– Como a pandemia do Covid-19 afetou o setor de implementos rodoviários?
Norberto Fabris – A pandemia afetou o setor como um todo. A maioria das empresas está operando com 60% de sua capacidade produtiva porque a carteira de pedidos é de longo prazo, o que permite que haja produção. Mas no mercado doméstico as vendas caíram já 20% de janeiro a maio. As perdas ainda não foram contabilizadas, e no momento o foco principal das empresas é se manter no jogo.Todas adotaram as mais diversas estratégias para reduzir os efeitos da queda na atividade econômica e contribuir para minimizar a contaminação pelo vírus, atendendo todos os requisitos determinados pelas autoridades da saúde. Por isso, ações como redução de jornada, distanciamento social de acordo com as legislações estabelecidas nos estados e cidades, implementação agressiva de home office para o pessoal administrativo, higienização geral e constante de todos os locais, reforço das orientações de higiene para as pessoas, distribuição de EPI e álcool gel foram algumas das providências tomadas nas empresas do setor.
– Que segmentos foram mais atingidos e quais reagiram melhor?
Norberto Fabris – Todos foram afetados.
– Como estão as exportações atualmente?
Norberto Fabris – As vendas ao exterior recuaram 50% com relação a 2019. De janeiro a maio de 2019, o setor exportou 1.028 unidades. Este ano, foram vendidos ao mercado externo 531 reboques e semirreboques.
– Como estão as negociações com o BNDES para abertura de novas linhas de crédito?
Norberto Fabris – O governo federal publicou em 1º de junho a MP 935 que garante o financiamento de 80% do valor do bem pelo Fundo Garantidor para Investimentos (FGI). Esse tema havia sido informado à diretoria da Anfir durante a videoconferência que realizamos com o BNDES em 14 de maio como uma providência que estava sendo finalizada. O objetivo dessa medida é dar suporte aos clientes da indústria de implementos rodoviários já que atualmente há uma certa dificuldade para se obter financiamento para compra de bens de capital. O sistema financeiro exige garantias em excesso. Os bancos comerciais não querem emprestar por terem receio da inadimplência devido à grande queda do PIB que está ocorrendo.
– O que o poder público tem feito para ajudar o setor a atravessar essa nova crise?
Norberto Fabris – Entendemos que o que pode ser feito especificamente para o setor está no âmbito do BNDES. De forma mais ampla é fazer tudo para ajudar a sociedade a superar a pandemia que paralisou nossas atividades.
– Que segmentos devem reagir mais rapidamente após a flexibilização das regras de isolamento social?
Norberto Fabris – Nosso setor não depende de flexibilização de regras de isolamento, mas de retomada da atividade econômica. Tudo que for feito que resulte em movimentação de negócios poderá nos ajudar.
– Quais as expectativas para o segundo semestre? O setor espera retomar a tendência de recuperação que vinha se consolidando?Norberto Fabris – O segundo semestre é ainda uma incógnita, mas acreditamos que a recuperação vai começar nessa época. Quanto aos volumes que esperávamos para o ano não serão atingidos com toda certeza. Só poderemos apontar alguma previsão após o início da retomada.