Redação
Após os ataques de militantes ligados ao Irã na região do Mar Vermelho, as empresas começaram a alterar suas rotas, o que poderá resultar em uma queda de 20% no transporte de cargas entre África e Ásia no segundo semestre. Essa é a estimativa da Maersk e de outras companhias de transporte marítimo que, desde dezembro do ano passado, estão desviando embarcações em torno do Cabo da Boa Esperança, na África, para evitar ataques. Por isso, os tempos de viagem mais longos têm elevado os fretes.
Em comunicado aos clientes, a Maersk informou que “a zona de risco se expandiu e os ataques estão chegando mais longe da costa. Isso forçou nossos navios a prolongar ainda mais a viagem, resultando em tempo e custos adicionais para levar sua carga ao destino por enquanto”. A empresa também revelou à Agência Reuters que os custos de combustível nas rotas afetadas entre a Ásia e a Europa estão agora 40% mais altos por viagem.
Crise afeta o Brasil
Em entrevista ao portal Transporte Moderno, Rafael Dagnoni, CCO do TECADI, operador logístico presente nos portos de Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, relata que a superlotação nos depots – leia-se onde os contêineres vazios são armazenados antes ou após serem carregados em navios – e nos terminais tem sido uma das maiores dificuldades para o setor de logística portuária.
“A interrupção das rotas marítimas pelo Mar Vermelho fez com que os armadores deixassem de levar contêineres vazios para repor em outras regiões, o que sobrecarregou os portos do Sul do Brasil e começou a afetar o porto de Santos”, diz Dagnoni. Conforme o executivo, isso tem lotado os terminais e dificulta a coleta dos contêineres vazios.
O que está acontecendo no Mar Vermelho?
Desde o fim do ano passado, membros do grupo armado rebelde conhecido como houthis, do Iêmen, têm atacado diversos navios no Mar Vermelho, uma importante rota comercial que liga a Ásia e a Europa. Na ponta norte do Mar Vermelho está o Canal de Suez, que conecta a hidrovia ao Mar Mediterrâneo.
Trata-se da rota naval mais curta entre esses dois continentes, por isso entre 10% e 15% da carga marítima global é escoada por meio dela. Os ataques a navios na região obrigaram cargueiros a desviarem de rota em percursos mais longos, o que gerou alta de custos e provocou atrasos logísticos. Algumas empresas, como a Maersk e CMA CGM, interromperam momentaneamente suas operações na área no início do ano.
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