Produção de caminhões tem redução de 38,5% de janeiro a setembro

As vendas tiveram queda de 15,2% nos nove meses deste ano, totalizando 79.003 caminhões comercializados em 2023

Sonia Moraes 

O mercado de caminhões registrou, em setembro, a produção de 8.220 veículos, resultado 14,6% abaixo das 9.623 unidades fabricadas em agosto deste ano e 45% inferior a setembro de 2022, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).  

“Essa queda expressiva é explicada pela mudança nas regras do Proconve, de P7 para P8”, disse Vinicius Pereira, vice-presidente da Anfavea, e lembrou que no último trimestre de 2022 houve antecipação de compras e a produção daquele último trimestre foi bastante forte. “Por isso, a queda acentuada em relação ao mesmo período do ano passado.” 

No acumulado de janeiro a setembro a produção de caminhões atingiu 71.765 unidades, 38,5% inferior aos nove meses de 2022, quando foram fabricados 116.675 veículos. “Isso é reflexo da mudança do Proconve e a dificuldade de penetração desses produtos com tecnologia mais moderna”, disse Pereira. 

Do total de caminhões produzidos nos nove meses deste ano, 39.497 unidades são modelos pesados, 18.930 semipesados, 10.111 leves, 2.281 médios e 946 semileves. “O setor de caminhões está em compasso de espera e é fundamental que a demanda aumente para que ocorra investimentos no setor”, disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea. 

Vendas –

As vendas de caminhões apresentaram redução de 5,8% em setembro em relação a agosto deste ano, de 9.134 para 8.772 veículos, e queda de 23,7% na comparação com setembro de 2022, quando foram emplacados 11.502 veículos no país. No acumulado de janeiro a setembro deste ano as vendas de caminhões foram reduzidas em 15,2%, totalizando 79.003 unidades, ante os 93.162 veículos comercializados no mesmo período de 2022. 

Do total de caminhões vendidos até setembro, 38.491 unidades são modelos pesados, 20.965 semipesados, 6.663 leves, 6.638 semileves e 6.246 médios. 

No ranking de vendas, a Volkswagen Caminhões e Ônibus manteve a liderança, com 19.963 caminhões emplacados de janeiro a setembro deste ano, 24,4% abaixo do mesmo período do ano passado (26.402 unidades), e o segundo lugar ficou com a Mercedes-Benz, que teve 16.943 veículos comercializados no país, retração de 23,8% em relação aos nove meses de 2022 (22.225 unidades). 

A Volvo ficou em terceiro lugar com 14.078 veículos vendidos até setembro, número 21,2% inferior ao mesmo período de 2022 (17.873 unidades), e a Scania em quarto com 8.240 veículos, 6,7% a menos que em janeiro e setembro de 2022 (8.832 unidades).  A Iveco, quinta colocada, vendeu 7.361 veículos, 9,8% abaixo dos nove meses de 2022 (8.164 unidades), e a DAF, que está em sexto lugar, comercializou 5.805 caminhões, aumento de 19,6% sobre o mesmo período do ano passado (4.929 unidades). 

Exportação –

As exportações de caminhões tiveram aumento de 5,9% em setembro sobre agosto deste ano, passando de 1.434 para 1.519 veículos exportados. Mas no acumulado de janeiro a setembro deste ano registraram queda de 30,7%, com 12.467 veículos comercializados no exterior, ante os 17.977 registrados no mesmo período de 2022. Do total de caminhões exportados até setembro, 6.196 são modelos pesados, 3.445 semipesados, 1.436 leves, 747 semileves e 643 médios. 

“As exportações são vitais para as nossas fábricas e os nossos investimentos e têm sido o maior desafio para o setor automotivo”, disse o presidente da Anfavea. “A indústria precisa ter equilíbrio entre vendas internas e exportação para manter o ritmo de produção”, destacou Leite. 

Para conseguir frear a queda nas exportações, a Anfavea apresentou várias propostas ao governo federal. “A primeira é referente ao custo-Brasil, que é um limitador natural das exportações. Tem ainda a desoneração total das exportações, o acordo com outros países e a redução de barreiras alfandegárias”, citou Leite. 

Medida Provisória 1175 –

O presidente da Anfavea lamentou o fim da Medida Provisória 1175, que havia destinado R$1 bilhão em desconto de vendas atreladas à renovação de frota de veículos com mais de 20 anos. Foram usados R$ 130 milhões dos R$ 700 milhões para caminhões e R$ 190 milhões dos R$ 300 milhões para ônibus. “Foi um programa excepcional no contexto de privilegiar a renovação da frota, e é uma pena a economia ter perdido parte desses recursos que poderia incrementar a indústria automobilística”, disse Leite. 

Revisão nas projeções –

Diante das incertezas em relação à recuperação do mercado de veículos pesados (que inclui caminhões e ônibus) neste ano, a Anfavea revisou para baixo as projeções para o setor. O segmento de pesados (que inclui caminhões e ônibus) deverá fechar 2023 com 127 mil veículos produzidos, 34,2% abaixo dos 194 mil veículos fabricados em 2022. A estimativa feita em janeiro deste ano projetava uma queda de 20,4%, com 154 mil veículos fabricados este ano. 

As vendas devem atingir 128 mil veículos pesados – a mesma projeção feita em janeiro deste ano –, o que representará uma queda de 11,1%, sobre 2022, quando foram comercializados 144 mil veículos no país. As exportações totalizarão 23 mil unidades, queda de 24,8% em relação aos 31 mil veículos exportados em 2022. A previsão da Anfavea feita em janeiro apontava para uma queda de 8,7%, com 28 mil veículos pesados exportados. 

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