Redação
A crise no setor de transporte de cargas no Rio Grande do Sul ameaça não apenas a estabilidade das transportadoras, mas também a capacidade dos clientes de escoar suas produções até o porto. O alerta foi dado por membros de uma comissão de contêineres que foi recentemente retomada pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Rio Grande do Sul (SETRCERGS).
Segundo a comissão, caso a situação persista, a falta de reajustes nos fretes pode resultar em um êxodo ainda maior de transportadoras e motoristas autônomos, colocando em risco a logística de exportação do estado. As condições precárias das estradas, agravadas pelas recentes enchentes, têm aumentado significativamente os custos de manutenção e operação das empresas de transporte.
O diretor da Transportadora Augusta e integrante da comissão do SETCERGS, César Augusto Schultz, disse que as condições das estradas, que já eram ruins, pioraram muito com as enchentes, o que aumenta o custo de manutenção e prejuízos com pneus. “Além disso, o diesel teve grandes aumentos recentemente, assim como os insumos em geral. O custo de manutenção mais que triplicou em cinco anos.”
Impactos nos custos operacionais
Schultz também mencionou o impacto das enchentes nos custos operacionais. Segundo ele, com as enchentes, muitos desvios tiveram que ser feitos, veículos ficaram parados por muito tempo e, depois, a urgência dos clientes aumentou. “A falta de terceiros para a operação obriga o transportador a fazer altos investimentos que não se justificam pelo baixo valor pago pelos fretes. Em resumo, as empresas que operam com contêineres praticamente estão pagando para trabalhar.”
Mario Fernando Neutzling, transportador de São Lourenço do Sul, compartilha as dificuldades sentidas na prática: “Trabalho no transporte de tabacos há mais de uma década, mas agora, nos últimos tempos, está ficando praticamente impossível, pois os fretes não são reajustados. O óleo diesel está muito caro, a manutenção do caminhão é muito alta e, para piorar, as estradas na região de Encruzilhada estão praticamente intransitáveis. Está muito difícil de trabalhar”, lamentou Neutzling.
O SETCERGS reforça a necessidade urgente de reajustes nos fretes e de ações efetivas do poder público para melhorar a infraestrutura rodoviária. Segundo a entidade, sem a implementação dessas medidas, a crise no setor poderá comprometer significativamente a competitividade das exportações gaúchas e a viabilidade das operações logísticas no estado.
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