Produção de caminhões recua 31,3% de janeiro a maio de 2023

Para garantir estimulo a toda indústria automobilística, entrou em vigor a Medida Provisória 1173, que destinará um recurso total de R$ 1,5 bilhão em crédito tributários, sendo R$ 700 milhões para o segmento de caminhões

Sonia Moraes

A produção de caminhões teve aumento de 15,7% em maio em relação a abril, com 8.392 veículos produzidos, mas acumulou nos cinco meses de 2023 queda de 31,3%, com 40.144 veículos fabricados, em comparação aos 58.402 modelos feitos no mesmo período de 2022. Do total de caminhões produzidos até maio, 20.427 são de modelos pesados, 11.182 são semipesados, 6.478 leves, 1.358 médios e 699 semileves.

“A produção de caminhões caminha de lado e o volume ainda é baixo, girando em torno de sete mil a oito mil unidades e com 40 mil no acumulado do ano, mais de 30% abaixo do que foi em 2022, com a introdução da fase P8 (Euro 6)”, disse Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea.

As vendas cresceram 5,1% em maio em relação a abril, totalizando 8.223 veículos, mas no acumulado de janeiro a maio apresentaram recuo de 4,2%, com 44.663 veículos licenciados no país, ante os 46.630 veículos comercializados no mesmo período de 2022. “A redução de 4,2% se deve ao escoamento da produção de modelos Euro 5. É o efeito pré-compra de modelos que atendem a fase P7 do Proconve”, disse Bonini.

Segundo Bonini, a participação dos caminhões Euro 6 nas vendas ainda está muito baixa. “Dos 44.663 veículos vendidos de janeiro a maio deste ano, 17,1%, que correspondem a 7.633 unidades, são de modelos fabricados em 2023, enquanto deveriam representar 37%. É natural que o volume de Euro 6 vai aumentar porque não tem mais modelos Euro 5, mas ainda está muito aquém, com a luz amarela, e há uma resiliência por parte da indústria”, destacou.

No ranking do setor a liderança ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus com a venda de 11.438 caminhões de janeiro a maio deste ano, um resultado 17,7% inferior que no mesmo período de 2022 (13.902 caminhões), e o segundo lugar é ocupado pela Mercedes-Benz, com 10.577 veículos comercializados no país, 5,9% abaixo dos cinco meses de 2022 (11.242 unidades), e o terceiro pela Volvo, com 7.449 veículos emplacados, número 17,4% inferior ao período de janeiro a maio de 2022 (9.014 caminhões).

A Scania, quarta colocada, vendeu 4.181 caminhões até maio, 24,2% mais que nos cinco meses do ano passado (3.366 unidades), e a Iveco, que está em quinto lugar, comercializou 4.025 caminhões de janeiro a maio, 9,8% a menos que nos cinco meses de 2022 (4.464 unidades). A DAF, que ocupa o sexto lugar, vendeu 2.926 veículos, 18,7% a mais que janeiro a maio de 2022, quando o volume totalizou 2.465 unidades.

Medida provisória –

Para estimular toda a indústria automobilística, entrou em vigor a partir de 06 de junho a Medida Provisória 1173, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estabelece incentivo à renovação da frota com descontos na compra de veículos novos por meio da redução no preço de automóveis, caminhões e ônibus.

O programa estará em vigor em até 120 dias. Ao todo serão destinados pelo governo federal R$ 1,5 bilhão em créditos tributários, sendo R$ 500 milhões para veículos leves, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus, recurso que será proveniente do aumento no preço do diesel.

O desconto é dividido por categoria de veículo, sendo R$ 33.600 para os modelos semileves, R$ 38.000 para leves, R$ 45.000 para os médios, R$ 60.000 para os semipesados e R$ 80.300 para os pesados. No caso de ônibus, com capacidade para até 20 passageiros, são R$ 99.400 para os modelos rodoviários, R$ 70 mil para urbanos, R$ 60 mil para chassis e R$ 38 mil para ônibus monobloco.

“Estamos otimistas com a resposta dos consumidores, com a preservação do emprego e o fortalecimento da indústria”, disse Geraldo Alckmin, vice-presidente da República, e destacou a importância da indústria automobilística, que representa 20% da indústria de manufatura e tem uma cadeia longa desde a pré-indústria, que envolve a produção de insumos, até o pós-indústria, que inclui as oficinas e peças envolvendo cerca de 1,2 milhão de pessoas.

“No caso dos caminhões e ônibus houve uma mudança de fase do Euro 5 para o Euro 6, o que é ótimo porque atende ao meio ambiente, polui menos e emite menos material particulado, só que encareceu o preço dos veículos e poderia ter um efeito contrário essa decisão do Conama e na prática poderia resultar em não venda e ficarmos com uma frota envelhecida de caminhões e ônibus poluindo, com problema mecânicos e de segurança. Então foi criado esse programa com crédito tributário também para esse setor. É uma medida importante porque retira os veículos velhos de circulação”, disse Alckmin. “Para receber o crédito tributário, o desconto no preço, é necessário que o ônibus tenha mais de 20 anos.”

Para as exportações, o BNDES criou uma linha de crédito de R$ 4 bilhões para quem exporta em dólar e terá o financiamento em dólar. “O risco de variação cambial é praticamente zero, paga em dólar com custo mais baixo”, disse o vice-presidente da República.

Alckmin ressaltou outros benefícios para o setor. “O diesel já virou biodiesel, tinha adição de 10% foi para 12%, vai para 13% e 15%. A gasolina tem 27% de etanol e poderá chegar a 30%. O governo também estimula o etanol que é uma energia limpa e temos a possibilidade de veículos híbridos, etanol-elétrico.”

“Esse programa tem um aspecto muito positivo na visão da indústria. Primeiro de chamar a atenção para o mercado que tantas vezes havia discussão sobre o mercado populares que estavam inacessíveis para a população que estava buscando o seu primeiro carro ou a renovação do seu veículo. O carro usado emite em média 23 vezes mais que um veículo novo, então, esse programa ao colocar em circulação veículos novos e proporcionar aos consumidores a troca do seu veículo tem uma contribuição extremamente relevante para o meio ambiente, e não tem notícia melhor para o país e a população na semana do meio ambiente”, comentou Márcio Lima Leite, presidente da Anfavea.

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