Governo lança primeiro inventário nacional de emissões do transporte

O estudo, desenvolvido em parceria com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), reúne dados primários enviados por empresas, operadores e associações do setor e detalha as emissões por modal

Aline Feltrin

O governo federal apresentou na última quinta-feira (13), durante a COP30, em Belém (PA), o primeiro Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do Setor de Transportes — um levantamento considerado pelos formuladores de políticas como peça-chave para estruturar metas climáticas e direcionar investimentos em infraestrutura logística.

O estudo, desenvolvido em parceria com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), reúne dados primários enviados por empresas, operadores e associações do setor e detalha as emissões por modal, tipo de veículo e até pela infraestrutura utilizada. Segundo o Ministério dos Transportes, é a base mais completa já produzida no país sobre a pegada de carbono da logística.

“É um levantamento absolutamente detalhado, com participação efetiva de empresas e operadores. Ambição sem trilha de implementação é apenas um compromisso etéreo. O inventário contribui para o reposicionamento do setor”, afirmou o subsecretário de Sustentabilidade da pasta, Cloves Benevides.

Em entrevista ao portal Transporte Moderno, Benevides havia dito que é importante considerar o Brasil no contexto do Plano Clima e a participação do Ministério dos Transportes nesse processo. “O compromisso brasileiro apresentado tem metas bem arrojadas e é um marco. O plano está dividido em dois grupos principais: o primeiro, focado em agricultura, desmatamento e uso da terra, e o segundo, englobando as demais áreas de governo, incluindo o Ministério dos Transportes”, declarou à época.

O documento será utilizado para orientar a estratégia brasileira de descarbonização no âmbito da nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), apresentada na COP29, que prevê redução voluntária de pelo menos 59% das emissões até 2035 — com meta ideal de 67%.

Diretrizes para o PNL 2050 e para o Plano Clima

Com o consolidado de indicadores ambientais, o governo pretende definir diretrizes para o Plano Nacional de Logística (PNL) 2050 e para o Plano Clima, alinhando ações de mitigação de emissões e de adaptação da infraestrutura às mudanças climáticas. O inventário também servirá como base técnica para programas já em elaboração, como os Corredores Azuis, que estimulam o uso de gás natural e biometano no transporte rodoviário.

“Agora o setor tem mais segurança para comunicar o que já realiza e quais compromissos pode assumir. O inventário oferece condições para organizar políticas públicas, aproveitando toda a vantagem competitiva que o Brasil possui”, disse Benevides.

Investimentos e transição energética

Nos últimos três anos, o Ministério dos Transportes ampliou iniciativas voltadas à sustentabilidade e, na COP30, apresentou a representantes estrangeiros um pacote superior a US$ 2 bilhões em novos investimentos direcionados à adaptação e descarbonização da malha rodoviária.

As discussões também avançaram sobre temas como eletrificação, modernização de frotas, racionalização de consumo e estímulo ao uso de multicomponentes energéticos, incluindo biocombustíveis produzidos a partir de milho e etanol.

Representantes do governo participaram ainda de rodadas de negociação com delegações internacionais e organismos multilaterais para construir consenso sobre políticas de infraestrutura resiliente.

Com o inventário, o Brasil busca consolidar evidências técnicas que permitam acelerar a transição energética no transporte — um dos setores mais intensivos em emissões e considerado determinante para que o país cumpra suas metas climáticas no médio e no longo prazo.

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