Com crescimento de 288% na última década, o Arco Amazônico consolidou o Norte como um corredor estratégico para o agronegócio, ganhando espaço sobre os portos tradicionais e ampliando a competitividade das exportações brasileiras. Em 2024, a movimentação de soja e milho na região alcançou 30,9 milhões de toneladas, o equivalente a 22,8% do total nacional.
O desempenho supera, em ritmo, os dois principais corredores logísticos do país. No mesmo período, Santos (SP) cresceu 55,3% e Paranaguá (PR), apenas 17,2%. Embora Santos siga líder absoluto, com 43,9 milhões de toneladas de soja e milho embarcadas em 2024 (32,5% do total), e Paranaguá tenha respondido por 14,3 milhões (10,6%), a alta proporcional do Arco Amazônico revela uma mudança relevante no mapa logístico do agronegócio brasileiro.
Iniciativa privada puxa avanço
Segundo levantamento da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), o Arco Amazônico movimentou 87,8 milhões de toneladas em cargas de longo curso e cabotagem em 2024, crescimento de 4,8% frente a 2023. Do total, 64% passaram por Terminais de Uso Privado (TUPs), o que reforça o protagonismo da iniciativa privada na região.
A matriz de cargas é diversificada. Além da soja e do milho, destacam-se bauxita (23,9 milhões de toneladas), carga conteinerizada (9,9 milhões), produtos químicos inorgânicos (5,7 milhões) e petróleo e derivados sem óleo bruto (5,2 milhões).
“Com sua vocação natural para a navegação interior e sua posição geográfica privilegiada, a região tem todas as condições para seguir ampliando sua participação no escoamento da produção nacional, desde que superados os atuais gargalos operacionais”, afirma Murillo Barbosa, presidente da ATP.
Gargalos e próximos passos
Apesar do avanço, 2025 começou com dificuldades. A estiagem prolongada reduziu os níveis dos rios, e a falta de dragagens de manutenção limitou a capacidade de carregamento das embarcações. Entre janeiro e maio, a movimentação de soja e milho caiu 8,7% em relação ao mesmo período de 2024, somando 13,3 milhões de toneladas.
Para reverter esse quadro, a ATP defende projetos estruturantes. Um deles é a ampliação do calado autorizado na Barra Norte, fundamental para aumentar a eficiência logística. Outro é a dragagem do rio Tapajós, que permitiria maior regularidade na navegação. Além disso, a associação pressiona pela implementação das concessões hidroviárias, modelo em que operadores privados assumiriam a manutenção, a sinalização e a gestão de tráfego, garantindo previsibilidade ao transporte interior.
Nova geografia da exportação
Enquanto Santos e Paranaguá ainda concentram 43% da movimentação de grãos do país, o Norte já aparece como alternativa competitiva. A proximidade dos polos produtores com os mercados consumidores internacionais reduz custos e prazos logísticos.
De rota secundária a corredor estratégico, o Arco Amazônico simboliza uma nova geografia da exportação de grãos no Brasil. O crescimento acelerado da última década e a consolidação da iniciativa privada apontam para uma transformação estrutural, com impacto direto na competitividade do agronegócio brasileiro no mercado global.
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