A Black Friday 2025 promete ser a maior da história do e-commerce brasileiro — e também uma das mais desafiadoras para a cadeia logística do país. Segundo projeção da Associação Brasileira de Inteligência Artificial e E-commerce (ABIACOM), o evento deve movimentar R$ 13,34 bilhões, um crescimento de 14,7% em relação ao ano passado. A estimativa é de 16,5 milhões de pedidos e ticket médio de R$ 808,50, números que confirmam a força do varejo digital mesmo em um cenário econômico ainda cauteloso.
Mas, por trás dos descontos e vitrines virtuais, há uma engrenagem complexa que será colocada à prova. Cada clique em “comprar” aciona uma cadeia de processos que inclui emissão fiscal, separação de estoque, transporte, roteirização e entrega. E qualquer falha em uma dessas etapas pode comprometer toda a operação.
“Durante a Black Friday, logística é sinônimo de reputação. Quem não se prepara para o pico de demanda compromete o SLA e perde clientes”, afirma Ewerton Caburon, CEO da Emiteaí, empresa de Blumenau especializada em automação fiscal.
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Corrida contra o tempo
Com milhões de pedidos concentrados em poucos dias, o sistema logístico precisa funcionar como um organismo vivo — e sincronizado. Segundo Caburon, um dos erros mais comuns é tentar improvisar em meio à operação.
“Planejar é o único caminho. A Black Friday não é o momento de testar sistemas novos, e sim de executar o que já está maduro, automatizado e integrado. Cada segundo perdido na emissão de um documento ou na atualização de estoque pode se transformar em atraso e prejuízo”, afirma.
A atenção, diz ele, deve estar voltada especialmente aos sistemas fiscais. “As empresas precisam garantir que suas plataformas estejam preparadas para o aumento na emissão de CT-es, MDF-es e notas fiscais eletrônicas. Se o sistema não aguentar a carga, o caminhão não sai. E se o caminhão não sai, o pedido não chega”, explica.
Automação
A Black Friday também reforça uma tendência já consolidada no setor: logística deixou de ser apenas custo operacional e passou a ser diferencial competitivo.
“O consumidor não está apenas atrás do menor preço. Ele quer previsibilidade, rastreio em tempo real e entrega rápida. A experiência logística virou parte da percepção de valor do produto”, diz Caburon.
Nesse contexto, empresas que automatizam processos — da emissão fiscal à integração com transportadoras — tendem a sair na frente. “A automação permite controle total sobre o fluxo de informações, reduz erros humanos e garante conformidade fiscal, mesmo em picos de demanda”, completa o executivo.
Pressão sobre transportadoras
O crescimento esperado de 15% nas vendas online deve ampliar a pressão sobre transportadoras, operadores logísticos e centros de distribuição. De acordo com a ABIACOM, os segmentos de eletrônicos, moda, beleza, brinquedos e eletrodomésticos serão os mais aquecidos — justamente os que exigem maior agilidade e cuidado no transporte.
Para Caburon, a Black Friday é um “divisor de águas” para o setor. “O Brasil vive um momento de transformação digital na logística. O volume cresce, os prazos encurtam e o consumidor está cada vez mais exigente. Nesse contexto, quem domina automação fiscal e gestão integrada ganha escala e consistência”, afirma.
Um espelho para o setor
A expectativa de R$ 13,3 bilhões em vendas online consolida a Black Friday como motor de crescimento do varejo, mas também como um teste de maturidade para a infraestrutura logística nacional.
“A Black Friday é um marco de desempenho, mas também um espelho. Ela mostra quem está preparado e quem ainda opera no improviso. E, na logística, improviso custa caro”, conclui Caburon.
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