Multimodais

Descarbonização do transporte ganha espaço relevante na agenda da COP30

A transição para um modelo de transporte de baixa emissão ganhou espaço relevante na agenda da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que iniciou dia 10 de novembro, em Belém (PA), e termina nesta sexta-feira (21). A conferência reuniu empresas e entidades de diferentes modais — rodoviário, ferroviário, aéreo e aquaviário — que anunciaram iniciativas para acelerar a redução de gases de efeito estufa, enquanto novas alianças setoriais apontam caminhos para eletrificação, uso de biocombustíveis e reconfiguração logística no país.

Um dos principais avanços foi a expansão da Coalizão para a Descarbonização dos Transportes, criada em 2024 e que já reúne 121 adesões de empresas, concessionárias, secretarias municipais e associações ligadas à mobilidade urbana. A entidade propõe 90 ações para reduzir em até 70% as emissões do setor até 2050 — o equivalente a 287 milhões de toneladas de CO₂ equivalente — e mantém diálogo direto com os ministérios do Meio Ambiente, dos Transportes e de Portos e Aeroportos. As contribuições do grupo integrarão o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, apresentado durante o evento.

O plano de ação lançado em maio reúne recomendações em seis eixos: infraestrutura, mobilidade urbana, transporte rodoviário, ferroviário, aéreo e aquaviário. Entre as propostas estão a revisão da matriz logística, estímulos ao uso de biocombustíveis e à eletrificação de frotas, aproveitando a matriz elétrica limpa do país.

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Estação do desenvolvimento leva inovação à COP30

Na Green Zone da COP30, a Estação do Desenvolvimento, organizada pelo Sistema Transporte (CNT, Sest, Senat e ITL), tornou-se um dos pontos mais movimentados ao apresentar 34 projetos de inovação e sustentabilidade selecionados em chamamento público. O espaço reuniu iniciativas de descarbonização com biometano, remanufatura de equipamentos, investimentos ferroviários sustentáveis, programas sociais em áreas portuárias, monitoramento climático avançado e projetos de bioenergia.

O projeto contou com patrocínio de empresas como Moveinfra, Gol e ClickBus, além do apoio institucional de entidades como Pacto Global, Instituto Ethos e ApexBrasil.

Logística na Amazônia expõe desafios estruturais

A Rede de Trabalho Amazônico (GTA) apresentou, durante a conferência, um relatório que acendeu alerta sobre o impacto do transporte pesado na região. Segundo o documento, caminhões a diesel responsáveis pelo abastecimento da Zona Franca de Manaus respondem por quase metade das emissões do transporte no Norte.

A entidade estima que a eletrificação da logística regional — com a instalação de 12 estações de recarga rápida para atender cerca de 300 caminhões elétricos — poderia reduzir o tempo de viagem em 15% e levar a uma economia de 5,4 milhões de litros de diesel por ano.

O relatório afirma que a ausência de eletrificação contrasta com metas globais de neutralidade de carbono de fabricantes como Volvo e Daimler, que ainda não comercializam caminhões elétricos na região. Também aponta que as grandes rodovias amazônicas seguem associadas ao desmatamento e a pressões sobre territórios indígenas, recomendando que futuros projetos de infraestrutura cumpram protocolos de consulta prévia e compensações ambientais.

Corredor elétrico Rio–São Paulo avança

Outro anúncio relevante foi o avanço do Laneshift e-Dutra, projeto que prevê a incorporação de 1.000 caminhões elétricos ao corredor Rio–São Paulo até 2030. A iniciativa, apoiada por 17 empresas — entre elas a Volkswagen Truck & Bus — tem potencial para evitar 75 mil toneladas de CO₂.

Para que o plano seja viável, as entidades envolvidas destacam que será necessário ampliar a infraestrutura de recarga rápida, capacitar frotistas, estruturar cadeias de fornecimento de baterias e respeitar protocolos socioambientais, especialmente nas áreas afetadas pela instalação de novos equipamentos de energia.

Aviação acelera agenda de SAF e pesquisa

No modal aéreo, a Embraer levou à COP30 discussões sobre o uso de combustível sustentável de aviação (SAF) e sobre parcerias acadêmicas voltadas ao desenvolvimento de tecnologias de redução de emissões. Representada por seu diretor de ESG, André Tachard, a empresa participou de três painéis da programação oficial, distribuídos entre as Zonas Azul e Verde.

O primeiro debate tratou do PROBIOQAV, o Programa Nacional de Biocombustíveis para Aviação, criado pelo governo federal para estruturar a cadeia de produção, certificação e uso de SAF no país. O programa busca reduzir a dependência do querosene de aviação fóssil, incentivar pesquisa e inovação e estabelecer parâmetros regulatórios para ampliar a oferta do combustível sustentável.

Em outro painel, na Zona Azul, a Embraer discutiu diferentes caminhos para a mitigação de emissões no transporte. A relação entre pesquisa universitária e indústria foi o foco de uma terceira participação, também na Zona Azul, voltada a iniciativas que conectam centros acadêmicos e empresas em projetos de inovação ligados à transição climática.

Metas e testes em campo

A Randoncorp reforçou suas metas de reduzir em 40% as emissões até 2030, ampliando o portfólio de produtos sustentáveis. A empresa destacou iniciativas de economia circular, uso de energia renovável e desenvolvimento de materiais mais leves para reduzir o consumo de combustível nos transportes. Em 2024, 44% da receita líquida no Brasil veio de produtos lançados nos últimos cinco anos — muitos deles com apelo ambiental.

A Mercedes-Benz do Brasil, em parceria com a Be8, levou à COP30 a jornada “Rota Sustentável COP30”, que percorre mais de 4 mil quilômetros entre Passo Fundo (RS) e o Pará. Dois caminhões Actros Evolution e dois ônibus O 500 RSD participam de testes comparativos entre o biocombustível BeVant e o diesel B15. O objetivo é mensurar diferenças de emissões e performance em condições reais de transporte.

Do lado dos operadores logísticos, a Tegma realizou uma operação inédita em parceria com a GM: levar a frota 100% elétrica da montadora — Blazer EV, Equinox EV e Spark EUV — até Belém. Os veículos foram transportados em caminhões híbridos movidos a diesel e gás natural veicular (GNV), reduzindo 3,5 toneladas de CO₂ na operação. A Tegma conduz projeto-piloto com esse tipo de caminhão e estuda ampliar o uso da tecnologia na própria frota.

Um movimento transversal e irreversível

A COP30 tem mostrado uma convergência inédita entre os modais de transporte. Rodoviário, ferroviário, aéreo e aquaviário avançam simultaneamente em projetos de eletrificação, biometano, biocombustíveis e reconfiguração logística.

Com compromissos mais claros e uma agenda crescente de investimentos, o setor deixa Belém com um mapa de ações que deve orientar tanto políticas públicas quanto decisões estratégicas da iniciativa privada nos próximos anos.

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Sete em cada dez empresas de transporte tiveram prejuízos com eventos climáticos extremos, mostra CNT

As mudanças climáticas deixaram de ser um fenômeno distante para se tornar parte da rotina — e do balanço — das empresas de transporte no Brasil. Um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) revela que sete em cada dez companhias do setor sofreram perdas financeiras causadas por eventos climáticos extremos nos últimos cinco anos.

A sondagem, realizada com 317 empresários de todos os modais e regiões do país, indica que o impacto é generalizado e tem aumentado. Quase um quarto das empresas estimou prejuízos acima de R$ 1 milhão, enquanto 10% disseram ter ultrapassado a marca dos R$ 5 milhões.

O efeito mais imediato aparece na operação. Segundo o levantamento, três em cada quatro empresas enfrentaram interrupções ou distúrbios logísticos causados por enchentes, secas, deslizamentos ou ondas de calor. Em muitos casos, houve necessidade de alterar rotas, suspender trechos, lidar com falta de insumos e até cortar pessoal. Em 72% das companhias atingidas, houve paralisação total da atividade; 9% ficaram sem operar por um mês ou mais.

A maior parte dessas empresas precisou recorrer a caixa próprio para reparar danos e retomar a operação, já que apenas 7,7% receberam algum auxílio público. A CNT aponta que o setor enfrenta uma “dupla pressão”: de um lado, infraestrutura fragilizada; de outro, custos crescentes para manter a atividade em funcionamento em meio a cenários climáticos adversos.

Ano marcado por extremos

Os números de 2024 ajudam a contextualizar a deterioração. A região Sul registrou 170 bloqueios em 79 rodovias devido a enchentes; mais de 1,3 mil municípios em todo o país enfrentaram secas severas; tempestades deixaram 250 mil estabelecimentos sem energia no Sudeste; no Norte, a estiagem histórica dos rios Negro e Solimões isolou comunidades e comprometeu o abastecimento básico.

Para a diretora executiva da CNT, Fernanda Rezende, os resultados mostram que o debate sobre clima e logística precisa deixar de ser periférico. “O setor já está sendo impactado de forma direta. Não se trata mais de risco futuro”, afirma. Ela defende investimentos em infraestrutura mais resistente, capacidade de resposta rápida e políticas permanentes de adaptação.

Vulnerabilidade por modal

A pesquisa mostra que cada modal de transporte sofre de forma diferente. O rodoviário — maioria entre os entrevistados — sente mais diretamente o impacto do calor, que acelera trincas e deformações no asfalto, e das chuvas intensas, que comprometem pontes e rodovias. O caso mais emblemático ocorreu no Rio Grande do Sul, onde a recuperação de estradas após as enchentes do ano passado ultrapassou R$ 18 bilhões.

No transporte ferroviário, o calor extremo pode empenar trilhos, enquanto chuvas fortes aumentam o risco de descarrilamento. No aquaviário, o rebaixamento de rios na Amazônia reduziu o deslocamento de mercadorias e passageiros. Já no setor aéreo, tempestades e ciclones intensificaram cancelamentos e atrasos.

Para Érica Marcos, gerente executiva ambiental da CNT, a adaptação passa por engenharia mais robusta, reforço de estruturas em áreas críticas e sistemas mais avançados de monitoramento meteorológico. “As empresas ainda atuam muito mais na reação do que na prevenção”, diz. Ela defende planos de contingência mais integrados, capacitação técnica e parcerias com centros de pesquisa para desenvolver soluções específicas.

Debate desloca foco do longo para o curto prazo

A principal conclusão da sondagem é que o setor já opera em um ambiente climático instável — e que os impactos deixam de ser exceção para se tornar rotina. A CNT defende que governos e empresas avancem na criação de linhas de financiamento voltadas à adaptação e na oferta de seguros climáticos, hoje praticamente inexistentes no segmento.

O estudo indica que, sem uma política pública integrada, o custo das mudanças climáticas continuará sendo absorvido diretamente pelas empresas — e, em última instância, repassado à economia e ao consumidor. “Não estamos discutindo apenas infraestrutura, mas a continuidade do serviço essencial que movimenta o país”, afirma Rezende.

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Governo abre consulta pública para plano de descarbonização dos transportes

O governo federal abriu na última segunda-feira (28) a consulta pública do Plano Setorial de Mitigação de Transportes, que estabelece diretrizes para a redução de emissões de gases de efeito estufa no setor até 2050. A iniciativa, que integra a Estratégia Nacional de Mitigação e o Plano Clima, ficará disponível até 18 de agosto na plataforma Brasil Participativo, permitindo que a população contribua para a formulação final do documento.

O plano tem como foco os modais aéreo e aquaviário, considerados estratégicos para a transição rumo a uma economia de baixo carbono. As ações incluem a ampliação do uso de combustíveis sustentáveis, como o SAF (combustível sustentável de aviação), a eletrificação de frotas e da infraestrutura de apoio, além do incentivo ao transporte por ferrovias, hidrovias e cabotagem, modais reconhecidos por sua menor emissão de poluentes.

A proposta foi elaborada pelo Ministério de Portos e Aeroportos, em parceria com o Ministério dos Transportes, e coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima. O trabalho envolveu secretarias de aviação civil, portos, hidrovias e navegação, além da Diretoria de Sustentabilidade, com apoio de agências reguladoras.

De acordo com técnicos envolvidos na elaboração, a implementação das medidas deve reduzir a dependência do modal rodoviário e de combustíveis fósseis, ao mesmo tempo em que abre espaço para investimentos privados em novas tecnologias, fortalece o setor de energia renovável e aumenta a eficiência logística do país.

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Feeder impulsiona desempenho robusto da Log-In Logística no 1º trimestre

A Log-In Logística Integrada registrou um desempenho robusto no primeiro trimestre de 2025, com destaque para o crescimento acelerado do segmento Feeder — serviço de alimentação portuária que conecta pequenos e grandes terminais. Esse nicho foi o motor do avanço da receita e da lucratividade da companhia no período. A receita operacional líquida totalizou R$ 683,8 milhões entre janeiro e março, alta de 10,4% sobre o mesmo período do ano passado. Já o lucro líquido atingiu R$ 26,5 milhões, crescimento expressivo de 219,3% em relação ao primeiro trimestre de 2024. O Ebitda ajustado ficou em R$ 153,1 milhões, com avanço de 6,8%.

Segundo a companhia, o desempenho foi impulsionado principalmente pela Navegação Costeira, que somou R$ 462 milhões em receita (+20,6%), beneficiada por um volume recorde de contêineres transportados para um primeiro trimestre — 194,1 mil TEUs, crescimento de 24,6%.

Dentro dessa frente, o destaque absoluto foi o serviço Feeder, que movimentou 140,9 mil TEUs (alta de 48,8%) e alcançou receita recorde de R$ 221,1 milhões. A performance foi reforçada pela criação do Shuttle Navegantes (SSN), novo serviço lançado para atender demandas específicas do mercado e que passou a integrar o portfólio da empresa no segundo trimestre de 2024.

A retomada da atividade econômica na Argentina também contribuiu para os resultados da Log-In, com crescimento de 37% na receita e de 17% no volume de operações no Mercosul. Em contrapartida, a cabotagem apresentou retração de 17,6% no volume, refletindo maior concorrência no segmento.

Terminal de Vila Velha em transição

O Terminal Portuário de Vila Velha (TVV), controlado pela companhia, teve receita estável de R$ 88,1 milhões. Contudo, enfrentou recuo nos volumes movimentados: 50,5 mil contêineres (-10%) e 102,6 mil toneladas de carga geral (-20%).

A retração é explicada pela forte base de comparação do 1T24, marcada por volumes recordes, além da sazonalidade da safra de café, queda nas importações de veículos elétricos e os reflexos da obra de retrofit, concluída em setembro do ano passado. Ainda assim, os números do 1T25 representam o segundo maior volume de contêineres da história do terminal para um primeiro trimestre.

Apesar da queda nos volumes, a produtividade do TVV aumentou 48% e o índice de satisfação dos clientes (NPS) alcançou o melhor patamar desde 2022. A companhia também assinou contrato para exploração de uma nova área de 70 mil m² no Porto de Vitória, ampliando a capacidade futura do terminal.

Rodoviário em reestruturação

No transporte rodoviário de cargas, operado pelas marcas Tecmar e Tecmar Norte, a receita caiu 7,7%, para R$ 122,4 milhões, em meio a um cenário mais competitivo no segmento de carga fracionada. Já o transporte de contêineres operou em plena capacidade nos portos de Santos, Itajaí e Suape, enquanto a armazenagem apresentou crescimento. A empresa também conseguiu reduzir em 40% as ocorrências rodoviárias, mesmo com aumento da frota em operação nos principais portos.

ESG e eficiência operacional

No pilar ambiental, a Log-In tornou sua frota 17% mais eficiente em consumo de combustível por tonelada transportada, e recebeu nota B- no Carbon Disclosure Project (CDP). A agenda social avançou com programas como ELLAS (focado em equidade de gênero), estágios e iniciativas com comunidades locais. Na governança, a companhia concluiu a integração da Tecmar Norte ao sistema SAP, reforçando os controles internos.

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Plano prevê corte de 70% nas emissões dos transportes até 2050

A Coalizão para a Descarbonização dos Transportes, formada por mais de 50 associações, empresas e instituições acadêmicas, apresentou um plano ao governo federal com o objetivo de reduzir em até 70% as emissões setoriais de gases de efeito estufa até 2050. O projeto, que busca atrair mais de R$ 600 bilhões em investimentos verdes ao Brasil, foi formalmente entregue durante o evento “Brasil Rumo à COP30”, em Brasília, no último dia 12 de maio.

O plano, fruto de um convite do presidente da COP30, André Corrêa do Lago, visa subsidiar a elaboração do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, a ser discutido na COP30, em Belém. A Coalizão, que tem entre seus líderes a Motiva, o CEBDS e a CNT, apresenta 90 ações concretas, mensuráveis e integradas para consolidar o Brasil como líder em mobilidade sustentável.

O setor de transportes é responsável por 11% das emissões do país, o que equivale a 260 milhões de toneladas de CO₂. Sem ação, esse número pode alcançar 424 milhões de toneladas até 2050. As propostas da Coalizão buscam reduzir esse impacto para 137 milhões de toneladas, o que corresponderia ao plantio de 13,67 bilhões de árvores.

Iniciativas

Entre as principais iniciativas estão a eletrificação de frotas, o rebalanceamento da matriz logística para modais mais sustentáveis, e o aumento do uso de biocombustíveis. A eletrificação de 50% dos carros de passeio e 300 mil ônibus até 2050 pode evitar a emissão de 145 milhões de toneladas de CO₂. Já a transição para os modais ferroviário e hidroviário poderia reduzir 65 milhões de toneladas.

A ampliação do uso de biocombustíveis como etanol e diesel verde, bem como a expansão do uso de SAF no setor aéreo, também são estratégias centrais, com o objetivo de reduzir 45 milhões de toneladas de emissões até 2050.

O plano busca, ainda, promover a descarbonização da mobilidade urbana, com foco em soluções sustentáveis como o transporte coletivo e a micromobilidade. O investimento necessário para a implementação das ações é estimado em R$ 53 bilhões.

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Governo anuncia ações para reduzir impactos ambientais em portos, aeroportos e hidrovias; entenda

O Ministério dos Portos e Aeroportos (MPor) anunciou 15 ações para reduzir os impactos ambientais de portos, aeroportos e hidrovias, como parte de sua política de sustentabilidade. Entre as principais medidas estão a eletrificação de portos e acordos internacionais para o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis, como o SAF (Sustainable Aviation Fuel ou Combustível Sustentável de Aviação).

A eletrificação visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos navios, que normalmente ficam ligados a motores a diesel enquanto aguardam para atracar.

Durante a COP30, em novembro, o Brasil implementará uma solução temporária para reduzir as emissões dos navios utilizados como hotéis flutuantes, com o uso de gás natural liquefeito, que reduz até 30% as emissões em comparação com o diesel. A agenda também inclui a criação do índice de desenvolvimento ambiental hidroviário e um comitê interministerial para a navegação sustentável, além de acordos com países como Noruega e Singapura para a criação de corredores verdes.

Outra ação será a produção de SAF no Brasil por meio de uma parceria com a Universidade da Aviação da China. O MPor também lançará o “selo verde”, destinado a empresas que adotem práticas ambientais, sociais e de governança (ESG), com níveis variados de certificação. A entrega dos selos ocorrerá antes da COP30.

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Governo anuncia plano integrado para fortalecer logística e transportes no Brasil

O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) lançou na última quinta-feira (5) o Planejamento Integrado de Transportes (PIT), uma estratégia para unir os modais de transporte no Brasil. O objetivo é modernizar, ampliar a acessibilidade e fortalecer a logística nacional. O planejamento, inédito no país, visa otimizar as infraestruturas existentes, aumentar a competitividade no país no comércio global e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico.

Durante evento no auditório do MPor, o ministro Silvio Costa Filho destacou que a iniciativa não apenas visa o curto prazo, mas também a implementação de um planejamento estratégico para as próximas décadas. “Até 2035, temos um plano claro para o setor portuário e hidroviário, e até 2052 para o setor aeroviário, com ações que vão desde dragagens e obras em portos públicos até o desenvolvimento de projetos estruturantes como o túnel de Santos e a concessão do Canal do Paranaguá”, afirmou o ministro.

Além de focar na modernização das infraestruturas, o PIT tem uma visão voltada para a sustentabilidade e a geração de empregos. “Estamos focados na agenda de descarbonização e empregabilidade. Nossos projetos são objetivos e visam acelerar os investimentos necessários para garantir um futuro sustentável e próspero para o Brasil”, ressaltou Silvio Costa Filho.

Planos aeroviário, portuário e hidroviário

O plano aeroviário nacional é um dos destaques dentro do PIT. Com foco na modernização da infraestrutura aeroportuária, prevê o programa AmpliAR, que permitirá a gestão de aeroportos regionais por empresas privadas por meio de um processo competitivo. A iniciativa busca otimizar a malha aérea nacional e promover o desenvolvimento socioeconômico, integrando regiões remotas ao sistema aéreo nacional.

Da mesma forma, o plano setorial portuário é outro pilar importante do PIT. Com metas a serem atingidas até 2035, se concentra na priorização de ações estratégicas para o desenvolvimento do setor portuário, como a criação de corredores logísticos e a implementação de projetos multimodais.

O plano setorial hidroviário visa alavancar as hidrovias brasileiras, que já somam 23 mil km, com a previsão de expansão para mais 17 mil km. A meta é triplicar o volume de carga movimentada por esses modais, o que reduzirá custos de transporte e emissões de gases de efeito estufa.

Governo aposta em expansão de ferrovias e incentivo ao uso de biocombustíveis para reduzir emissões no setor de transportes

O governo brasileiro estabeleceu um conjunto de medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor de transportes, com foco em três frentes principais: o fortalecimento do modal ferroviário, a melhoria da infraestrutura rodoviária e o incentivo ao uso de biocombustíveis, especialmente para veículos de carga. A estratégia foi apresentada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, durante sua participação na COP29, realizada nesta quarta-feira (13) em Baku, no Azerbaijão.

Renan Filho explicou que o Brasil busca, simultaneamente, reduzir a dependência do transporte rodoviário e ampliar a utilização do transporte ferroviário, que é menos poluente. “Estamos atuando em duas direções. A primeira é fortalecer o modo ferroviário para tirar caminhão de estrada e colocar carga em ferrovia. Quanto mais fizermos isso, mais reduziremos a emissão de carbono. Nosso objetivo é que até 2035, 40% da carga brasileira seja transportada por ferrovias, o que terá um impacto significativo na redução das emissões de gases de efeito estufa”, afirmou o ministro.

Além disso, o governo brasileiro está investindo na melhoria da malha rodoviária. Segundo Renan Filho, estradas mais conservadas, com menos buracos, podem contribuir para a redução das emissões. “Estradas sem buracos significam menos tempo de viagem, menos necessidade de frenagem e aceleração, o que se traduz em um volume menor de emissões”, completou.

Outro ponto crucial da estratégia é a promoção do uso de biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, no transporte de cargas. O ministro destacou a implementação dos “corredores azuis”, que terão como objetivo garantir o abastecimento de gás natural e liquefeito para caminhões de carga.

De acordo com Renan Filho, a utilização de caminhões movidos a gás natural pode reduzir em até 30% as emissões de carbono em comparação com os veículos que utilizam óleo diesel. “O uso de biocombustíveis é uma das razões pelas quais o Brasil tem um dos setores de transportes menos poluentes do mundo”, afirmou.

O Brasil também se destaca na inovação tecnológica com o desenvolvimento do Combustível Sustentável de Aviação (SAF), que promete reduzir as emissões da aviação comercial. “Estamos na vanguarda do desenvolvimento de SAF, o que reforça o compromisso do Brasil com a sustentabilidade”, disse Renan Filho.

Compromisso com a redução de emissões

O ministro dos Transportes também comentou as metas climáticas do Brasil, destacando o papel fundamental do setor de transportes na contribuição para a Nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), apresentada pelo Brasil na COP29. A NDC estabelece o compromisso de reduzir entre 59% e 67% as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035, em comparação com os níveis de 2005.

“Esta é uma meta arrojada, mas factível. Ela vai permitir o desenvolvimento do país, a geração de empregos e o crescimento econômico, especialmente em um Brasil que ainda enfrenta grandes desafios sociais e de desigualdade. É um caminho que concilia sustentabilidade e crescimento”, concluiu Renan Filho.

VLI registra primeiras movimentações da segunda safra de milho

Na sequência da safra da soja, o sistema integrado da VLI – empresa de soluções logísticas que integra ferrovias, portos e terminais – começa agora a transportar o milho, que, após um ano de quebra de safra, tem uma grande projeção de crescimento em 2022. As primeiras composições carregadas com o grão já estão saindo do Terminal Integrador de Palmeirante (TIPA), no Tocantins. As cargas são transportadas pela VLI por meio da Ferrovia Norte-Sul, no Arco Norte, e exportadas para Ásia e Europa por meio do Terminal Portuário de São Luís (TPSL).

Segundo a companhia, o crescimento da abrangência do sistema multimodal gerido pela VLI favorece o desenvolvimento da nova fronteira agrícola brasileira, ao oferecer possibilidades de captação e escoamento para as produções agrícolas da região Matopiba, formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a expectativa para produção de milho nesta segunda safra é de 90 milhões de toneladas, ante 57,1 milhões no mesmo período em 2021 – considerando a produção da região do Matopiba.

“O sistema de multimodalidade oferecido pela VLI é sustentado numa solução logística integrada, ágil e eficaz, na qual a carga é captada em sua origem e fazemos o melhor uso de cada modal de transporte para que o produto chegue com maior brevidade ao seu berço de exportação”, afirma o gerente geral comercial de grãos da VLI, Alexandre Ribeiro. 

A companhia utiliza três corredores logísticos para dar vazão a este fluxo de milho. Além do Tramo-Norte da Ferrovia Norte-Sul (FNS), a VLI é administradora dos corredores Centro-Sudeste e Centro-Leste da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA).

Outros ativos da companhia importantes para o escoamento da safra são: os terminais integradores de Araguari, Pirapora, Santa Luzia e Uberaba, em Minas Gerais; o terminal de porto Nacional, no Tocantins; além do terminal de porto Franco, no Maranhão.