A Embraer entregou 14 jatos no primeiro trimestre de 2022, dos quais seis aeronaves comerciais e oito jatos executivos, sendo seis leves e dois médios. A carteira de pedidos firmes (backlog) encerrou o trimestre em US$ 17,3 bilhões, com um acréscimo de US$ 0,3 bilhão em comparação ao último trimestre do ano passado. Segundo a companhia, este foi o maior nível desde o segundo trimestre de 2018, impulsionado por um nível de pedidos consistente.
A receita líquida foi de R$ 3.076,1 milhões no trimestre, com queda de 31% em relação ao mesmo período de 2021, apesar de quase um mês de paralisação da companhia em janeiro devido à reintegração sistêmica e legal da unidade de negócio da aviação comercial. Em contrapartida, a margem bruta consolidada reportada foi de 20,3%, superior aos 9,5% reportado nos primeiros três meses de 2021, devido ao melhor desempenho de margem bruta em todos os segmentos da Embraer.
O Ebit e o Ebitda ajustados foram de R$ 163,4 milhões e de R$ 45,4 milhões, respectivamente, levando a margem Ebit ajustada de -5,3% e margem Ebitda ajustada de 1,5%, incluindo despesas não-recorrentes de R$ 89 milhões no trimestre.
O Fluxo de Caixa Livre (FCL) no período teve um uso de R$ 434,8 milhões, o que representou uma melhora significativa em relação ao consumo de R$ 1.211 milhões no fluxo de caixa livre registrado no primeiro trimestre de 2021, sendo seu melhor desempenho desde o 2010, e consistente com as medidas de melhoria de capital de giro e de eficiência da companhia.
Nos três primeiros meses de 2022, houve reconhecimento de créditos de R$ 3,8 milhões relacionados a despesas com a folha de pagamento devido ao hedge de fluxo de caixa, que mitigou a exposição frente à variação cambial tendo em vista que aproximadamente 13% dos custos são em reais.
A Embraer encerrou o trimestre com dívida total de R$ 16,8 bilhões, o que significa R$ 5,6 bilhões menos quando comparado aos três últimos meses do ano passado, e em linha com a estratégia de melhoria da estrutura de capital, na avaliação da empresa.
Francisco Gomes Neto, presidente da Embraer, afirmou durante teleconferência que as projeções para os resultados de 2022 estão mantidas, apesar das dificuldades que a companhia vem enfrentando. “A guerra em si não está trazendo nenhum impacto negativo para a empresa, mas as dificuldades são para conseguir equipamentos e peças na hora correta para a nossa produção.”
Gomes destacou que vários fornecedores estão enfrentando dificuldades, seja por falta de semicondutores e de mão de obra especializada. “Isso está provocando atraso nas entregas para a Embraer, mas nada que comprometa todo o plano da companhia, pois temos uma equipe de mais de 20 profissionais no campo, praticamente dentro das instalações dos nossos fornecedores para garantir que os nossos programas de entregas vão ser cumpridos e esperamos que esses atrasos diminuam agora ao longo deste ano”, disse o presidente da Embraer.
Aeronaves –
Na aviação comercial, a Embraer entregou quatro E175 para a Skywest (Alaska) e dois E195-E2 para a Aircastle (KLM). Segundo a empresa, houve um menor número de entregas devido à reintegração do segmento de negócio da aviação comercial e serviços e suportes relacionados. As atividades relacionadas a reintegração dos sistemas foram realizadas em janeiro, quando a fábrica esteve praticamente fechada.
A Embraer entrará no mercado de transporte aéreo de carga com o lançamento das conversões de passageiros para cargas das aeronaves E190F e E195F. A conversão completa para o cargueiro estará disponível para todas as aeronaves E190 e E195 usadas, com entrada em serviço prevista para o início de 2024. A iniciativa surge ao endereçar três grandes oportunidades: a condição atual de cargueiros antigos com fuselagens estreitas, que estão dentro da janela de final de operação e possuem tecnologia ineficiente e altamente poluentes; a contínua transformação da intersecção entre comércio e logística; os E-Jets que entraram em serviço há dez ou 15 anos estão em um período de conclusão de seus contratos de arrendamentos de longo prazo e iniciando seu ciclo de substituição.
Na visão da companhia, a conversão é uma oportunidade de estender a vida útil dos E-Jets mais antigos por mais dez ou 15 anos. As conversões E190 e E195 PPC também facilitam a substituição das aeronaves de passageiros mais antigas por E2s de nova geração.
Na aviação executiva, a Embraer entregou seis jatos leves e dois jatos médios no período. De acordo com a companhia, as vendas neste segmento se mantiveram fortes no trimestre, com pedidos de vendas superando os níveis do ano anterior. Como resultado, o índice book-to-bill permanece acima de 2,5 para 1, o mais alto do setor. O crescimento nos segmentos de jatos executivos leves e médios deve se manter.