Indústria de autopeças fecha o primeiro semestre com déficit de US$ 7,45 bilhões

A elevação de 20,8% é proveniente do ritmo intenso das importações, que cresceram 15,8%, totalizando US$ 11,4 bilhões, enquanto as exportações aumentaram 7,5%, chegando a US$ 4,01 bilhões até junho deste ano

Sonia Moraes

A indústria de autopeças encerrou o primeiro semestre com déficit de US$ 7,45 bilhões, aumento de 20,8% sobre o saldo negativo de US$ 6,16 bilhões registrados no mesmo período do ano passado, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

Esse resultado é decorrente do ritmo intenso das importações de componentes, que atingiu US$ 11,4 bilhões de janeiro a junho deste ano, com incremento de 15,8% sobre os US$ 9,9 bilhões importados nos seis meses de 2024.

As exportações totalizaram US$ 4,01 bilhões no primeiro semestre e, mesmo com o crescimento de 7,5% em relação aos US$ 3,73 bilhões registrados no mesmo período de 2024, ficaram abaixo do desempenho das importações. “É esse cenário que vem impulsionando, desde janeiro de 2024, o crescimento sistemático do déficit da balança comercial no acumulado em 12 meses”, destaca o Sindipeças em seu relatório sobre a balança comercial do setor.

Desempenho mensal

Em junho, a balança comercial da indústria de autopeças registrou déficit de US$ 1,3 bilhão — resultado levemente melhor que o do mês anterior (US$ 1,28 bilhão), mas 22,5% superior a junho de 2024, quando somou US$ 1,0 bilhão.

As exportações totalizaram US$ 690,6 milhões, com pequeno avanço em relação a maio deste ano (US$ 682,3 milhões) e expressivo crescimento de 24,5% em relação a junho de 2024 (US$ 554,4 milhões). Mas esse desempenho não foi suficiente para compensar o avanço das importações, que atingiram US$ 1,97 bilhão, com pequeno aumento em relação a maio deste ano e crescimento de 23,2% em relação a junho do ano passado, quando totalizou US$ 1,59 bilhão.

O Sindipeças destaca que, apesar de permanecerem como o segundo principal destino das exportações brasileiras de autopeças, os Estados Unidos vêm perdendo participação relativa no mercado. “A imposição da sobretaxa de 25% para autopeças –destinadas aos veículos de passageiros e comerciais leves com capacidade de carga de até cinco toneladas – por parte do governo Trump, com vigência desde três de maio, contribuiu para essa perda de dinamismo e vem mostrando seus primeiros sinais.”

O Sindipeças ressalta que, embora maio tenha registrado leve crescimento de 2% nas exportações para o mercado norte-americano, esse resultado já representava uma desaceleração relação a abril, que teve aumento de 12,4%. “Em junho, o movimento se intensificou, com recuo de 5,7% na comparação com o mês anterior. Como reflexo, no acumulado do primeiro semestre, as exportações para os Estados Unidos registraram queda de 4,9%, contrastando com o desempenho mais favorável observado em outros mercados como a Argentina.”

Exportações

As exportações destinadas para 187 países no primeiro semestre de 2025 mostram a forte presença da Argentina nas compras de componentes do Brasil, com US$ 1,56 bilhão, aumento de 28,1% em relação ao mesmo período de 2024 e 38,9% de participação nos embarques.

Os Estados Unidos continuam em segundo lugar no ranking das exportações das autopeças, com 15,7% de participação, mas o embarque, que totalizou US$ 632,3 milhões, foi 4,9% inferior ao primeiro semestre de 2024.

O México teve 8,7% de representatividade nas exportações, com US$ 351,6 milhões, 22,4% abaixo dos seis meses do ano passado. A Alemanha comprou 3,5% a mais das empresas brasileiras, chegando a US$ 212,4 milhões, e teve 5,3% de participação nos embarques de janeiro a junho deste ano.

O Chile, que está em quinto lugar nas exportações das empresas, com 2,8% de participação, teve US$ 113,4 milhões de compras adquiridas das fabricantes brasileiras, incremento de 7,1% sobre o primeiro semestre do ano passado.

Importações

As importações provenientes de 147 mercados mantêm como destaque a China, com US$ 2,11 bilhões de compras realizadas pelas empresas de janeiro a junho de 2025, aumento de 23,7% em relação ao mesmo período do ano passado, e 18,5% de participação.

Os Estados Unidos continuam em segundo lugar, com U$S 1,19 bilhão de componentes enviados ao Brasil, incremento de 11,2% e 10,4% de participação, enquanto o Japão é o terceiro no ranking de vendas de componentes ao Brasil, com US$ 1,03 bilhão, aumento de 26,9% e 9,0% de participação.

A Alemanha ocupa o quarto lugar no ranking, com 8,9% de participação e US$ 1,01 bilhão em componentes enviados ao Brasil, aumento de 8,9% sobre o primeiro semestre de 2024.

O México teve 7,4% de participação nas compras feitas pelo Brasil, com US$ 851,4 milhões, incremento de 17,3% sobre os seis meses do ano passado.

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