Dia Internacional da Mulher no Mar: conheça a trajetória de uma marítima brasileira

Dados revelam que as mulheres representam apenas 2% da força de trabalho no setor marítimo, uma delas é Rafaela Larissa Pereira que há uma década está na equipe da Norsul

Apesar do potencial para o crescimento da participação feminina, as indústrias marítimas e offshore ainda são majoritariamente dominadas pelos homens. Dados de uma pesquisa realizada pela IMO e WISTA – rede global de apoio às executivas do mar – revelam que as mulheres representam apenas 2% da força de trabalho no setor marítimo.

Redação

Neste sábado (18) a Organização Marítima Internacional (IMO) celebra o Dia Internacional da Mulher o Mar. A data foi criada em 2022 para provocar reflexões sobre um mercado ainda pouco inclusivo e acolhedor para as marítimas do mundo.

Apesar do potencial para o crescimento da participação feminina, as indústrias marítimas e offshore ainda são majoritariamente dominadas pelos homens. Dados de uma pesquisa realizada pela IMO e WISTA – rede global de apoio às executivas do mar – revelam que as mulheres representam apenas 2% da força de trabalho no setor marítimo.

Uma dessas mulheres é Rafaela Larissa Pereira Sá, de 37 anos, que desempenha o papel de Oficial de Náutica na empresa de cabotagem Norsul. Engenheira de formação, Rafaela iniciou sua jornada profissional realizando o curso ASON (Acesso à Carreira de Oficial de Náutica), projetado para indivíduos com formação superior. Há uma década, ela tem sido uma presença indispensável na equipe da Norsul, com seis desses anos dedicados ao serviço a bordo do navio Juruti, responsável pelo transporte de bauxita das minas do Pará.

Rafaela, mãe de Giovanna, tirou licença assim que descobriu a gravidez, retornando ao trabalho apenas sete meses após o nascimento de sua filha. Durante o período pós-parto, encontrou um ambiente caloroso e solidário a bordo do navio Pio Grande, onde várias outras mulheres compartilhavam experiências similares, sob o comando de um conhecido de longa data. Esse ambiente foi essencial para preservar sua saúde mental diante da distância de sua casa.

Como mãe e profissional marítima, Rafaela destaca a importância de ser realocada para um ambiente que ofereça suporte psicológico. “Para nós, marinheiros, o navio é como nossa segunda casa, e assim como em casa, nós construímos laços fraternos sólidos. Portanto, retornar a um local onde podemos contar com apoio e acolhimento é fundamental”, enfatiza.

Trabalho e maternidade

Um dos maiores desafios de trabalhar embarcada, especialmente sendo mãe, é conciliar o trabalho com a maternidade. Rafaela sempre priorizou sua carreira, batalhando para alcançar sua posição atual e creditando seu sucesso à rede de apoio que construiu ao longo de sua jornada.

“Enfrentar o preconceito ainda presente nesse mercado e lidar com a distância das pessoas que mais amamos são desafios significativos. É difícil aceitar a ausência nos momentos mais importantes da vida de nossos filhos e familiares, tanto nos momentos de alegria quanto nos de tristeza. No entanto, para mim, que lutei muito por minhas conquistas, o fato de poder contribuir para o sustento de minha filha e de minha família é motivo de grande orgulho e me dá a certeza de que estou seguindo o caminho certo.”

Rafaela, com base em sua experiência, destaca um aspecto fundamental que gostaria de ver melhorado na indústria marítima: a segurança no retorno ao trabalho para as mães marinheiras. “O fato de o mercado de trabalho ainda não ser tão favorável para essas mulheres é um desafio que pode pesar muito na decisão de se tornar mãe, com certeza.”

Planejamento e imprevistos

Como conselho para mulheres que aspiram seguir essa carreira, a oficial Rafaela enfatiza a importância do planejamento, de contar com uma rede de apoio sólida e de manter uma boa saúde mental para lidar com os desafios da vida pessoal e profissional. “Também precisamos aceitar que imprevistos acontecem e, muitas vezes, não podemos fazer nada por estarmos longe.”

No contexto do Dia Internacional da Mulher do Mar, Rafaela vê o reconhecimento e a celebração como um lembrete de que as mulheres marinheiras não estão sozinhas. “Aos poucos, estamos superando o preconceito com muito esforço, e esse reconhecimento é essencial para que nós e as futuras gerações não tenham medo de escolher a carreira marítima. Reconhecemos seus esforços, celebramos suas conquistas e continuaremos avançando juntas em direção ao sucesso”, conclui.

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