Logber Logística projeta aumento de 15% do faturamento em 2024

Para os próximos cinco anos, a empresa do Grupo Bertolini planeja investir R$ 27 milhões, montante que inclui a aquisição de novos veículos, novas tecnologias e treinamento para garantir a sustentação do crescimento esperado

Em sua frota a Logber tem 250 veículos, entre próprios e agregados, com idade média de até nove anos

Sonia Moraes

A Logber, divisão de logística do Grupo Bertolini, projeta um aumento de 15% do faturamento em 2024 e, para os próximos cinco anos, planeja investir R$ 27 milhões. O montante inclui a aquisição de novos caminhões, novas tecnologias e treinamento para garantir a sustentação do crescimento esperado.

A empresa, que comemora dez anos de atividades logísticas em Colatina, no Espírito Santo, investiu R$ 10 milhões no ano passado, que foram aplicados na compra de 10 caminhões Volvo, na ampliação das estrutura e em tecnologia – para manter todas as unidades conectadas e facilitar o atendimento online aos clientes – e na capacitação de pessoas.

“Montamos uma estrutura para conectar todas as fases do processo logístico, disponibilizando informações em tempo real para a equipe atuar no processo antes que algum evento aconteça”, revelou Daniel Valduga, diretor de negócio da Logber Logística, em entrevista exclusiva para o portal Transporte Moderno.

Valduga ressaltou que a tecnologia é bem-vinda para a digitalização de processos e agilização dos fluxos para a empresa se manter no mercado. “Mas as pessoas estão em primeiro lugar e temos que investir em treinamento para fazer com que elas cresçam conosco.”

A empresa, que completou dez anos em 2023, está em ritmo constante de expansão. (Divulgação)

A Logber foi criada para atender as empresas do Grupo Bertolini. Hoje, com 14 anos de atuação no mercado logístico, presta serviço em todo o território nacional para empresas dos segmentos de móveis e acessórios, ferramentas, bebidas, embalagens, autopeças, têxtil, produtos elétricos, metalurgia, sistema de energia solar, utilidades domésticas e bazar. A empresa gerencia diariamente o fluxo de bens para mais de 5 mil cidades no território brasileiro.

Em sua frota a Logber tem 250 veículos, entre próprios e agregados, com idade média de até nove anos. Desse total, 90% são Mercedes-Benz, modelos Actros, Axor e Accelo, e 10% de outras marcas, como o Volvo FH 460, cavalos trucados, equipamentos para carretas LS 6×2 e vans. De toda a atividade logística da empresa, a maior demanda é do setor agrícola, mas a companhia tem tido muita procura das indústrias de alimentos e a automotiva.

Armazenagem em ascensão

Além do bom desempenho do setor agrícola, que mais movimenta a logística em todo o país, o que deverá impulsionar o crescimento da Logber nos próximos 12 meses, segundo Valduga, é a expansão da Bertolini Sistemas de Armazenagem, divisão do Grupo Bertolini que desenvolve sistemas para estocagem e movimentação de materiais modernos e inovadores para vários nichos de mercado, tipos de estoques e
centros de distribuição.

“A Bertolini sistema de armazenagem está em ascensão devido ao grande crescimento dos armazéns logísticos e dos centros de distribuição, e a Logber, que atua como operador logístico, tende a crescer junto porque vai executar a entrega dos equipamentos”, revelou o diretor. “Entendemos que o ramo de infraestrutura, logísticas, armazenamento e estocagem tende a crescer bastante e esse nicho vai ser
um diferencial de alavancagem da Logber.”

A empresa tem três centros logísticos em pontos estratégicos, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, em Colatina, no Espírito Santo, e em Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, próximo ao porto de Suape. Realiza o transporte de 3.500 toneladas de produtos por mês, com movimentação mensal de 158 mil volumes e três mil entregas.

No Espírito Santo, o centro de distribuição tem 1.500 m² e faz a operação cross docking. Ou seja, produtos das unidades fabris do Grupo Bertolini, que são destinados para exportação, são encaminhados para este espaço e enviados diretamente para o consumidor final, sem necessidade de passar pelo processo de armazenagem.

Pequenos armazéns

Para agilizar as entregas, a operadora logística pretende criar unidades menores de até 1.000 m² a fim de ampliar a malha logística e agilizar a distribuição. “Com a operação cross docking, que faz o carregamento e sai automaticamente no depósito, não demandamos tanto espaço para manter a operação”, explicou o diretor.

“Com a saída desses produtos e a centralização do hub em construção no Espírito Santo, a tendência é de os pequenos armazéns ganharem mais velocidade de distribuição. Preciso cada vez menos de espaço para a distribuição e armazenamento em um único centro, acabo diluindo a estrutura de armazenamento.” Em Cabo de Santo Agostinho, o centro de distribuição tem 5.000 mm² e em Bento Gonçalves 2.000 m² .

Segundo Valduga, o que tem ajudado a Logber crescer e ganhar novos mercados é o grande investimento em pessoas. “O nosso propósito é oferecer soluções logísticas impulsionado pela paixão em entregar bem. Tudo dentro da Logber é bem feito e isso abrange todas as cadeias nos níveis dentro das operações automaticamente. A consequência são pessoas satisfeitas com entregas cada vez mais veloz, além das tecnologias para apoiar esses processos. Assim, o cliente fica satisfeito na ponta. Sem um ambiente humanizado, com profissionais dispostos a trabalharem e darem o seu melhor, a atividade não evolui. A tecnologia apenas conecta, proporciona velocidade e sinais de dados”, destacou.

Veículos a gás e elétricos

Os investimentos em caminhões a gás e elétricos estão nos planos de investimentos da Logber, pois reduzir as emissões de carbono nas operações faz parte das práticas ambientais responsáveis. “Quando a Scania lançou o seu caminhão a gás, a Logber fez um plano de investimentos, mas não avançou devido à restrição da malha de abastecimento”, revelou Valduga.

“Hoje, um dos pontos a serem observados é a infraestrutura para abastecimento desses veículos, seja a gás ou elétrico. Esse é um ponto crucial, por isso estamos aguardando. Temos que avançar mais em infraestrutura para depois a empresa fazer este aporte e está no radar a compra desses veículos, mas estamos monitorando essa evolução.”

Locação

Na área de locação, a Logber chegou a prospectar algum veículo, mas não avançou também. “Há um ano não era viável por causa da venda do ativo. Hoje teremos que refazer a análise de custos para ver se vale a pena, pois se a empresa tem um plano de investimentos e opta pela locação o recurso a ser gasto na compra do veículo pode ser aplicado em outras áreas. Seja em pessoas, infraestrutura ou centro de distribuição. Isso está no nosso radar”, disse Valduga.


Falta de motorista e de infraestrutura

O diretor de negócios da Logber comentou que, assim como o Brasil, a Europa e o Reino Unido, vão enfrentar dificuldades nos próximos anos quando a classe de motoristas começar a desaparecer do mercado, porque as pessoas que estão entrando no mercado de trabalho não têm interesse de pegar estrada.

Com relação à falta de infraestrutura, Valduga, ressaltou que o Brasil é um país continental e os modais de transportes pouco utilizados – na questão da cabotagem e da ferrovia – sendo mais 60% alavancado pelo sistema rodoviário. Na visão do executivo, em um futuro próximo, será preciso investir em infraestrutura para impulsionar os demais modais e reduzir a dependência da estrutura rodoviária para curtas distâncias. Se isso, não acontecer, a tendência é que o valor do frete se torne inviável para a operação rodoviária devido a inconsistência ou a falta de motoristas. “É um problema sério e sofremos com a retenção desse motorista dentro da estrutura e ainda temos a questão de insegurança e falta de estrutura nas estradas.”

Na avaliação de Valduga, a falta de infraestrutura acaba gerando bastante problema no futuro. “De nada adianta ter um caminhão 100% conectado e não ter o motorista para operar”, diz. Em algumas operações portuárias, segundo Valduga, já é possível a inserção de veículos autônomos em trajeto mapeado. “Contudo, quando se observa um país como o Brasil, que não tem infraestrutura de rodovias, placa de sinalização, pista demarcada e mais buraco do que asfalto nas rodovias, está muito longe para que a operação com veículo autônomo seja viável.”

Sobre o setor de transporte no Brasil, o diretor da Logber comenta que é marcado por uma série de desafios e oportunidades. “O setor tem enfrentado algumas questões como a necessidade de investimentos em infraestrutura, a digitalização e a implementação de tecnologias avançadas, além da pressão para adotar práticas mais sustentáveis e reduzir as emissões de carbono.”

Com relação aos desafios, ele cita a falta de infraestrutura nas estradas e de segurança no transporte, organização e otimização do espaço físico e falta de mão de obra qualificada. “Para garantir um bom desempenho do setor de transporte em 2024, alguns elementos são considerados fundamentais para o sucesso e crescimento do setor. Principalmente no âmbito dos avanços tecnológicos, desafios ambientais e ambiente regulatório.”

E sobre as perspectivas para o segmento logístico no Brasil, diante das dificuldades, o gerente da Logber afirmou que o sistema logístico de transporte é extremamente dinâmico. “Então, muitas vezes pode aparecer oportunidade nessas dificuldades e aí que a Logber se diferencia. A empresa customiza soluções específicas para o cliente. Isso é um diferencial que pode ser um fator decisivo na hora da substituição o da evolução de um operador, um transportador.”

Grupo Bertolini

O Grupo Bertolini, que completará 55 anos em agosto, tem seis marcas de negócios – a Bertolini Sistemas de Armazenagem, a Bertolini fabricante de tubos de aço, a Bertolini Móveis, especializada em móveis de aço e madeira, a Evviva, que produz móveis planejados, a Save Space, que produz móveis multifuncionais, e a Logber Logística.

Com matriz em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, e centro de distribuição em Colatina (ES) e em Cabo de Santo Agostinho (PE), o grupo atende o mercado interno e exporta para 25 países. Produz mensalmente mais de 500 toneladas de chapas de madeira reflorestadas manufaturadas e mais de 4,2 mil toneladas de aço manufaturadas.

Com mais de 1,1 mil empregados diretos, sendo 600 no Espírito Santo, faturou, no ano passado, cerca de R$ 700 milhões. De 2014 a 2023, a empresa teve um crescimento de 62%.

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