As tarifas de frete de transporte marítimo de contêineres seguem em queda, pressionadas pelo aumento da oferta de navios, pela desaceleração das importações nos Estados Unidos e pelas tensões comerciais persistentes entre Washington e Pequim.
Segundo dados da plataforma Freightos, os valores na rota Transpacífico atingiram os níveis mais baixos desde a crise do Mar Vermelho, em 2023. Para a costa oeste americana, as tarifas caíram 8% na última semana, chegando a cerca de US$ 1.400 por contêiner de 40 pés (FEU), enquanto para a costa leste permanecem em torno de US$ 3.000. Judah Levine, chefe de pesquisa da Freightos, atribui o movimento ao excesso de capacidade e à queda das importações nos EUA, “em seu ponto mais baixo desde meados de 2023”.
A tendência de baixa também é confirmada por Xeneta. Na rota do Extremo Oriente para a costa leste americana, as tarifas spot caíram 24,1% em outubro em relação a setembro, passando de US$ 2.127/FEU para US$ 1.614/FEU. Em comparação com outubro de 2024, os valores retrocederam mais da metade. Peter Sand, chefe de análise da Xeneta, alerta que “os mercados continuam instáveis e as tarifas devem seguir em queda no restante de 2025, embora riscos geopolíticos possam gerar novos sobressaltos”.
O cenário é semelhante no Atlântico Norte. As tarifas de contêineres de portos do norte da Europa para a costa leste dos EUA recuaram 10,7% em relação ao mês anterior e mais de 45% em relação ao ano passado.
Impacto das tensões comerciais
O ajuste ocorre em meio a novas fricções entre as duas maiores economias do mundo. Em 14 de outubro, entraram em vigor tarifas portuárias recíprocas entre EUA e China, além de restrições chinesas à exportação de terras raras. Apesar do potencial de impacto, estudos indicam efeito operacional limitado: a Clarkson’s Research estima que apenas 5% das escalas em portos chineses seriam afetadas, com a maior parte das companhias ajustando o uso de frota para reduzir custos.
Analistas destacam que algumas medidas chinesas incluem isenções, como para navios construídos no país ou que retornam para reparos, limitando o alcance real dos gravames.
Linhas marítimas ajustam rotas
Alguns serviços já vêm redesenhando itinerários. A Freightos informou que Maersk e Hapag-Lloyd cancelaram escalas em Ningbo no serviço ‘TP7/WC5’ para evitar tarifas sobre navios registrados nos EUA, deslocando cargas para transbordos em Busan e Kwangyang.
No Mar Vermelho, o recente cessar-fogo entre Israel e Hamas reacende a expectativa de retorno gradual do tráfego pelo Canal de Suez, aumentando a capacidade disponível no mercado. Segundo Levine, “a maioria das linhas aguardará um período prolongado de estabilidade antes de retomar o tráfego regular”.
Em resumo, o setor de transporte de contêineres enfrenta sobrecapacidade estrutural, combinada à incerteza política e comercial. Para Levine, “hoje, o principal motor das tarifas é o crescimento da capacidade da frota, e não a demanda”.
Com informações do site chileno Mundo Marítimo.
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