Calamidade no Rio Grande do Sul acende luz amarela para o setor automotivo

As fabricantes de autopeças que têm operação em Porto Alegre foram atingidas pelas enchentes e muitas delas estão paralisadas, o que está causando problemas logísticos

Sonia Moraes

A situação de calamidade no Rio Grande do Sul causada pelas enchentes acendeu a luz amarela para a indústria automobilística e toda a cadeia de fornecedores. “Estamos analisando este cenário com bastante cautela e atenção para evitar grande impacto na produção das fabricantes de veículos”, disse Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) durante coletiva de imprensa online realizada em Xangai, na China.

Segundo Leite, algumas fabricantes sinalizaram preocupação com os fornecedores que estão com suas operações suspensas neste período. “As empresas estão trabalhando com estoque em suas operações, mas com sinal de alerta de que a qualquer momento pode serem impactadas.”

O presidente da Anfavea destacou que a região Sul tem grande representatividade no setor automotivo, com mais de 10 fabricantes e uma robusta e extensa cadeia de fornecedores. Temos na região 680 concessionários, 540 unidades fabris de diversos segmentos, sete associadas e não associadas, num total de 12 fabricantes. Além disso, tem o agronegócio e se houver impacto na safra agrícola pode afetar o setor também”, alertou Leite.

Dos 40.983 caminhões produzidos no primeiro quadrimestre deste, 24.957 unidades são de modelos pesados e o crescimento de 56,7% desta categoria de veículo em relação aos 15.930 veículos fabricados de janeiro a abril de 2023, se deve ao bom desempenho do setor agrícola.

Situação mais crítica está em Porto Alegre

Cláudio Sahad, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), que também participou da coletiva online da Anfavea direto da China, informou que o problema mais sério está na região de Porto Alegre. “As fabricantes de autopeças que têm operação em Porto Alegre foram atingidas pelas enchentes e muitas delas estão paralisadas, o que está causando problemas logísticos.”

Em outras regiões, como Gravataí e Caxias, a situação é diferente. “Em Gravataí as fábricas foram poucas afetadas, a maioria está trabalhando regularmente, os problemas logísticos existem, mas tem alternativas de rota e de sucesso. Em Caxias as fábricas não foram afetadas e continuam operando regularmente, mas estão isoladas em função dos problemas nas estradas e estão com dificuldades na logística”, revelou
Sahad.

Apesar da situação difícil, o presidente do Sindipeças acredita que não vai faltar componentes para as montadoras. “Se houver paradas das empresas em Gravataí e Caxias, serão pontuais e rápidas”, disse Sahad.

O presidente da Anfavea destacou que a calamidade do Sul do país impacta não somente a produção de veículos, mas a logística. “A logística do Sul do país é fundamental para o escoamento das nossas exportações, importações e impacta o Brasil de forma geral, a indústria e o agronegócio”, disse Leite.

“Não sei dizer se em termos de resultado efetivo se vai haver uma queda no setor, mas o esforço para atingir os resultados será muito maior e estamos debruçados sobre isso. O Sindipeças e a Anfavea estão tentando mapear os fornecedores, o efeito que causará nas fabricantes e no mercado. Estamos com a luz amarela, mas trabalhando para tentar reduzir o impacto da melhor forma.”

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