Após meses de retração, o mercado brasileiro de caminhões demonstrou em julho um sinal de recuperação. Foram emplacadas 10.523 unidades, avanço de 25,7% em relação a junho (8.374). Apesar da melhora, o resultado ainda ficou 5% abaixo do mesmo mês de 2024 (11.079), segundo dados divulgados nesta segunda-feira (4) pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
No acumulado de janeiro a julho, as vendas somaram 63.943 unidades, queda de 3,9% frente ao mesmo período do ano passado (66.504).
De acordo com a Fenabrave, o resultado de julho foi impulsionado pelo maior número de dias úteis e por uma estratégia comercial mais agressiva de fabricantes e concessionárias, em busca de acelerar a renovação de estoques.
“É um bom início de semestre, mas devemos lembrar que o mercado permanece desafiado pelo crédito caro e pela cautela nos investimentos”, afirmou Arcelio dos Santos Júnior, presidente da Fenabrave.
No entanto, a entidade reduziu, no início de julho, sua estimativa para o desempenho do setor em 2025. A nova projeção aponta para 113.562 caminhões emplacados no ano, o que representa retração de 7% em relação a 2024 (122.099). Até junho, a expectativa era de crescimento de 4,5%.
“Sabemos que o mercado de caminhões é muito vinculado ao PIB e ao crédito acessível. Porém, a taxa de juros elevada continua pesando fortemente sobre o setor”, acrescentou Arcelio Júnior.
Liderança de mercado
Em julho, Mercedes-Benz, Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) e Volvo dividiram a liderança, seguidos por Scania e DAF. No acumulado do ano, a ordem é Volkswagen, Mercedes-Benz e Volvo, com Scania e Iveco logo atrás.
Conforme os números divulgados, a Volkswagen registrou 27,29% de participação em julho, seguida por Mercedes-Benz (25,54%), Volvo (16,47%), Scania (13,01%) e DAF (8%). No acumulado do ano, a marca alemã mantém a dianteira com 26,64%, à frente de Mercedes-Benz (26,13%), Volvo (17,92%), Scania (12,66%) e Iveco (7,69%).
Entre os modelos, o VW Delivery 11.180 confirmou a liderança tanto em julho quanto no acumulado do ano, seguido pelo Mercedes-Benz Accelo e pelo Volvo FH 540 (veja o ranking completo mais abaixo). A ascensão do 11.180 evidencia uma mudança no perfil da frota brasileira, tradicionalmente dominada por caminhões pesados.
Segundo Antonio Jorge, professor e coordenador de cursos automotivos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o avanço dos caminhões médios reflete as condições macroeconômicas.
“A tendência de enfraquecimento dos investimentos em caminhões pesados é clara. Esses veículos estão associados a projetos de médio e longo prazo, que ficam comprometidos num cenário de Selic elevada”, avalia.
Para ele, o crescimento dos modelos médios responde à demanda urbana. “A sociedade continua consumindo, mesmo endividada. Isso sustenta o fluxo de entregas nos grandes centros, exatamente o tipo de operação feita com caminhões médios como o Delivery 11.180.”
O especialista, no entanto, faz um alerta: “Mantido o atual nível de endividamento de famílias e empresas, até mesmo esse segmento intermediário pode sentir os efeitos da desaceleração nos próximos meses.”
Implementos rodoviários em retração
O mercado de implementos rodoviários também reagiu em julho, com 6.274 unidades licenciadas — alta de 13,3% frente a junho (5.536). Porém, em relação a julho do ano passado (7.860), houve queda de 20,2%.
No acumulado de janeiro a julho, foram 42.119 implementos, recuo de 19,8% frente ao mesmo período de 2024 (52.544). A expectativa é de que o segmento encerre 2025 com retração próxima de 20%.
“O ritmo de renovação de frota continua baixo, refletindo o desaquecimento de setores-chave, como o agronegócio”, concluiu Arcelio Júnior.
Os 10 caminhões mais vendidos em julho
- 1) VWCO 11.180 – 706
- 2) Volvo FH 540 – 530
- 3) Volvo VM 290 – 388
- 4) DAF XF 530 – 386
- 5) Volvo FH 460 – 361
- 6) MB Atego 1719 – 338
- 7) VWCO 17.210 – 307
- 8) MB Accelo 1017 – 294
- 9) VWCO 26.260- 286
- 10) DAF XF 480 – 284
Os 10 caminhões mais vendidos em sete meses
- 1) VWCO 11.180 – 3.775
- 2) Volvo FH 540 – 3.056
- 3) Volvo VM 290 – 2.529
- 4) MB Accelo 1017 – 2.423
- 5) DAF XF 530 – 2.242
- 6) Volvo FH 460 – 2.070
- 7) MB Atego 1719 – 1.800
- 8) VWCO 26.260 – 1.672
- 9) Scania R 460 – 1.667
- 10) VWCO 17.210 – 1637
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