DAF mantém ritmo de expansão no mercado brasileiro

A empresa inicia o segundo semestre com pedidos fechados até dezembro; a fábrica de Ponta Grossa, no Paraná, está preparada para aumentar a produção se o mercado aquecer rapidamente

Sonia Moraes

Mesmo com as incertezas que ainda rondam o mercado de caminhões, a DAF tem conseguido manter a trajetória de crescimento. A estratégia de antecipar a apresentação do caminhão Euro 6 aos clientes, antes da nova legislação de emissões entrar em vigor no país, tem ajudado a empresa passar pela fase de transição da P7 para a P8 do Proconve sem grandes impactos.

“A decisão de trazer o caminhão Euro 6, que já rodava na Europa, no segundo semestre de 2020, além de dar ao cliente a oportunidade de conhecer a nova tecnologia, trouxe muitos ganhos para a empresa em relação a engenharia, testes e homologação, o que permitiu ter nas estradas brasileiras quase 14 mil caminhões rodando”, disse Luís Gambim, diretor comercial da DAF Caminhões, em entrevista exclusiva para a Transporte Moderno.

Como resultado dessa decisão, a DAF conseguiu se manter bem posicionada no mercado, que iniciou 2023 abaixo das expectativas para todas as montadoras, e se situar entre as três marcas que mais emplacou caminhão Euro 6 de janeiro a maio deste ano, garantindo aumento de 18,7% nas vendas no período, com 2.926 veículos. “Duas marcas cresceram nestes cinco meses e a DAF foi uma delas, o que permitiu um ganho considerável de market share”, revelou Gambim. “No segmento acima de nove toneladas, a DAF tem 9% de market share e acima de 40 toneladas tem 12,8%.”

A queda do mercado, que afetou todas as montadoras, teve consequências menores para a DAF, segundo Gambim. “Em relação ao último quadrimestre de 2022 a empresa aumentou a sua produção, enquanto outras marcas reduziram, anunciaram férias coletivas e paradas por causa dos altos níveis de estoque. Mais uma vez a DAF foi menos impactada porque estava um passo à frente e melhor preparada para a produção do caminhão Euro 6, com estoque adequado ao tamanho da rede e aos volumes de venda”, comentou o diretor.

Depois de registrar bom desempenho nas vendas em maio, a DAF espera que junho termine como o melhor mês do ano ao levar em conta a demanda de negócios que começam a chegar na empresa.

“Já começamos a ter uma movimentação de clientes, que até o mês passado estavam indecisos em relação à queda do preço do caminhão e da taxa de juros, isso é um sinal muito positivo, o que dá embasamento de que o segundo semestre será mais forte que o primeiro”, disse Gambim.

Com pedidos fechados até dezembro, a DAF está preparada para aumentar a produção. “Já temos gente contratada, ferramental instalado e se o mercado reagir será possível atender rapidamente”, comentou o diretor. Hoje a fábrica de Ponta Grossa, no Paraná, trabalha em um turno, mas quando a demanda está maior a jornada é estendida para os sábados também.

A expectativa positiva para o segundo semestre, segundo Gambim, está atrelada não somente ao desempenho pujante esperado para o agronegócio com a expectativa de safra recorde, mas também à forma diversificada como a empresa trabalha, com grande atuação no segmento de frigoríficos, de produtos químicos, cana-de-açúcar e madeira que estão bem aquecidos. “Em junho, já houve pedidos de caminhão para transportar cana-de-açúcar e ainda está no meio da safra”, disse Gambim.

Atenta ao crescimento forte que o segmento de cana-de-açúcar terá no ano que vem, a DAF lançou o novo caminhão canavieiro, o XF off-road, com motor Paccar MX-13, de 12,9 litros, na Agrishow. Anteriormente tinha somente um modelo off-road, o CF off-road, lançado em março de 2021, junto com outros modelos da nova linha DAF CF.

“Lançamos um produto mais robusto de 530 cv de potência que atende a lei de 91 toneladas, especialmente para as operações de cana-de-açúcar, com capacidade de levar maior quantidade de carga. Este veículo está tendo boa receptividade dos clientes e tenho certeza que será um sucesso no mercado canavieiro e madeireiro”, comentou o diretor. A empresa também lançou o modelo de 480 cv de potência.

Para operações de distribuição municipais e intermunicipais de curtas e médias distâncias, a DAF lançou em janeiro de 2022 o CF semipesado rígido, com motor Paccar PX-7, de sete litros, de 260, 290 e 310 cv de potência. “Este modelo tem tido um crescimento fantástico, com uma percepção por parte do cliente muito boa. É um caminhão que oferece muito conforto, robustez aos clientes desse segmento”, disse Gambim.

No segundo semestre a DAF pretende dar um salto de market share no segmento de cana e de madeira. “No primeiro quadrimestre era baixo o volume de produção porque os motores Euro 6 começaram a chegar no fim de março e agora, a partir de junho aumentou o mix de produção do CF rígido de sete litros. Vamos ter um volume três vezes maior do que vinha tendo e o nosso market share vai aumentar significativamente”, afirmou Gambim.

Exportação –

O desempenho da DAF no mercado externo deverá ficar abaixo do projetado, que era de exportar mil caminhões com a conquista dos mercados do Equador e do Peru. “Da mesma forma que o Brasil foi impactado pela política econômica os mercados da América Latina também sofreram alterações neste período e a nossa expectativa de exportações reduziu bastante a partir de julho, principalmente para o Chile, onde tem demanda para o transporte de diversos tipos de carga, e a Colômbia, que movimenta muita madeira. Neste momento estamos aguardando as sinalizações dos governos”, disse Gambim.

Com estoques elevados de caminhões Euro 5, estes mercados estão consumindo no primeiro semestre os produtos enviados do Brasil e as demanda para o segundo semestre começam a chegar agora, segundo Gambim. “Isso deverá estimular o aumento de produção da DAF no segundo semestre. Vamos produzir mais para atender o mercado nacional e as exportações.”

Mercado 2023 –

Apesar da perspectiva de que o segundo semestre seja melhor, a DAF mantém a mesma estimativa da Anfavea para o mercado de caminhões de queda de 10%. “A recuperação não será suficiente para o setor atingir o mesmo volume do ano passado”, disse Gambim e acrescenta que DAF deve crescer em torno de 15%. “Provavelmente a empresa vai ganhar dois pontos percentuais de market share.”

Sobre o crédito de R$ 700 milhões que o governo federal vai liberar para o mercado de caminhões o diretor da DAF disse que a iniciativa é boa, mas é preciso entender como será a operacionalização, pois ainda existe uma série de indefinições em relação à nova lei. “Para receber o benefício, o cliente ele tem que entregar um caminhão de mais de 20 anos e esse caminhão tem que ser destruído, mas não está claro onde será os pontos de descarte e como será emitido o certificado que será entregue na concessionária para o fabricante se apropriar do benefício dos impostos”, disse Gambim.

Um fator que preocupa é a condição para conseguir o financiamento do novo caminhão. “O cliente que tem um caminhão de 20 anos e vai comprar o modelo novo que custa R$ 800 mil terá um crédito de R$ 80 mil e para financiar R$ 720 mil a parcela é muito elevada”, observou o diretor da DAF.

Na avaliação de Gambim, esse programa tem que ser permanente para dar tempo dos clientes se organizarem e ter todas as dúvidas resolvidas. “Tenho receio se todas indecisões serão resolvidas em quatro meses, tempo que vai durar o programa.” Em sua leitura sobre o mercado, o diretor da DAF disse que os clientes diminuíram um pouco a expectativa. “Eles esperavam mais, agora não tem expectativa tão elevada como estava antes do anúncio do programa.”

Dez anos de mercado-

Em outubro a DAF comemora dez anos de presença no mercado brasileiro. “É uma marca importante porque ao longo deste período a empresa conseguiu construir uma rede de concessionária bem robusta. São 16 grupos econômicos com 58 pontos de atendimento e mais oito pontos serão abertos, chegando a 66 em dez anos de operação, é um crescimento acelerado”, comentou Gambim.

Segundo o diretor, a divisão financeira, que completou quatro anos, foi fundamental para o crescimento da marca e tem uma participação expressiva nos negócios da companhia, com mais de 40% de market share e uma carteira de quase R$ 4 bilhões em quatro anos.

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