A indústria de implementos rodoviários brasileira já fechou cerca de 1 mil vagas em 2025 devido à fraca demanda interna, especialmente no segmento pesado – reboques e semirreboques. Entre janeiro e agosto, a venda acumulada caiu 20,7%, totalizando 47.737 unidades, ante 60.199 no mesmo período de 2024. O presidente da Associação Nacional das Empresas Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), José Carlos Sprícigo, disse ao portal Transporte Moderno que o nível de ociosidade das fábricas está em torno de 35%, reflexo da redução da atividade. A entidade reúne 170 associadas e mais de 1.458 afiliadas ativas, desde micro, pequenas, médias e grandes empresas
Contudo, o aumento das exportações tem ajudado a mitigar parcialmente os impactos da baixa demanda. Até julho de 2025, o setor exportou 2.623 implementos, crescimento de 44,84% em relação às 1.811 unidades vendidas no mesmo período de 2024, segundo dados da Anfir. Os principais destinos das exportações foram Chile (1.124 unidades), Paraguai (1.031) e Uruguai (373).
A Argentina, que ocupava apenas a sétima posição em 2024 com 110 unidades, já registrou 250 implementos no primeiro semestre de 2025, superando o total exportado no país em todo o ano passado. “Tudo indica que a Argentina poderá figurar entre os três principais mercados até o fim do ano”, afirmou Sprícigo.
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O avanço deve ser impulsionado pela rodada de negócios promovida pela Anfir e ApexBrasil, que ocorrerá de 16 a 18 de setembro, em Córdoba e Buenos Aires. A missão reunirá 35 empresas brasileiras, com apoio da Embaixada do Brasil, no âmbito do programa MoveBrazil, que visa promover exportações de implementos rodoviários e componentes.
Apesar do bom desempenho da Argentina, Sprícigo alerta que a definição da continuidade do governo de Javier Milei pode trazer incertezas ao setor. “Embora a Argentina tenha se mostrado um mercado promissor, mudanças políticas e econômicas no país vizinho podem afetar negociações e parcerias em andamento. É um ponto de atenção para a indústria brasileira”, disse.
Perspectivas
O presidente da Anfir projeta que o total de implementos pesados comercializados no mercado interno poderá chegar a 72 mil unidades até o fim de 2025, uma queda de 18,6% em relação às 88,5 mil unidades registradas no ano passado. “O setor pesado é mais sensível a fatores sazonais e macroeconômicos, como a safra agrícola e a atividade industrial. Qualquer desaceleração impacta diretamente o desempenho do segmento”, afirma Sprícigo. Somando pesados e leves, a projeção é de um mercado de 150 mil unidades, leve recuo de 5,7% frente às 159 mil unidades de 2024.
Apesar do cenário desafiador, a indústria aposta na continuidade das exportações e em incentivos financeiros para pequenas e médias empresas, enquanto aguarda possíveis reduções da Selic para estimular a retomada dos investimentos internos. “A concorrência com produtos chineses e fatores sazonais seguem influenciando diretamente o desempenho dos implementos pesados”, conclui o executivo.
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