Em meio às campanhas de conscientização do Maio Amarelo, um levantamento inédito da nstech — desenvolvedora de software para supply chain na América Latina — mostra que os acidentes envolvendo veículos de transporte de carga continuam em alta no Brasil. Segundo o estudo, foram registrados 1.437 sinistros com caminhões em 2024, com destaque para a região Sudeste, que concentrou 53% das ocorrências.
O estado de São Paulo lidera o ranking com 388 registros, seguido por Minas Gerais (208), Rio de Janeiro (142) e Paraná (137). Todos apresentaram alta em relação ao ano anterior, com crescimento expressivo de 84% no Rio e 41% em São Paulo. O aumento no número de acidentes preocupa empresas e especialistas, pois compromete a segurança nas rodovias e gera impactos operacionais e econômicos relevantes.
“O crescimento dos acidentes reflete um cenário desafiador. A prevenção precisa ser encarada como parte da estratégia das empresas e não apenas como um custo”, afirma Thiago Azevedo, diretor executivo do Onisys, unidade de prevenção de acidentes da nstech.
As colisões representaram o tipo mais comum de ocorrência, com 490 registros — alta de 50,3% frente a 2023. Já os casos de saída de pista cresceram 58,1%, totalizando 117 eventos. O levantamento considera dados operacionais das principais gerenciadoras de risco do país (BRK, Buonny e Opentech) e informações oficiais da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
O estudo aponta que veículos que transportam cargas fracionadas e alimentos foram os mais sinistrados, respondendo por 631 dos casos — cinco vezes mais do que outras categorias de carga. Os trechos urbanos concentram a maior parte dos acidentes, especialmente em operações com alimentos. Entre as rodovias com maior incidência estão a BR-116, com 208 acidentes, e a BR-101, com 106.
As manhãs continuam sendo o período com mais ocorrências, com destaque para 189 colisões e 178 tombamentos registrados nesse turno. As quintas-feiras lideram entre os dias da semana, enquanto os domingos, embora menos críticos, ainda registraram 129 acidentes.
Infraestrutura e comportamento
O aumento da sinistralidade logística ocorre em um contexto de infraestrutura rodoviária deficiente. A Confederação Nacional do Transporte (CNT) identificou 2.446 pontos críticos nas estradas brasileiras em 2024, incluindo buracos, erosões, quedas de barreira e pontes danificadas.
No entanto, segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, 90% dos acidentes decorrem de falhas humanas. A análise da nstech reforça esse dado: excesso de velocidade, uso de celular ao volante, fadiga e ausência do cinto de segurança estão entre os comportamentos mais recorrentes entre os motoristas.
A jornada excessiva de trabalho é outro fator crítico. “O cansaço extremo compromete os reflexos e aumenta o risco de acidentes. Por isso, além da tecnologia, é essencial investir em capacitação e boas condições de trabalho para os motoristas”, alerta Azevedo.
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