Quando a MAN trouxe sua força da Alemanha para o Brasil

A chegada dos extrapesados TGX marcou uma nova era em Resende e consolidou o sonho da MAN de competir entre os gigantes

Aline Feltrin

Em 2012, a MAN Latin America escrevia um dos capítulos mais marcantes da indústria de caminhões no Brasil. Naquele ano, a montadora de origem alemã iniciava oficialmente a produção dos extrapesados TGX em Resende (RJ) — um movimento que simbolizava não apenas a expansão da marca no país, mas também o amadurecimento de um conceito ousado: o dual brand, que unia sob o mesmo guarda-chuva os caminhões Volkswagen e MAN.

Com investimento de R$ 100 milhões e uma nova linha de montagem exclusiva, a MAN inaugurava uma fase de alta tecnologia e ambição. O objetivo era claro: medir forças com Mercedes-Benz, Volvo e Scania no segmento acima de 400 cavalos de potência — o território mais nobre e competitivo do transporte rodoviário.

“Com os novos cavalos mecânicos, passamos a oferecer uma gama completa de produtos, de 5,5 a 74 toneladas de PBTC, reforçando ainda mais o conceito sob medida que nos consagrou nesses 30 anos de mercado”, disse à época o presidente Roberto Cortes.

Os modelos TGX 28.440 6×2, 29.440 6×4 e 33.400 6×4 traziam motor D26 de 12 litros e 440 cv, com transmissão automatizada TipMatic de 16 marchas, fabricada em parceria com a ZF. O design frontal em “V” destacava a imponência da cabine, e o interior, com piso plano e acabamento sofisticado, refletia o padrão europeu adaptado às condições brasileiras.

Acervo OTM Editora

Engenharia “tropicalizada”

Para que o TGX sobrevivesse às estradas irregulares do Brasil, a engenharia da MAN promoveu 230 modificações em relação ao modelo europeu. O resultado foi um caminhão robusto, com suspensões redesenhadas, reforço estrutural e sistemas aprimorados de arrefecimento e transmissão. Em alguns componentes, a vida útil chegou a ser dez vezes maior do que a da versão alemã.

A linha TGX estreava com 40% de componentes nacionais, com meta de atingir 60% em três anos, graças à atuação de fornecedores parceiros como Maxion, Meritor, Powertrain e Continental — integrantes do Consórcio Modular em Resende.

Um passo de gigante

O projeto também ampliou a capacidade da planta fluminense de 82 mil para 100 mil unidades por ano, reforçando a posição do complexo como centro estratégico da operação latino-americana. Os caminhões brasileiros passaram a abastecer países como Argentina, Chile, Peru, Bolívia e Uruguai, marcando o início das exportações da linha MAN feita no Brasil.

O TGX chegou para disputar um mercado milionário e exigente, com direito a freios auxiliares EVBec, sistemas ABS e EBS, e tecnologia de Redução Catalítica Seletiva (SCR) para atender às normas de emissões Euro 5.

Um legado que marcou época

A entrada da MAN no segmento de extrapesados nacionais foi, para muitos, um divisor de águas. Representava o amadurecimento da engenharia brasileira e a consolidação do país como polo de desenvolvimento global dentro do grupo Volkswagen.

Quer reviver essa história na fonte original?
Leia a reportagem completa publicada na edição nº 452 da Transporte Moderno, de abril/maio de 2012, disponível em nosso acervo digital. (Clique aqui).

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