José Ronaldo Marques da Silva, presidente do Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg): “A perspectiva é de que 2025 seja um ano de recuperação gradual, e o transporte acompanha essa curva”

O aumento da produção e das exportações gera mais demanda para o transporte, ajudando a manter o fluxo de receita dos cegonheiros, segundo o presidente da Sinaceg

Sonia Moraes

Transporte Moderno – Qual é a representatividade do transporte de veículos zero-quilômetro no faturamento dos cegonheiros?

José Ronaldo Marques – O transporte de veículos zero-quilômetro ainda representa a principal fatia do faturamento dos cegonheiros, girando em torno de 80% a 90% da atividade.

Transporte Moderno – As projeções positivas da Anfavea para 2025 já se traduzem em mais demandas para o transporte?

José Ronaldo Marques – Sim. Sempre que a indústria automobilística projeta crescimento, isso tem reflexo imediato no nosso setor. Já sentimos uma movimentação maior na programação de embarques. A perspectiva é de que 2025 seja um ano de recuperação gradual, e o transporte acompanha essa curva.

Transporte Moderno – Como as taxas de juros elevadas afetam a decisão de renovação de frota dos transportadores?

José Ronaldo Marques – O impacto é muito direto. Com juros altos, o custo do financiamento de caminhões sobe, e muitos transportadores acabam postergando a renovação.

Transporte Moderno – Há espaço para novos financiamentos e linhas de crédito específicas para o setor nesse cenário?

José Ronaldo Marques – Com certeza. O setor precisa de instrumentos financeiros adequados à sua realidade. Linhas de crédito com prazos mais longos, taxas diferenciadas e condições específicas para o transporte de veículos seriam fundamentais para acelerar a renovação da frota e garantir mais segurança e produtividade.

Transporte Moderno – Quais são as estratégias mais comuns dos cegonheiros para manter a competitividade mesmo com frota mais envelhecida?

José Ronaldo Marques – A principal estratégia é a gestão eficiente. Muitos transportadores investem em manutenção preventiva, uso de tecnologia de roteirização e telemetria para reduzir custos e otimizar viagens. Além disso, há uma união maior do setor para negociar coletivamente melhores condições com fornecedores.

Transporte Moderno – O aumento da produção e das exportações pode compensar a cautela na renovação de caminhões?

José Ronaldo Marques – De certa forma, sim. O aumento da produção e das exportações gera mais demanda para o transporte, ajudando a manter o fluxo de receita dos cegonheiros.

Transporte Moderno – Qual a importância da Expo de Transportes do ABCD como plataforma para negócios e para o debate sobre modernização da frota?

José Ronaldo Marques – A Expo é o grande palco de discussão do setor. É onde reunimos transportadores, fornecedores e autoridades para debater os rumos do transporte de veículos no Brasil. Além de gerar negócios, é um espaço estratégico para tratar da modernização da frota, das condições de financiamento e das soluções tecnológicas que vão transformar nossa atividade.

Transporte Moderno – Quais novidades da feira mais devem atrair empresas ligadas ao transporte de veículos zero-quilômetro?

José Ronaldo Marques – As novidades ligadas a caminhões de última geração, novas tecnologias de segurança, telemetria, combustíveis alternativos e soluções de manutenção certamente vão atrair a atenção. Além disso, as rodadas de negócios com fornecedores são oportunidades únicas para o transportador.

Transporte Moderno – Quais perspectivas o senhor vê para o mercado e para a frota dos cegonheiros nos próximos cinco anos?

José Ronaldo Marques – Olhamos para os próximos cinco anos com otimismo moderado. A expectativa é de retomada gradual da produção automotiva, impulsionada por novos modelos e pela transição energética. Para os cegonheiros, isso significa mais demanda, mas também o desafio de modernizar a frota. Com políticas de crédito adequadas e um ambiente regulatório favorável, temos condições de avançar em produtividade, segurança e sustentabilidade.

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