Aline Feltrin
A Argentina que, historicamente, é o principal destino de exportações da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) na América do Sul, agora passa a contar com fabricação de modelos da marca. A montadora informou que iniciará a montagem de dois caminhões da linha Delivery (9.170 e 11.180) e de dois da família Constellation (17.280 nas versões rígida e cavalo-mecânico), além do Volksbus (15.190 OD). A projeção inicial é de produção de 800 unidades neste ano, com capacidade para chegar a 2.700 veículos.
Em nota, o presidente e CEO da VWCO, Roberto Cortes, disse que o objetivo é replicar na Argentina a mesma fórmula que a companhia utilizou para crescer no mercado brasileiro de caminhões. Cortes cita, por exemplo, que, nos últimos anos, a VWCO lançou diversos produtos sob medida para o transportador argentino e já tinha apoio da rede de concessionárias. Contudo, faltava uma produção para acelerar a participação no mercado.
A iniciativa da VWCO ocorre em um momento de queda na produção de veículos no país vizinho por causa da má situação econômica. Conforme dados da Adefa, associação que reúne as fabricantes locais, a produção nacional de abril registrou uma queda de 0,4% em relação a março e uma diminuição de 21,0% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Comparando os primeiros quatro meses de 2024 com relação a 2023, foi registrada uma queda de 22,6%.
Ainda conforme dados da Adefa, as vendas para concessionárias em abril tiveram redução de 25,6% em relação a março e uma diminuição de 33,6% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Comparando os primeiros quatro meses de 2024 em relação a 2023, foi registrada uma queda de 18,0%.
Estratégia acertada
Consultado pelo portal Transporte Moderno, o professor da FGV, Antonio Jorge Martins, acredita que, mesmo com a redução drástica da capacidade produtiva em detrimento da diminuição do consumo interno, a estratégia da VWCO é acertada. Sobretudo porque o país está em fase de reestruturação econômica e precisa melhorar a sua infraestrutura para atrair investimentos. Segundo Martins, naturalmente, esse movimento demanda a necessidade por caminhões.
“A melhoria da infraestrutura almejada nos dias de hoje é parte dessa reestruturação econômica, direcionada a gerar saldo primário”, explica Martins. Na visão do professor, é normal que isso estimule o investimento privado. “Além disso, a fabricação local evita a saída de divisas e o uso de dólares para importação pelo Brasil.”
Plano de internacionalização
A iniciativa é mais uma etapa da empresa rumo à internacionalização da marca. O supervisor de vendas internacionais da VWCO, Matheus Francesco, disse recentemente ao portal Transporte Moderno que o plano de internacionalização da VWCO envolve fortalecer a posição em todos os mercados em que a empresa já atua e também a abertura de operações próprias em novas regiões. “Um dos primeiros desafios será o de fortalecer sua posição no mercado argentino, com a inauguração da linha de montagem de caminhões e ônibus VW no país”, diz.
Segundo Francesco, cerca de 15% do que é produzido se destina aos mercados internacionais. “Ao longo de nossa história já exportamos mais de 180 mil veículos, dos quais cerca de 8 mil foram vendidos internacionalmente em 2023.”
No começo deste mês, a VWCO divulgou a renovação e ampliação da ampliou sua estrutura de atendimento na Nicarágua. Sua importadora oficial no país, a Cemcol, inaugurou novas instalações que oferecem maior capacidade de atendimento simultâneo. O resultado, segundo a empresa, será mais proximidade com os clientes, bem como respostas mais rápidas às suas necessidades.
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