Crédito caro: financiamentos de caminhões recuam 9% até setembro

Entre os caminhões novos, a retração foi ainda mais expressiva: as concessões caíram de 102,9 mil para 84 mil unidades, uma baixa de 18%

Durante o primeiro semestre de 2024, a Rodobens Seguros anunciou um crescimento de 210% na contratação de seguros de frota em comparação ao mesmo período do ano anterior. Os números revelam um avanço de R$10 milhões em prêmios, contra R$4,8 milhões no primeiro semestre de 2023.

Aline Feltrin

O volume de financiamentos de caminhões somou 188,4 mil unidades de janeiro a setembro deste ano, uma queda de 9% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registradas 206 mil operações, segundo dados do Sistema Nacional de Gravames (SNG) compilados pela B3 e analisado por Transporte Moderno. O resultado reflete o impacto do crédito mais caro em um cenário de taxa Selic a 15%, que tem freado as decisões de investimento e renovação de frota no transporte rodoviário.

Entre os caminhões novos, a retração foi ainda mais expressiva: as concessões caíram de 102,9 mil para 84 mil unidades, uma baixa de 18%. Já o segmento de usados manteve estabilidade, com 104,3 mil financiamentos neste ano, ligeira alta de 1% em relação às 103 mil unidades do mesmo período do ano passado.

A diferença entre os dois mercados reforça o movimento de frotistas e autônomos em buscar alternativas mais baratas para driblar o custo elevado do crédito e dos veículos novos. O CDC (Crédito Direto ao Consumidor) segue como a principal modalidade de financiamento, somando 152,1 mil contratos até setembro, contra 172 mil em 2024 — recuo de 12%.

Em setembro, o ritmo de financiamentos também foi menor na comparação anual. O total de caminhões financiados no mês foi de 21,1 mil unidades, queda de 16% frente às 25,1 mil registradas em setembro do ano passado. Entre os novos, a redução chegou a 24%, com 9,9 mil unidades, enquanto o mercado de usados avançou 7%, para 13 mil.

O desempenho reflete o peso das condições financeiras mais restritivas e a cautela dos transportadores diante de custos operacionais elevados. Analistas apontam que, com a Selic ainda em dois dígitos, o setor deve continuar enfrentando dificuldade para financiar a renovação da frota, mantendo a preferência por caminhões seminovos e usados, de menor valor e prazo de pagamento mais curto.

A B3, operadora do Sistema Nacional de Gravames, é responsável pela maior base privada do país, que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o território nacional.

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