Parcerias entre instituições de ensino e empresas contribuem para o aumento de cursos de logística para os brasileiros, que procuram por especialização dentro e fora do país
A necessidade de esforço frequente de aperfeiçoamento pelos profissionais, a fim de garantirem espaço no concorrido mercado de trabalho, tornou-se essencial nos segmentos que envolvem a cadeia da logística. Em constante evolução nas últimas décadas, o setor aumentou sua importância como diferencial competitivo nas empresas que, então, passaram a demandar mais mão de obra qualificada na atividade.
Para oferecer contribuição na conquista de melhores resultados na área de logística, a opção certa para os profissionais foi recorrer às instituições de ensino como um canal para ampliar o conhecimento além da prática. Inclusive, a procura por estudos de cadeia de suprimentos no exterior tem se expandido.
Após os Estados Unidos e o México, os brasileiros são o grupo de estudantes mais interessados no ingresso de cursos em supply chain no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), segundo constatou, em um evento na universidade norte-americana, o professor do curso de Especialização em Logística Empresarial da Fundação Vanzolini, Claudio Barbieri da Cunha.
No entanto, especialistas do setor de logística apontam que o número de trabalhadores qualificados no Brasil ainda está aquém da demanda das corporações, incluindo desde funções básicas até para atender a novos desenvolvimentos, como inteligência artificial, blockchain, omnichannel, entre outros. O descompasso entre mercado e mão de obra, contudo, vem sendo reduzido. Professor de logística e supply chain na Fundação Getulio Vargas, Manoel A. S. Reis diz que, atualmente, existe uma forte relação e um grande interesse das empresas com a academia, havendo colaboração com conhecimento e aportes financeiros.
A aproximação entre escolas e organizações, segundo Reis, tem sido verificada com a participação de profissionais experientes em corpos docentes, ao lado de professores com a bagagem conceitual e a prática das instituições. A realização de fóruns de discussão e parcerias com empresas também municiou a academia com dados e informações, para adequar o ensino às necessidades do mercado, de acordo com o professor do curso de Especialização em Logística Empresarial da Fundação Vanzolini, Claudio Barbieri da Cunha.
O reflexo dessa junção de forças é verificado na diversificação e aumento da disponibilidade de cursos no país. Por meio da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP), a FGV oferece um curso de um semestre de Logística Empresarial do PEC – Programa de Educação Continuada, Master em Logística e Supply Chain com duração de 18 meses, e Mestrado Profissional em Gestão para Competitividade – Gestão de Supply Chain, também por um ano e meio. “Esses cursos formam uma sequência interligada, dando aos profissionais de mercado a oportunidade de seguirem seu processo de formação, desde os aspectos básicos até os mais avançados na atualidade”, explica Reis.
Cunha, que é docente em pós-graduação na área na Fundação Vanzolini, que foi criada por professores do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), sabe que o ensino educacional em logística melhorou muito nos últimos 20 anos, período em que o setor também passou a ser considerado uma estratégia de competitividade para as empresas.
Mas para o professor o país ainda ressente da falta de um curso que reúna todos os aspectos estratégicos da logística, com ampla abrangência das funções potenciais existentes no setor. “O mercado oferece, em geral, cursos tecnólogos e especializações em logística para formados em administração de empresas, engenharia de produção, entre outras áreas”, afirma.
O atual perfil do profissional de logística
Lucas Rizzardo, gerente para a área logística da Michael Page, uma das principais empresas especializadas em recrutamento de profissionais, informa as características que atualmente as organizações dão preferência na contratação de trabalhadores para diferentes cargos no setor de logística.
“O grande ponto que divide o antes e o agora, e que vem cada vez mais se solidificando, é como a área de logística e todos os processos que ela envolve são vistos internamente nas empresas. Antes, a logística era vista como um custo inevitável. Atualmente, como uma área de oportunidade para melhorar o relacionamento com o cliente e de percepção de qualidade de atendimento.
Hoje, como os prestadores de serviços logísticos possuem uma atuação extremamente estratégica e são tidos como parceiros de negócios, as empresas esperam que um profissional do setor não se limite a uma boa execução da operação. Mas, que tenha uma visão holística do business como um todo e uma atuação que transite do operacional ao estratégico, navegando bem em todos os níveis hierárquicos. Que possua formação aderente, crescimento sólido, perfil flexível e criativo, visando atender as adversidades das operações que os segmentos demandam e que os clientes apresentam”.