Na década de 2010, o Brasil assistiu a uma das maiores transformações em sua infraestrutura de transporte aéreo. A modernização dos principais aeroportos do país marcou uma virada histórica, não apenas em termos de capacidade e qualidade de atendimento, mas também no modelo de gestão — com a entrada definitiva da iniciativa privada por meio das concessões. O levantamento foi publicado na edição nº 470 da Transporte Moderno, em junho de 2015.
O Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, é talvez o símbolo mais marcante dessa transformação. Em 2014, com a inauguração do Terminal 3, o maior aeroporto da América Latina praticamente dobrou sua área construída. A nova estrutura agregou 12 milhões de passageiros à sua capacidade anual, levou o aeroporto da 43ª à 30ª posição no ranking mundial de movimentação de passageiros e trouxe tecnologias até então inéditas, como o sistema automatizado de controle de passaportes por reconhecimento facial.
Mas a transformação não parou por aí. Ainda em 2015, Guarulhos iniciou o retrofit dos Terminais 1 e 2, reformulando banheiros, áreas comerciais e operacionais. Em paralelo, foram instaladas novas pontes de embarque, ampliados os pátios de aeronaves e introduzidas soluções modernas de rastreamento de bagagens e controle de acesso.
No Rio de Janeiro, o RIOgaleão passou por um choque de gestão e infraestrutura. O grupo formado por Odebrecht Transport e Changi Airports International assumiu o comando com um plano ambicioso de investimentos da ordem de R$ 5 bilhões. Até os Jogos Olímpicos de 2016, cerca de R$ 2 bilhões foram aplicados na expansão de terminais, construção de píer com 26 novas pontes de embarque e reestruturação do setor de cargas. O aeroporto também foi pioneiro no uso do transelevador, um sistema automatizado para armazenagem e movimentação de cargas em paletes.
Em Belo Horizonte, o Aeroporto de Confins começou a reverter décadas de estagnação. Após a concessão para o consórcio liderado pela CCR e Zurich Airport, Minas Gerais passou a vislumbrar um novo papel estratégico na logística internacional. Estimativas da época apontavam que o estado perdia US$ 3 bilhões anuais em cargas escoadas por São Paulo e Rio. O novo projeto buscava reter essa riqueza, ampliando armazéns, atraindo operadores logísticos e criando um centro de distribuição de alto padrão.
Viracopos, em Campinas, também surfou a onda de modernização. Com R$ 9,5 bilhões previstos em investimentos ao longo de 30 anos, o aeroporto foi reposicionado como um hub logístico e de passageiros. Em sua primeira fase, o novo terminal de passageiros entrou em operação, acompanhado de edifício-garagem, nova via de acesso e expansão da capacidade. Concebido no conceito de “aeroporto-cidade”, o plano de longo prazo incluía hotéis, centro de convenções e um moderno centro de cargas.
Essa fase de ouro da aviação brasileira mostrou como a modernização dos aeroportos foi mais do que uma exigência logística: tornou-se um motor para a economia e para a integração do país com o mundo. Ao olhar para trás, é impossível não lembrar que tudo isso começou com um ato de coragem — abrir os portões da infraestrutura nacional para novos modelos de gestão.
Clique aqui para ler a reportagem completa na edição nº 470 da Transporte Moderno, disponível no acervo digital da OTM Editora.
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