“Transmissão automatizada para caminhões leves é um caminho sem volta”, diz executivo da Eaton

Entre os caminhões pesados, as transmissões automatizadas já são praticamente padrão de fábrica; nos semipesados, há equilíbrio entre sistemas manuais e automatizados; e nos modelos de até 13 toneladas ainda predomina o câmbio manual

Aline Feltrin

A Eaton, empresa de gestão de energia, se prepara para uma nova fase do transporte rodoviário no Brasil — e, dessa vez, o movimento parte dos caminhões leves. Após consolidar a automação das transmissões no segmento de pesados, a companhia aposta que a tendência se repetirá nos modelos de menor porte, impulsionada por ganhos de eficiência energética, conforto ao motorista e redução de custos operacionais.

“O cenário lembra o que aconteceu há 15 anos com os caminhões pesados. Na época havia dúvidas sobre custo e durabilidade. Hoje, é raríssimo encontrar um pesado com caixa manual. A mesma trajetória deve se repetir entre leves e médios”, afirma Alexandre Albacete, gerente de estratégia de produto de caminhões e ônibus da Eaton.

Segundo o executivo, a resistência ainda é maior entre transportadores de pequeno porte, que consideram o custo inicial mais elevado. “Mas o tempo tem mostrado que é um caminho sem volta. O conforto, a segurança e a eficiência de consumo acabam compensando o investimento inicial”, diz.

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Expansão gradual

O mercado brasileiro de caminhões está dividido em três faixas: entre os pesados, as transmissões automatizadas já são praticamente padrão de fábrica; entre os semipesados, há equilíbrio entre sistemas manuais e automatizados; e nos veículos de até 13 toneladas ainda predomina o câmbio manual.

A virada começou há mais de uma década, quando a adoção da norma P7 (equivalente ao Euro 5 na Europa) impulsionou a modernização dos powertrains. Agora, a mesma lógica de eficiência e controle de emissões avança para os segmentos leves e médios.

Estudos conduzidos pela Eaton indicam que caminhões com caixas automatizadas podem registrar economia de combustível entre 10% e 20% e dobrar a durabilidade da embreagem, dependendo da aplicação. “Para frotas grandes, o impacto financeiro é expressivo. Além disso, o motorista trabalha menos cansado, com mais segurança e produtividade”, afirma Albacete.

Engenharia nacional

Para sustentar o avanço, a Eaton desenvolveu em 2024 a linha Advantor, família de transmissões automatizadas com 70% de conteúdo local. O portfólio inclui três modelos: a Advantor-6, de seis marchas, voltada a caminhões leves e micro-ônibus; a Advantor-8, para ônibus médios; e a Advantor-10, destinada a caminhões semipesados.

Advantor 6 para caminhões leves (Divulgação)

As transmissões incorporam assistente de partida em rampa, modo auto neutro e modo manobra, que reduzem o desgaste do motorista em rotas urbanas. O intervalo de troca de lubrificante foi ampliado, e o tempo de vida útil da embreagem pode ser até duas vezes maior que nas versões manuais anteriores.

A unidade de controle eletrônico também foi redesenhada, com maior capacidade de processamento e suporte a diagnósticos avançados. O sistema já está preparado para futuras normas de segurança cibernética e funcional, além de ser compatível com veículos híbridos e elétricos.

Desmistificando a automação

Albacete destaca que ainda há confusão no mercado entre transmissões automáticas e automatizadas. Enquanto as automáticas utilizam conversor de torque e são comuns em automóveis, as automatizadas partem da mesma base manual e adicionam atuadores eletrônicos que fazem as trocas de marcha e o acionamento da embreagem.

“Essa padronização reduz custos e facilita o pós-venda, porque a rede de assistência já está estruturada para o sistema manual”, explica o executivo.

Para a Eaton, a automação será o eixo central da transformação no transporte de carga brasileiro nos próximos anos. “O país está prestes a viver a mesma virada que vimos nos pesados. A caixa automatizada combina eficiência, menor custo de manutenção e robustez, mantendo o controle do motorista em situações específicas”, diz Albacete.

Segundo ele, quem se antecipar a essa mudança estará em vantagem. “A automação é um caminho sem volta — e o futuro do transporte no Brasil será cada vez mais automatizado, conectado e diversificado em fontes de energia.”

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