessão da VLI, que voltou a caminhar com a aprovação da ANTT para a reabertura das audiências públicas. “Há também novas concessões ferroviárias já assinadas, como a ferrovia Norte-Sul conquistada pela Rumo, que iniciou sua operação em 2023, a ferrovia FIOL-1 conquistada pela Bamin, com início de operação previsto entre 2026 e 2027, de acordo com a ANTT, e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), que está sendo construída pela Vale em contrapartida pelo valor de outorga na prorrogação antecipada da EFVM (Vale). Existem também os projetos futuros a construir, como a Ferrogrão e os trechos da FIOL 2 e 3.”
Ele ciou a a autorização do governo federal para o início das negociações para a renovação antecipada da Ferrovia Transnordestina Logística, e da Ferrovia Tereza Cristina. A Ferrovia Transnordestina Logística, controlada pelo grupo siderúrgico CSN, opera a malha Nordeste, de 1.237 km de extensão, que liga o porto de Itaqui, no Maranhão, ao porto de Pecém, no Ceará. E a Ferrovia Tereza Cristina opera a malha Tereza Cristina, de 164 km de extensão, que conecta 14 municípios do estado de Santa Catarina.
“O governo federal também lançou o programa Pró Trilhos. Previsto na Medida Provisória 1.065/2021, permite que novas ferrovias sejam construídas pelo regime de autorização, por livre iniciativa do setor privado, que hoje só investe em projetos de concessão leiloados pelo governo. O programa recebeu 96 requerimentos, das quais 46 já foram autorizadas, representando R$ 260 bilhões em investimentos e 12,3 mil quilômetros de novos trilhos.
Com as autorizações ferroviárias, o Ministério dos Transportes espera elevar dos atuais 20% para 40% a participação do modal na matriz de transportes até 2035, com a expansão das ferrovias de 30 mil para 35 mil km. Os investimentos nas concessões dos portos também otimizarão a conexão entre ferrovias e terminais.”
A Greenbrier Maxion possui capacidade produtiva nominal de 10 mil vagões por ano, mas adequou sua capacidade de produção para 1.500 vagões devido a demanda atual do mercado, que está bem abaixo da capacidade das indústrias. “Mas acreditamos que os próximos anos serão melhores. A projeção da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) é de encerrar 2024 com a produção de 1.600 vagões”, disse Scolari.
Destaque na Maiores do Transporte & Melhores do Transporte
A Greenbrier Maxion foi destacada durante a premiação Maiores do Transporte & Melhores do Transporte na categoria indústria ferroviária com a maior em receita operacional líquida e como a melhor entre as maiores da indústria do transporte por apresentar bom desempenho financeiro em 2023.
Scolari afirma que o gerenciamento do caixa foi um fator importante para melhora do resultado operacional da companhia. “A geração liquida de caixa atingiu R$ 141 milhões em 2023. Com a melhor geração de caixa, foi possível efetuar a liquidação antecipada das debêntures, reduzindo assim, custos financeiros.”
Em seu portfólio a Greenbrier Maxion possui mais de 30 modelos de vagões com projetos customizados para as necessidades de cada cliente, de acordo com a carga a ser transportada e características de cada ferrovia.
“Além do desenvolvimento e produção de vagões, a empresa possui uma linha dedicada a serviços instalada em um galpão, que recebe vagões que necessitam de revisão, manutenção, reforma, modernização e transformação. Os serviços são personalizados e pensados para as necessidades específicas de cada cliente, e podem ser realizados de forma modular ou sistêmica, tanto na fábrica da Greenbrier Maxion quanto nas instalações dos clientes”, revelou Scolari.